As condições meteorológicas que provocam tempestades no Rio Grande do Sul desde o último sábado (27), deixando um rastro de mortes, desaparecidos, estradas interditadas e muito prejuízo, vão piorar ainda mais neste meio de semana.
O alerta é da MetSul Meteorologia e vai ao encontro da análise da Defesa Civil divulgada na tarde desta terça-feira (30). No fim da tarde, o governador Eduardo Leite (PSDB) disse que o impacto pode ser pior que o das enchentes de setembro e novembro do ano passado.
“O cenário é muito complicado com a perspectiva de mais chuva se somando ao que já choveu, o que fará a situação no Estado crítica com prejuízos materiais consideráveis e elevado risco de perdas de mais vidas humanas”, adverte a MetSul.
Chuva de dois meses em quatro dias
Segundo a MetSul, os acumulados de chuva em 96 horas (até o fim da tarde desta terça) eram “extremos e mesmo extraordinários em alguns municípios, com acumulados em apenas quatro dias acima de 400 milímetros”.
Os pluviômetros do Cemaden indicavam 448mm em Segredo, 410mm em Lagoa Bonita do Sul, 371mm em Faxinal do Soturno, 329mm em Santa Maria, 318mm em Cachoeira do Sul e 313mm em Candelária.
Na Grande Porto Alegre os acumulados desde o fim de semana chegam a 246mm em Sapucaia do Sul, 236mm em Canoas, 229mm em Gravataí, 203mm em Viamão, 200mm em Novo Hamburgo e 183 mm em Eldorado do Sul. São volumes equivalentes a dois meses de chuva em apenas quatro dias.
O que já é grave vai piorar
“Estamos diante de um evento excepcional de chuva no Rio Grande do Sul, favorecido por uma situação climática fora do comum na América do Sul com uma massa de ar quente incomum para esta época do ano sobre os Estados do Centro do País. O cenário que enxergamos na MetSul deve evoluir para extremamente grave”, diz alerta emitido pelos meteorologistas da MetSul.
Segundo a empresa, que há 30 anos é responsável pela previsão do tempo nos jornais do Grupo Sinos, “várias cidades devem enfrentar situação de calamidade a desastre. Em locais em que já choveu 200mm a 400mm, os dados de modelos numéricos indicam mais 150mm a 300mm ou mais até sábado”.
Isso faria com que em só uma semana os acumulados em parte do Estado fiquem entre 500mm e 700mm. “Para se ter ideia do que estes números representam, em apenas uma semana parte do território gaúcho deve ter mais chuva do que costuma cair, em média, em todos os meses do outono somados”.
Por que vai chover ainda mais no Rio Grande do Sul?
A tendência é de agravamento do quadro com mais chuva intensa nesta segunda metade da semana porque o Estado estará entre forte massa de ar frio na Argentina e massa de ar excepcionalmente quente sobre o Brasil, o que reforçará a instabilidade com uma frente fria.
O ar quente provocará máximas incomuns no Sudeste do Brasil, com tardes até 10ºC mais quentes que o normal do mês. Já o ar frio trará frio intenso na Argentina com muita neve nos Andes.
O ar frio avança sobre o Estado e será mais sentido na sexta-feira (3), com amanhecer de mínimas baixas na Campanha e no Sul, e máximas menores à tarde.
O contraste térmico e o avanço da frente fria na quinta-feira (2) reforçam a instabilidade com chuva forte especialmente na Metade Norte, onde estão as nascentes dos rios que cortam os Vales e já saem do leito.
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“A chuva em várias regiões entre esta quarta (1º) e a quinta (2) torna a ser torrencial com altos volumes em curto intervalo, o que pode gerar inundações repentinas. Há risco ainda de temporais isolados de granizo e vendavais, principalmente do Centro para o Norte do Estado na quinta durante o avanço da frente fria”, informa a MetSul.