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SEGURANÇA

TRÂNSITO: RS-239 teve 13 mortes desde janeiro; 30% a mais do que no ano passado

Colisões e atropelamentos são os principais tipos de acidentes fatais na rodovia

Susete Mello
Publicado em: 02/09/2024 às 08h:17
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Em oito meses deste ano, 13 pessoas morreram em acidentes na RS-239, 30% a mais do que todo o ano passado, quando 10 perderam a vida no trecho entre Novo Hamburgo e Riozinho. Dos acidentes fatais em 2024, seis ocorreram no trecho de Novo Hamburgo, entre os quilômetros 14 e 18, quatro em Sapiranga, do 26 ao 31, 1 em Araricá (km 36), outro em Parobé (km 46) e mais 1 em Taquara (km 54).

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TRÂNSITO: RS-239 teve 13 mortes desde janeiro; 30% a mais do que no ano passado

Foto: Susi Mello/GES-Especial

Segundo dados do sistema do gerenciamento operacional do Comando Rodoviário da Brigada Militar, divulgados pelo comandante da companhia de Sapiranga, capitão Rodrigo Frazzon da Silveira, de janeiro a 27 de agosto deste ano, seis pessoas morreram em colisões, três por choque (colisão com veículo parado ou obstáculo estático) e quatro por atropelamento.

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Histórias reais

Por trás dos números, há nomes das vítimas com histórias de vida. Uma delas é da técnica de enfermagem Bruna Mariana Gonçalves, de 23 anos. Ela morreu em uma colisão lateral no dia 23 de agosto em Araricá.

Bruna trafegava pela rodovia estadual, no sentido Parobé-Sapiranga, quando, no quilômetro 36, a motocicleta que ela pilotava se chocou em um Nissan Versa. Apesar de ter sido socorrida, Bruna não resistiu.

Na tarde de sábado (31), família e amigos participaram da missa de 7º dia, em Campo Bom. O pai de Bruna, o técnico em informática, Cezar Moizes Gonçalves, 43 anos, lamenta que sua filha, assim como outros que morreram na rodovia, acabam virando números.

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Com a voz embargada pelo choro, Gonçalves lembra que a filha mandava vídeos dançando com os idosos na casa geriátrica onde trabalhava. “Ela estava só sorrisos, era uma menina meiga, com planos, batalhadora, que estava buscando algo para a vida dela. É uma pena ver uma vida interrompida por tanta coisa que sei que queria e poderia fazer. Muitas coisas que a gente sonhava, ela teria garra para fazer”, relembra.

Bruna trabalhava em Araricá e morava com a mãe, padrasto e irmã em Sapiranga. Para o pai da jovem, o poder público deveria agir. “São tantos casos, tantos números. É impossível que esses números não tenham chegado ao governador. A RS-239 é responsabilidade estadual. Estamos perdendo vidas, não somente por irresponsabilidade dos motoristas, mas porque a via é frágil e está propiciando isso. Olhem para a população que está carente de segurança de ir e vir”, pede.

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Gonçalves conta que, quando foi ao local do acidente, contou mais de 20 retornos no trajeto. “É um local de movimentação, de pessoas retornando, correndo na pista contrária, além de pedestres cruzando, há falta de sinalização, mato alto. O poder público precisa olhar porque a gente paga impostos para isso.”

Mobilização na espera por soluções

A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) informa que está conversando com a polícia e municípios, analisando alternativas e fazendo estudos. O comandante da companhia do CRBM Sapiranga relata que, a partir do patrulhamento em pontos da rodovia, os problemas são comunicados por ofício à EGR, mas ainda estão em processo de debates.

“A minha luta é reduzir esses números de acidentes nos retornos e nos acessos, mas não é fácil. Quem tem empresas na rodovia quer o acesso”, exemplifica Frazzon. Outra solicitação é a instalação de mais controladores de velocidade.

Preocupados com os acidentes na rodovia, prefeitos da Associação dos Municípios do Vale Germânico (Amvag) e o deputado Issur Koch tiveram em agosto uma audiência na Casa Civil sobre o assunto. As lideranças pedem reforço na sinalização, implantação de passarelas, novos acessos e redutores de velocidade nas entradas das cidades.

“Esta situação da rodovia é uma preocupação recorrente da Amvag que já realizou muitas reuniões com o Estado para tratar de soluções. Saímos com a promessa de que haveria intervenções na rodovia, algumas mais imediatas e de forma paliativa já que, segundo eles, as mudanças definitivas só poderão ocorrer após a concessão do trecho, o que também discutimos”, diz Flávio Foss, presidente da Amvag e prefeito de Araricá.

Ele completa informando que a entidade se colocou à disposição para avançar no processo de concessão. “Não podemos arriscar mais vidas nesta rodovia que mata muito pela imprudência, mas que tem sérios problemas estruturais”, acrescenta.

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Acidentes na RS-239

Foto: GES

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