Bombachas, vestidos, botas, boinas e chapéus. Esporas e mangos, gaitas, música, chimarrão e churrasco. Todos esses elementos se viam aos montes na tarde deste domingo (15) no Acampamento Farroupilha de Sapiranga. Com 87 piquetes, reunindo quatro CTGs e inúmeras famílias ao longo do Parque do Imigrante, o evento é o maior do interior gaúcho e só não é maior que o acampamento de Porto Alegre.
Por tudo isso, o tradicionalismo é visto por todos os lados. Dos idosos que já conhecem a tradição até de trás para frente, aos pequenos que ainda não sabem andar, mas já começam a aprender o que é o amor pelo Rio Grande do Sul. Em uma festa tão grande, que conta ainda com praça de alimentação, parque de diversões, brinquedos infláveis e shows musicais, cada piquete faz também sua própria festa particular.
Aliás, particular é modo de dizer. Afinal, quem quiser é convidado a se reunir e compartilhar causos, histórias e expandir a tradição. É o caso dos amigos do piquete Os Bagaceiros, o qual Cassiano Dias, de 29 anos, faz questão de esclarecer: “bagaceiros são aqueles que lidam tirando o bagaço da cana”, afirma. “O nome é meio estranho, mas é um piquete de família e amigos”, acrescenta Andrei Bismarque, 28.
Depois do churrasco, o grupo resolveu testar as habilidades numa cancha de bocha improvisada. “Estamos bem conhecidos na região, e aproveitando para dar uma surra nos nossos parceiros”, provocou Gabriel De Col, 25, que fazia dupla com Andrei. “Na partida anterior, nós ganhamos de 12 a 0, não dá pra só ganhar”, retrucou Jair Ribeiro, 52, dupla de Cassiano.
Além do esporte, “os bagaceiros” também aproveitaram para inserir um familiar que veio de longe para a cultura gaúcha. Silvano Rodrigues Filho, 50, mora em São José do Rio Preto, e é tio de Andrei. De férias pelo Rio Grande do Sul, esta é a primeira vez que ele vivencia uma Semana Farroupilha. “É tudo muito bonito e totalmente diferente da cultura de São Paulo, lá nós não temos nada parecido com isso”. E para deixá-lo ainda mais no clima (e dar uma pitadinha de rivalidade), a família fez questão de vesti-lo com um casaco do Internacional.
Há oito anos, o piquete ocupa o mesmo local no Acampamento Farroupilha. São 10 casais que pagam mensalidade e mantém viva a cultura no local. “Por estarmos há tanto tempo, nós já somos uma vizinhança, porque é sempre nos mesmos lugares. Então já conhecemos os vizinhos e vamos aumentando essa amizade, e de vez em quando desafiando para uma bocha valendo até umas cervejas ou um churrasco”, finaliza Andrei.