Uma escritora da região está na lista dos indicados ao Troféu Açorianos de Literatura 2023 da prefeitura de Porto Alegre. Simone Saueressig, natural de Campo Bom e moradora de Novo Hamburgo, foi indicada pelo livro O Jovem Arsène Lupin e a Dança Macabra.
“Este é um prêmio tradicional da literatura gaúcha e eu gostaria de poder somá-lo ao prêmio da Biblioteca Nacional, o Glória Pondé, que o livro recebeu no ano passado”, comenta a escritora.
Na categoria de literatura juvenil, Simone concorre com outros três indicados: Fabiana Sasi (O fio da memória), Mario Augusto Pool (O vizinho alemão) e Philippe Alencar (Lua Rubra).
O livro de Simone Saueressig se passa na juventude de Arsène Lupin. O personagem francês, que protagoniza uma série de livros de Maurice Leblanc, é um ladrão genial, que elabora golpes complicados para iludir os policiais. A obra de Leblanc entrou em domínio público recentemente, motivando diferentes releituras modernizadas.
No ano passado, outro livro da autora, O último continente, recebeu prêmios da Associação Gaúcha de Escritores (Ages), em Narrativa Juvenil e o Livro do Ano 2022. Os vencedores do Açorianos serão anunciados na terça-feira (28).
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O livro
A escritora espera deixar alguns leitores na ponta da poltrona, enquanto devoram o livro e um pedaço da unha do polegar (tem gente que, quando fica nervosa, esquece que a unha é sua, não é?). “O jovem Arsène Lupin e a Dança Macabra” traz aos leitores Arsène Lupin, personagem criado por Maurice Leblanc no início do Século XX. Os leitores e fãs do personagem sabem que existe uma espécie de hiato entre os seis e os dezenove anos dele que não foi explorado pelo autor. Então Simone resolveu enfocar um período entre os 12 e os 18 anos, mais ou menos. Nesse primeiro relato, Lupin, com o nome de Raoul
D’Andrèzy, ainda estudante, vai se envolver com uma série de acontecimento s bizarros e o sequestro de um desafeto da escola. Quem o sequestrou, onde estará preso e quem será o estranho personagem apelidado de “Quasímodo do Jardim dos Exploradores”, que aterrorizou duas mulheres em uma sombria passagem da capital francesa, são algum as das questões envolvidas. E, é claro, quem ler o livro descobrirá a tal da “dança macabra”.
Simone diz que também há um personagem de que gosto muito, e que faz um link com o Brasil: Jean Nuit. Ele tem um discurso importante e sua presença na história serve, sobretudo, para que o leitor brasileiro tenha uma dimensão do quanto a escravidão foi perversa e de como ela se estendeu muito além dos limites históricos de outras nações. “É uma aventura para se divertir, mas tem passagens que, eu espero, ajude o leitor a pensar e a ver de uma forma mais tridimensional fatos que geralmente são apresentados como data nuas nos livros, com um enfoque bem local, mas que deixa de fora comparações importantes com outras nações”, salienta.
Os finalistas
A Secretaria Municipal da Cultura e Economia Criativa (SMCEC) divulgou a relação dos indicados ao Troféu Açorianos de Literatura. Os vencedores serão anunciados no dia 28 de março, em cerimônia que ocorrerá no Teatro Renascença (avenida Erico Verissimo, 307), em horário a definir.
Infantil e Infantojuvenil
– Fabiana Sasi – O fio da memória
– Mario Augusto Pool – O vizinho alemão
– Philippe Alencar – Lua Rubra
– Simone Saueressig – O jovem Arsène Lupin e a dança macabra
Dramaturgia
– Diones Camargo – A mulher arrastada
– Julio Zanotta – Milkshakespeare
– Julio Zanotta – Volume 4: Ulisses no país das maravilhas – Luiza Felpuda – Que graça tem esfaquear o travesseiro?
Crônica
– José Falero – Mas em que mundo tu vive?
