1,4%
Taxa de crescimento desacelera no primeiro trimestre deste ano em São Leopoldo
Boletim da Acist leopoldense aponta retração no crescimento do estoque de empregos
Última atualização: 26/03/2024 16:29
A queda de dois dígitos nas exportações de São Leopoldo influenciou a taxa de crescimento do estoque de emprego formal acumulado de janeiro a março de 2023. O índice desacelerou em relação ao início do ano passado: cresceu 1,4% em São Leopoldo na comparação com o mesmo período de 2022, quando havia crescido 2,8% em relação a 2021.
Os dados constam no 20º Boletim Socioeconômico Trimestral da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Tecnologia de São Leopoldo (Acist-SL), apresentado na última sexta-feira, no auditório da entidade. Nesta edição, teve como bloco temático o Desenvolvimento Econômico.
Análise
Segundo o economista Marcos Tadeu Caputi Lélis, coordenador do Grupo de Pesquisa Competitividade e Economia Internacional da Unisinos, responsável pela pesquisa e que apresentou os dados, o nível de atividade de São Leopoldo - calculado a partir da arrecadação municipal, geração de emprego formal, Efeito Brasil, e exportações -, cresceu 0,6% no primeiro trimestre, ante 5% no primeiro trimestre de 2021 e 4,4% no mesmo período de 2022.
"O que mais influenciou para estes números foi a questão da queda nas exportações, que vinham crescendo dois dígitos no início do ano passado e, neste ano, caíram dois dígitos", observa o economista.
Segundo Lélis, as exportações tiveram queda na ordem de 30% em São Leopoldo no primeiro trimestre. "O mundo está desacelerando", afirma, ressaltando que há uma acomodação e queda de empregos, especialmente na indústria, que estabilizou com saldo de 8 vagas no trimestre, entre admitidos e demitidos. A indústria tem a maior fatia (38,8%) do total de empregos formais no Município.
O diretor executivo do Sindimetal-RS, Valmir Pizzutti, afirma que a indústria metalmecânica está estabilizada e que não vê cenário diferente para o segundo semestre. "Já tem empresas concedendo férias e, em termos de crescimento, não há grandes perspectivas."
Desaceleração
"Todos estão revisando seus dados, mas infelizmente é para baixo. Houve desaceleração, há empresas, lojas fechando portas. A luz vermelha está acendendo", destacou o presidente da Acist, Felipe Feldmann.
A geração de empregos formais (saldo de admitidos menos desligados) no Município foi de abertura de 416 vagas no 1.º trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2022, São Leopoldo aumentou seu estoque de emprego em 722 vagas, finalizando o primeiro trimestre de 2023 com estoque de 53.699 postos.
Salários também estão em queda. O salário médio dos admitidos é 0,6% menor no 1º trimestre de 2023 (R$ 1.975) em relação a 2022 (R$ 1.988). Por outro lado, a média salarial dos desligados teve taxa de crescimento de 5,0%.
Construção civil "caminha de lado"
A construção civil foi responsável pelo fechamento de 62 vagas no 1º trimestre de 2023 frente o 1º trimestre de 2022.
Segundo o economista, a construção civil teve crescimento grande nos anos anteriores e sofreu queda em 2022 e desde então está tentando a retomada. "Acredito que não conseguirá em 2023 devido a elevada taxa de juros."
"Estamos andando de lado", afirmou o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Leopoldo e da Região dos Vales do Sinos, Caí e Encosta da Serra (Sinduscom Vales), Rodrigo Weissheimer.
"O juro alto é maléfico ao nosso setor, pois 90% das compras são feitas via financiamento bancário", observou o dirigente no evento da Acist. "A tendência é que o setor retome, mas, enquanto a taxa de juros for alta, vai ser difícil."
Remédio necessário para retomada é baixar juros
Para o diretor executivo da Sicredi Pioneira, Solon Stapassola Stahl, o problema para a retomada do desenvolvimento passa pela taxa de juros.
"A taxa Selic em 13,75% não estimula o investimento", afirmou na apresentação do Boletim Socioeconômico da Acist, em que foi um dos painelistas ao lado do secretário de Desenvolvimento Econômico, Turístico e Tecnológico de São Leopoldo (Sedettec), Juliano Maciel.
"O que estamos vivendo hoje é reflexo da pandemia. A nossa perspectiva é de que se a taxa Selic não começar a descer o primeiro degrau, não haverá a retomada da construção civil", destacou, afirmando que há seis meses que a carteira de crédito imobiliário da cooperativa só cai.
"O remédio necessário é a taxa de juros cair". Stahl ressalta no entanto, que o reflexo não se sentirá imediatamente. "O impacto vai começar a ser sentido em seis meses."
Qualificação e vagas na área de TI
O titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turístico e Tecnológico (Sedettec), Juliano Maciel, falou sobre a tensão mundial e destacou o esforço da Prefeitura para o desenvolvimento econômico, crédito para microempreendedores e capacitações em parceria com entidades. Citou o Programa 3 Mil Talentos TI, que capacita estudantes da área de Tecnologia da Informação, visando as vagas nesta área, que segundo o Boletim da Acist, foi a que mais gerou empregos no Município no 1º trimestre, resultando num saldo positivo de 284 novas vagas.
Também falou do projeto de revitalização da Rua Independência, investimento de R$ 50 milhões, que deverá qualificar o espaço para empreendedores do comércio e serviços. "Num primeiro momento, a obra vai gerar transtornos, mas depois trará resultados para estes setores."