Prestes a retomar as viagens até as três estações de Porto Alegre que seguem fechadas, a Trensurb segue com o desafio de recuperar o número de passageiros que vem em queda desde a pandemia de Covid-19. O modal de transporte que liga seis cidades da região metropolitana precisará passar por modificações profundas para garantir um funcionamento seguro nos próximos anos.
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Até o dia 2 de maio deste ano, a movimentação diária era de aproximadamente 110 mil usuários. Após a retomada parcial das operações, a queda de passageiros foi gritante, passando para uma média de 55 mil diários. A previsão da estatal é que no dia 24 de dezembro a operação seja retomada nas estações São Pedro, Rodoviária e Mercado, todas em Porto Alegre.
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Para recuperar a estrutura de atendimento, o governo federal abriu uma linha exclusiva de R$ 164 milhões. A principal mudança será nas subestações de energia que alimentam as composições e as estações, pois pelo menos duas delas precisam ser elevadas para evitar novos alagamentos em novos episódios de chuva.
Quem circula pela região central da capital dificilmente conseguirá ver o avanço das obras nas estações. De acordo com o presidente da Trensurb, Nazur Telles Garcia, a mais avançada é a Estação São Pedro, que está com 90% das obras concluídas. Outra com obras avançadas é a Mercado, com conclusão de mais de 50%. “Mercado está pleno, já tem boa parte pintada, a estação já está bem recuperada”, afirma o dirigente.
Já a Estação Rodoviária tem um cenário bem distinto, com menos de 40% das obras concluídas até o momento. As duas últimas estações foram as mais danificadas na estrutura de atendimento aos usuários e para os funcionários. “A sala de controle, onde ficam os equipamentos de rádio, as bilheterias, isso está sendo reconstruído, pois ali foi tudo perdido, ficou submerso”, relata Garcia.
Quem circula pelo centro da cidade e, com algum esforço, observa a parte interna da Estação Rodoviária consegue ver claramente os estragos causados pelas enchentes. As marcas nas paredes e catracas são visíveis e o ritmo de obras ainda era bastante lento na semana passada. Mesmo assim, a empresa garante que a operação retornará neste ano.
As subestações
Segundo a diretoria da Trensurb, os problemas nas estações de atendimento à população não são o principal motivo para a operação não ter sido completamente retomada até agora. O problema central na verdade foram as subestações de energia que ficaram submersas durante as enchentes de maio.
É destas subestações que é distribuída energia elétrica para alimentar os trens ao longo da ferrovia de superfície. Durante as enchente, duas delas, sendo Fátima, em Canoas, e Farrapos, em Porto Alegre, foram totalmente perdidas durante as enchentes, pois alagou o local onde estavam.
Além destas, a Estação São Luís, em Canoas, também foi danificada durante a crise das cheias, mas em razão de um incêndio durante as cheias. O sinistro danificou o retificador da subestação.
Esses incidentes trouxeram à tona uma das grandes dificuldades da Trensurb, que é a idade e a dificuldade em relação aos equipamentos. Como muitos são antigos, a perspectiva inicial é de uma demora maior para compra dos mesmos.
“Compramos os equipamentos da CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos], eles tinham alguns disjuntores, alguns seccionadores em estoque e não usavam mais. Nós compramos esses equipamentos, e são esses equipamentos que serviram para recuperar primeiro uma parte da Estação São Luís e foram colocados aqui em Farrapos”, relata Garcia.
Para sair da emergência
A retomada integral da operação em dezembro não significa o fim das obras. O contrato assinado no início de novembro com a empresa ALS Construtora prevê a continuidade dos trabalhos até 2026. O acordo, de R$ 3 milhões, prevê a reconstrução das duas estações em uma estrutura acima da cota de inundação que foi determinante para a suspensão do serviço neste ano.
“Não há tempo hábil de subir tudo um metro e meio, dois metros praticamente [até dezembro]. Então, eles vão recuperar a subestação Fátima, que também ficou totalmente perdida. Botou em funcionamento a Fátima, então o trem já vai estar andando e nós vamos desligar a subestação Farrapos, levantá-la e religá-la. Mas nisso, a Fátima já vai entrar com tudo funcionando a pleno”, explica o processo Garcia.
Com as subestações elevadas, o fornecimento de energia elétrica para alimentar os trens ficará seguro mesmo com uma nova enchente. Contudo, isto não garante que as três estações de Porto Alegre não fiquem submersas novamente.
Para tentar evitar um novo alagamento das estações, a Trensurb fechou na última segunda-feira (18) um termo de cooperação técnica com a Prefeitura de Porto Alegre, que visa, entre outros temas, a questão que envolve a casa de bombas da bacia rodoferroviária. O termo ainda está sendo elaborado e depois das assinaturas serão designados técnicos dos órgãos municipais e da Trensurb para dar encaminhamento a resoluções dos problemas apresentados durante o encontro na segunda.
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