Problemas estruturais, rede elétrica que não consegue atender a necessidade dos prédios e falta de recursos humanos. Os problemas enfrentados pela Escola Estadual de Ensino Médio Emílio Sander, do bairro Arroio da Manteiga, em São Leopoldo, não são novos, mas, agora, podem estar mais perto de uma solução.
A situação do educandário, que possui mais de mil alunos, já foi tema de matéria no Jornal VS em abril deste ano e, desta vez, motivou até uma audiência pública para debater as questões. O encontro, promovido pela deputada estadual Sofia Cavedon, presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado, ocorreu na noite de segunda-feira (6), na escola, e contou com as presenças do deputado estadual Leonel Radde, da titular da 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Ileane Bravo, entre outras autoridades e comunidade escolar, que pode apresentar duas demandas.
Resultado
O resultado do encontro foi comemorado pela escola. “Foi bem produtivo. Vimos que a nossa comunidade veio para exigir que o Estado nos apoie”, disse a diretora, Hildeburg Buhler, a Hilde. Conforme a deputada Sofia Cavedon, após a audiência, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) afirmou que vai chamar professores para recompor o quadro da instituição. Além disso, foi constituída uma comissão de obras para acompanhar as reformas programadas para iniciarem nas próximas semanas.
“Estamos exigindo apenas o básico”
Um dos problemas debatidos e que parece ter resolução em breve é o estrutural. Há pouco mais de um ano, um oitão do telhado de um dos prédios da escola caiu sobre a pracinha da instituição durante um vendaval e ainda não houve conserto. Com isso, a umidade vem atingindo as paredes do prédio e uma sala de aula, criando mofo e deixando odor para estudantes e professores. Outra grande questão destacada é a da rede elétrica, que não supre a necessidade de todos os prédios.
O ar-condicionado não pode ser ligado na sala da direção, pois a energia cai nas salas próximas. Apenas um bebedouro gela água para os alunos em toda escola e o alto barulho dos ventiladores nas salas de aula prejudica a aprendizagem.
“Isso não é qualidade de ensino. Imagina quatro ventiladores desses dentro da sala de aula, como um professor tem condições de dar aula com esse barulho?”, argumentou Hilde. “Não estamos exigindo coisas luxuosas, estamos exigindo apenas o básico para que se tenha uma qualidade de ensino, para que o aluno tenha condições de vir para a escola”, completou a diretora, ressaltando que todos as situações já motivaram diversos pedidos de auxílio à CRE e Seduc.
Turmas de 3º ano estão sem professor
Outro problema levado pelos pais à audiência foi a falta de professor para o 3º ano do Ensino Fundamental.
Há uma semana, as duas turmas de 3º ano da instituição estão sem aulas, porque a professora pediu para deixar a escola. “Os pais receberam uma mensagem dizendo que ela não fazia mais parte do quadro de funcionários e não deram nenhuma explicação pra gente. Só disseram que as crianças estavam temporariamente sem aulas até que outra professora fosse enviada pela CRE”, contou a autônoma Djeime Lisiane Konrath, 38 anos, mãe de Otávio, 9, estudante de uma das turmas afetadas.
Ela comenta que procurou a Coordenadoria, mas que não teve retorno. “Estamos desesperados. Faltando menos de dois meses pras aulas acabarem, as crianças estão em anos iniciais, e infelizmente não tem professor”, lamenta, destacando que o ensino dos pequenos fica prejudicado. “O problema não é eles serem aprovados ou não. É deles ficarem sem estudo, sem conhecimento, sem aprendizagem”.
Mãe de Sofia, 8 anos, Patrícia Vanessa da Rosa, 37, tem a mesma preocupação. “E o ensinamento? A minha filha sabe ler, mas tem pais que falam que os filhos não sabem ler ainda. Como vão para o 4º ano assim?”, questionou. Além disso, alguns responsáveis precisaram mudar a rotina para não deixar as crianças sozinhas em casa. “Eu e meu marido somos autônomos e trabalhamos em outras cidades. Ela estuda de manhã e fica com uma tia de tarde, que não pode ficar com ela de manhã também. Estou ficando em casa com ela pela manhã e não posso ir trabalhar”, citou Patrícia.
Seduc confirma reforma e mais professores
Procurada, a Seduc informou que a reforma da escola, contemplando recuperação do oitão, forro, sanitário, piso e da parte elétrica, está em fase de assinaturas. “Posteriormente, será encaminhado para ordem de início dos serviços. O valor da obra é de cerca de R$ 129 mil”, ressaltou, em nota, o órgão.
Sobre a falta de professores, a Seduc destacou que já foram aprovadas duas novas contratações emergenciais para a Escola Emílio Sander: uma de 40h, para as séries iniciais do Ensino Fundamental, e uma de 33h, para História do Ensino Médio. “A previsão é de que os professores já estejam em sala de aula em até 10 dias”, estimou.
Ainda, a Seduc reiterou que após aprovação da Assembleia Legislativa e sanção do governador Eduardo Leite, estão disponíveis as contratações de até 9 mil professores e servidores temporários para a rede estadual de ensino. Além disso, para aumentar o efetivo de professores, um concurso com 3 mil vagas será aberto no primeiro semestre de 2024. “Para 2025, está projetado um novo certame com mais 3 mil vagas. Eles vão se somar ao processo seletivo com 1,5 mil vagas que já está em andamento, com homologação prevista para o final de 2023”.
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