– Sergio Faraco – As noivas fantasmas e outros casos
– Susana Vernieri – Horizonte Monótono
Conto
Emir Rossoni – Erros, errantes e afins
Marina Monteiro – Contos de vista pontos de queda
Tobias Carvalho – Visão noturna
Poesia
– Carlos Nejar – Inventação da infância
– Eliane Marques – O poço das Marianas
– Leonardo Antunes – Casa dos Poetas
Ensaio de Literatura e Humanidades
– Luís Augusto Fischer – Duas formações, uma história: das ideias fora do lugar ao perspectivismo ameríndio
– Ricardo Timm de Souza – Crítica da razão idolátrica: tentação de Thanatos, necroética e sobrevivência
– Rodrigo de Oliveira Lemos – Enquanto o mundo se desfaz: Ler A peste, de Albert Camus, em tempo de quarentena
Especial
– Andrei Cunha e Roberto Schmitt-Prym – Shiki, inventor do haicai moderno
– Flávio Ilha – João aos Pedaços: Biografia de João Gilberto Noll
– Gilberto Schwartsmann – Divina Rima: um diálogo com a Divina Comédia, de Dante Alighieri
Narrativa Longa
– Gustavo Melo Czekster – A nota amarela: seguida de “sobre a escrita – um ensaio à moda de Montaigne”
– Guto Leite – Devoção
– Taiasmin Ohnmacht – Vozes de retratos íntimos
Fonte: Prefeitura de Porto Alegre
Os finalistas
A Secretaria Municipal da Cultura e Economia Criativa (SMCEC) divulgou a relação dos indicados ao Troféu Açorianos de Literatura. Os vencedores serão anunciados no dia 28 de março, em cerimônia que ocorrerá no Teatro Renascença (avenida Erico Verissimo, 307), em horário a definir.
Infantil e Infantojuvenil
– Fabiana Sasi – O fio da memória
– Mario Augusto Pool – O vizinho alemão
– Philippe Alencar – Lua Rubra
– Simone Saueressig – O jovem Arsène Lupin e a dança macabra
Dramaturgia
– Diones Camargo – A mulher arrastada
– Julio Zanotta – Milkshakespeare
– Julio Zanotta – Volume 4: Ulisses no país das maravilhas – Luiza Felpuda – Que graça tem esfaquear o travesseiro?
Crônica
– José Falero – Mas em que mundo tu vive?
– Sergio Faraco – As noivas fantasmas e outros casos
– Susana Vernieri – Horizonte Monótono
Conto
Emir Rossoni – Erros, errantes e afins
Marina Monteiro – Contos de vista pontos de queda
Tobias Carvalho – Visão noturna
Poesia
– Carlos Nejar – Inventação da infância
– Eliane Marques – O poço das Marianas
– Leonardo Antunes – Casa dos Poetas
Ensaio de Literatura e Humanidades
– Luís Augusto Fischer – Duas formações, uma história: das ideias fora do lugar ao perspectivismo ameríndio
– Ricardo Timm de Souza – Crítica da razão idolátrica: tentação de Thanatos, necroética e sobrevivência
– Rodrigo de Oliveira Lemos – Enquanto o mundo se desfaz: Ler A peste, de Albert Camus, em tempo de quarentena
Especial
– Andrei Cunha e Roberto Schmitt-Prym – Shiki, inventor do haicai moderno
– Flávio Ilha – João aos Pedaços: Biografia de João Gilberto Noll
– Gilberto Schwartsmann – Divina Rima: um diálogo com a Divina Comédia, de Dante Alighieri
Narrativa Longa
– Gustavo Melo Czekster – A nota amarela: seguida de “sobre a escrita – um ensaio à moda de Montaigne”
– Guto Leite – Devoção
– Taiasmin Ohnmacht – Vozes de retratos íntimos
Fonte: Prefeitura de Porto Alegre
Entrevista
Quanto tempo levou para escrever o livro?
Simone – Até que foi bem rápido. O rascunho foi escrito em uns quatro meses, o que, para mim, é um tempo curto, levando em conta que não me dediquei exclusivamente ao original. Além do mais, o que me custou um bocado de tardes diante do PC foi a pesquisa. Como eu não conheço Paris, fui “visitar” a cidade através do Google Earth. Além disso, havia a questão da pesquisa histórica. As aventuras se passam no final do Século XIX, então tive que buscar muito material que fizesse referência a essa Paris que era muito diferente do que se vê hoje. Foi um trabalho e tanto, mas o bom é que a fotografia foi inventada em Paris, por exemplo, o que gerou uma série de imagens de época. Além do mais, eu adoro Arte. E que desculpa melhor para quem gosta de histórias e Arte do que ter de pesquisar para escrever um livro?
Qual foi a tua inspiração?
Simone- Na verdade a ideia o livro – e da série que deve acontecer a partir dele – veio de um convite de Artur Vecchi, da Avec Editora, que edita a obra. Ele me chamou um dia e conversamos a respeito da possibilidade de escrever uma história para o personagem francês, que caiu em Domínio Público em 2012. O Artur sabia que eu sou uma fã do personagem há anos e a proposta caiu como uma luva. Então, acho que dá para dizer que a inspiração foi a própria criação de Maurice Leblanc, o autor original de Arsène Lupin.
