Dados de uma plataforma de e-commerce (vendas pela Internet), que trabalha com cerca de 100 empresas da Serra, mais especificamente de Gramado e Canela, revelam que os turistas que visitaram a região em 2022 gastaram mais do que os visitantes de 2021. Enquanto o gasto médio por compra do ano passado foi de R$ 411, no anterior ficou em R$ 331.
O levantamento é da Planne, uma empresa de tecnologia que nasceu em Gramado, fundada pelos gramadenses Gregório Nardini e Jonathan Szablevski. Eles atuam com foco na venda on-line e antecipada de reservas e ingressos para os segmentos de turismo, entretenimento e gastronomia.
“O consumidor final está indo em menos atrações, mas gastando mais nesses locais”, afirma Gregório. Uma das hipóteses é devido ao aumento do valor dos produtos, que faz com que o cliente precise escolher entre uma opção ou outra. A amostragem leva em conta cerca de 250 mil pessoas que consumiram experiências na região, indo a, por exemplo, parques, restaurantes e restaurantes temáticos.
Em 2022, a maior parte dos clientes que compraram ingressos antecipados nos atrativos atendidos pela Planne foi do Rio Grande do Sul, representando um volume de 25% das transações. “Porto Alegre é a cidade que mais consome nossos clientes da Serra gaúcha”, conta Gregório. Em segundo lugar está São Paulo, com 18%, e, em terceiro Santa Catarina, com 9,64%.
“Mas o curioso é que Santa Catarina teve uma redução de 19,4% no número de compras, comparando 2021 com 2022”, atesta o CEO. A queda também foi percebida nas outras regiões do Brasil, com uma diminuição na casa dos 20% de turistas do Nordeste, Centro-Oeste e Norte, que pode ter sido alavancada pelo preço das passagens aéreas.
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Tícket médio
Dos clientes atendidos no ano passado com maior número de compras, moradores de Porto Alegre têm um gasto médio de R$ 433, que é maior de todo o público. Logo depois estão os do Rio de Janeiro, com R$ 398, seguidos de São Paulo, com R$ 351. Em quarto lugar estão os residentes de Caxias do Sul, que gastam em média R$ 374 por compra na região. “Porém cidades do Norte e Centro-Oeste, que possuem menos visitantes, têm tícket médio mais alto, no entanto, é uma amostragem menor”, esclarece Gregório, contando que isso se deve também ao fato de que esses turistas passam mais tempo na região e acabam se preparando mais para a viagem.
Gastronomia
Os restaurantes temáticos caíram no gosto dos turistas da Serra. Isso é confirmado pelo dado que houve um crescimento de 126% na compra de ingressos para esse tipo de estabelecimento, que une a gastronomia com o entretenimento. Por exemplo, cada compra para uma dessas opções temáticas gira em torno de R$ 605, já um restaurante que não oferece esse atrativo a média é de R$ 299. Citando parques, o tícket médio é de R$ 260 por compra.
“Tivemos uma expansão nas operações de restaurantes temáticos, que estão, cada vez mais, tendo aderência na compra dos turistas. Dentro da nossa base, é o que representa a maior parte do volume financeiro”, exemplifica Gregório.
De todo o valor transacionado pela empresa em 2022 na região, 30% foi via Pix.
Melhor movimentação
Pelos dados apresentados pelo e-commerce, julho é o melhor mês de vendas na Serra. Uma das constatações da empresa é que dezembro acaba não sendo um mês tão bom para os atrativos, pois eles acabam “competindo” com as atrações do Natal Luz, que consomem o tícket médio do turista. No último mês de 2022, a expectativa de venda ficou 30% abaixo do esperado.
“Cada estabelecimento tem um padrão próprio, mas houve uma diminuição no tempo da compra antecipada, que é maior em junho, julho e agosto do que nos meses finas do ano. As viagens do meio do ano são planejadas com mais antecedência”, afirma o CEO.
"Não sabemos como as operações vão se comportar"
Para este ano, Gregório afirma que o mercado ainda é uma incerteza. “Esperamos um crescimento, mas não sabemos como as operações vão se comportar, se o tícket médio vai continuar crescendo. Ainda não temos clareza sobre como vai ser a distribuição ao longo do ano. Em 2022, todo mundo tinha expectativa de dezembro ser muito bom e setembro ser um mês ruim e foi o contrário”, argumenta.
Como tem uma base de clientes de 50% que não é da Serra, o CEO projeta triplicar o volume da empresa em nível nacional. “Queremos aumentar a base de clientes em outros mercados, e na Serra estimular a compra antecipada. Para o negócio é bom porque previsibilidade é um fator importante”, descreve.
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