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Bicentenário

Teólogo Martin Dreher abre as celebrações dos 200 Anos da Presença Luterana no Brasil, em Dois Irmãos

Referência na área, Dreher falou sobre o legado dos imigrantes alemães e a trajetória da IECLB no país

Dário Gonçalves
Publicado em: 02/07/2024 às 21h:51 Última atualização: 03/07/2024 às 14h:41
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Com uma palestra do teólogo, historiador, tradutor e professor Martin Dreher, a Comunidade Evangélica – IECLB de Dois Irmãos deu início na noite desta terça-feira (2) às comemorações dos 200 anos da Presença Luterana no Brasil. Até sábado (6), outras atividades serão realizadas no Centro Evangélico (Avenida São Miguel, 1136) para contar e celebrar este bicentenário.

Teólogo Martin Dreher falou sobre os protestantes que chegaram ao Brasil | abc+



Teólogo Martin Dreher falou sobre os protestantes que chegaram ao Brasil

Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

Pastor luterano, Dreher é descendente de imigrantes alemães e destacou o papel fundamental destes povos na formação da sociedade brasileira após a independência em 1822. Segundo Dreher, o Brasil precisava de soldados e, “do jeitinho brasileiro”, trouxe estes homens em meio às famílias de agricultores e artesãos.

“Esses imigrantes vieram ao Rio Grande do Sul em 1824 e criaram aqui um novo tipo de sociedade. Começaram a produzir para a mesa da família, e colocaram no mercado o excedente. Então, produtos básicos da agricultura familiar começaram a ser produzidos no Brasil. Portugal proibia a produção no país, exceto cana de açúcar, café e algodão”, contou.

Como boa parte desses imigrantes eram artesãos, explicou o teólogo, o Brasil teve pela primeira vez profissionais como tecelões, marceneiros, carpinteiros, ferreiros e sapateiros, mudando completamente o rosto do Brasil e dando início à industrialização do Rio Grande do Sul.



Impacto religioso e educacional

Outro aspecto abordado por Dreher foi o impacto religioso da imigração alemã, uma vez que a maioria dos imigrantes (60%) era protestante em uma sociedade predominantemente católica. Isso fez com que, por 40 anos, tivessem que lutar por direitos humanos, como a legalização de seus matrimônios. “O Brasil não estava preparado para recebê-los já que a religião oficial era o catolicismo. Então as pessoas só se casavam na presença de um padre, certidão de nascimento precisava do batismo do padre. Não tinha cemitério para esses imigrantes, então eles tiveram que organizar suas vidas religiosas, onde não se podia ter templos nem uma série de coisas”, contou.

Por fim, o professor destacou o alto índice de alfabetização entre os imigrantes, em contraste com a elevada taxa de analfabetismo no Brasil da época. Essa educação básica obrigatória, uma herança da tradição luterana iniciada por Martinho Lutero no século XVI na Alemanha, foi fundamental para o desenvolvimento de regiões como a antiga colônia alemã de São Leopoldo, contribuindo para a organização comunitária, o avanço na agricultura familiar e o surgimento de instituições educacionais.



Confira a programação:

  • Quarta-feira (3), às 19h30 – Mesa Redonda com Juarez Stein (vice-prefeito, pesquisador e escritor da história local) e Carlos Alberto Klein (Herta).
  • Sábado (6), às 19h, na Igreja do Relógio – Recital com destaque para o órgão, instrumento construído na Alemanha em 1860, um dos mais antigos do RS e ainda está em funcionamento.
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