Um complexo cenário meteorológico, com duas áreas de baixa pressão, vai provocar muita chuva, vendaval e até queda de granizo no Rio Grande do Sul entre esta terça-feira (16) e quinta-feira (18). Há alerta para alagamentos, queda de galhos e árvores e deslizamento de terra. O governador Eduardo Leite (PSDB) divulgou vídeo dizendo que as prefeituras foram alertadas e que as forças de segurança “estão preparadas”.
Foto: Jefferson Bernardes/P. Piratini/Arquivo-GES
Segundo a MetSul Meteorologia, a condição de tempo severo começa pela Fronteira Oeste e Campanha e avança pelo Sul do Estado. Entre a noite desta terça e a madrugada desta quarta deve atingir a região Central e a faixa leste, incluindo Grande Porto Alegre e Vales dos Sinos, Caí e Paranhana. A quarta-feira será de muita chuva em quase todo o RS.
Segundo o meteorologista Luiz Fernando Nachtigall, da MetSul, “em certo grau, o cenário previsto para esta semana guarda semelhança com o de janeiro de 2010, também de El Niño, com chuva extrema no Centro gaúcho e o desastre da ponte em Agudo”. “Condições serão propícias a inundações repentinas, alagamentos, cheias de rios, transbordamento de córregos, deslizamentos de terra e queda de barreiras”, informa o especialista.
Relembre a tragédia da ponte de Agudo em 2010
Naquele ano, choveu muito durante dois dias em toda a região Central do Estado, incluindo o Vale do Rio Pardo e o Centro-Serra. Rios como o Jacuí subiram rapidamente. No município de Agudo, que fica no caminho entre Santa Cruz do Sul e Santa Maria,o Jacuí estava 11 metros acima do nível normal, o que despertou a curiosidade de moradores.
Na manhã de 5 de janeiro havia muita gente sobre a ponte da RS-287 quando um vão de aproximadamente 100 metros da estrutura, construída em 1963, foi levado pela correnteza. Doze pessoas sumiram na água. Cinco foram encontradas mortas nos dias seguintes, entre elas o então vice-prefeito de Agudo, Hilberto Boeck (MDB). Ele coordenava a Defesa Civil na cidade. A ponte foi reconstruída menos de dois anos depois.
Chuva de dois meses em dois dias
Segundo a MetSul, neste janeiro de 2024 muitos municípios gaúchos poderão registrar em apenas dois dias o volume de chuva esperado para dois meses. “Há meses, pelo El Niño, já se sabia que poderia haver um evento extremo em janeiro de 2024 e pode ser esse. Causa preocupação que a região mais densamente povoada do Estado, a Grande Porto Alegre, está na zona de mais alto risco”, analisa Luiz Fernando Nachtigall.
Ele informa que temporais localmente fortes podem atingir o RS nesta terça e durante a quarta. Nesta terça, o risco é maior no Sul, parte do Oeste, Centro e parte do Leste. Na quarta, o risco e é válido para todas as regiões.
“Pode cair granizo, entretanto vento é a maior ameaça com potencial para vendavais com danos por rajadas perto e acima de 100 km/h em alguns pontos, o que pode causar quedas de árvores, postes, destelhamentos e deixar grande número de gaúchos sem luz”, adianta.
“O pior da instabilidade deve se concentrar no Rio Grande do Sul na tarde e noite desta terça e ao longo da quarta. No começo da quinta, o Norte e o Nordeste do Estado ainda podem ter chuva forte e ocasionais temporais, mas o tempo melhora ao longo do dia com a presença do sol”, adianta o meteorologista.
(*) O repórter participou da cobertura da tragédia em Agudo em janeiro de 2010.
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