O livro “O jovem Arsène Lupin e a Dança Macabra” deve ser o primeiro de uma série com Lupin. Por quê?
Simone – Primeiro, porque o personagem é propício para esse tipo de narrativa. Vamos ver se eu consigo manter a energia desse primeiro e fazer um bom trabalho ao longo da série. E vamos ver se o público também reage de maneira positiva. Afinal, a gente escreve para ser lido. Isso é fundamental. Sem leitor, não há autor, não há história, não há livro.
O local em que escrever também é fonte de inspiração? Por quê?
Simone – Não, necessariamente. Tenho o meu cantinho para escrever, mas é mais por conta da praticidade, do que da inspiração. Aliás, ‘inspiração’ é uma coisa muito etérea e nem sempre funciona bem. Quantas vezes você já teve uma ideia que parecia sensacional, que funcionava muito bem na sua cabeça, mas na hora de transformá-la em algo acessível a todas as pessoas, perdeu muito do brilho e sentido? Às vezes uma boa “inspiração” precisa de anos de elaboração interna para poder chegar aos demais com toda a sua força. No caso de “O jovem Arsène Lupin e a Dança Macabra”, talvez se pudesse dizer que o “material” foi adquirido ao longo de anos de leitura e releitura dos meus livros prediletos, das minhas “cenas” preferidas, mas o contexto do livro, sua narrativa e tudo o mais surgiram depois de um bocado de planejamento e quebradeira de cabeça. Porém, é bom dizer que nem todos os meus livros nascem de um trabalho tão planejado e pesquisado quanto foi esse.
Fale de outros livros premiados.
Simone – Recentemente, meu livro “O último continente” recebeu dois importantes prêmios da Associação Gaúcha de Escritores, a AGES, o prêmio Narrativa Juvenil e o Livro do Ano 2022. Além disso, ganhou uma Menção Honrosa no concurso anual da Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror, a ABERST. Esse é um livro no qual coloco muita ênfase, porque ele aborda uma questão problemática de nossa civilização: o lixo plástico nos oceanos. Felizmente, apesar dele ser uma produção independente, o que significa ter desafios de produção e distribuição, já está sendo adotado em várias escolas, o que me dá a oportunidade de ir e conversar com os leitores sobre esse desafio gigantesco para as próximas gerações. Mas também tenho outros prêmios que ajudam a destacar o meu trabalho, como o prêmio Narrativa Longa, da AGES em 2011 para “aurum Domini – O ouro das Missões”, um romance de aventura com fundo histórico, e o Troféu Odisseia, que recebi da Odisseia de Literatura Fantástica, em 2018, pelo conjunto da obra.
Qual é o seu assunto preferido na hora de escrever?
Simone – Acho que me saio melhor em narrativas fantásticas, como coisas fora do comum, ou que enfoquem o comum de uma maneira meio fantástica, sobretudo utilizando aspectos do folclore e da cultura brasileira e gaúcha. Não gosto muito da palavra “mágica”, porque de maneira geral ela é muito desgastada. Tudo é “mágico”, hoje em dia. Mas as coisas que realmente são mágicas, muitas vezes passam desapercebidas, porque elas tem seu próprio tempo e seu próprio tamanho. Então, gosto de narrativas de Ficção Científica, Terror, Fantástico, Suspense, e sempre que possível alinhavo com o folclore que é riquíssimo em criaturas encantadas, assombrações e coisas estranhas.
Quantos livros escreveu?
Simone – Livros são 33, incluindo um de crônicas. Também tenho várias participações em coletâneas físicas e virtuais, além de inúmeros contos, crônicas e até alguma poesia, espalhados pela internet.
Por que crianças e jovens devem ler?
Simone – Essa é uma pergunta muito fácil e, ao mesmo tempo, difícil de responder. Sendo leitora desde muito pequena, eu diria simplesmente “porque é divertido”. Mas é muito mais do que isso. Ler abre a mente, desafia o leitor a pensar. Não entrega tudo pronto e sempre acrescenta algo: uma ideia, vocabulário, um argumento. E nos ensina a fantasiar. Leu um livro e não gostou do final? Invente o seu fim para a história. Leu um livro que achou muito difícil? “Traduza” ele para você mesmo. Achou um livro ruim? Faça melhor. O livro nos ensina que se a história que ele acabou de contar é imutável, porque não dá para mudar o que está escrito, o leitor não é. E cada vez que a gente reler uma história, vai descobrir algo novo, vai ler algo de maneira muito diversa do que da primeira vez, simplesmente porque se o livro não tem como mudar o texto, a gente, sim, tem como mudar a forma de ver as coisas. Faz parte de viver.ória, não há livro..
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