Fundado em 1974, o Estrela Benfica, clube do bairro Fátima, já completou 49 anos e em 2023 tem uma data ainda mais especial para comemorar: o centenário de Leandro Farias da Silva, ou simplesmente, Careca. Natural de General Câmara, há 59 anos vive em Canoas, onde ajudou a fundar a agremiação, passando o amor pelo futebol de geração em geração. “Sempre morei aqui no bairro. Não segurei o clube para mim, foi para os meus filhos, netos e bisnetos.”
Pai de três filhos, Careca tem oito netos e 11 bisnetos. “No domingo sempre nos reunimos em família aqui na sede do clube. O Benfica é de famílias, todo o bairro frequenta nosso campo”, diz orgulhoso. Para comemorar os 100 anos, no dia 12 de dezembro, será preciso duas festas, segundo o neto e atual presidente da equipe, Fabrício Santiago. “Vai ser uma no sábado, só para os familiares e no domingo uma churrascada para os amigos.”
Fabrício diz que assumiu a presidência por ter sido um pedido do avô. “O clube estava largado há alguns anos, por conta de más administrações, mas ele me pediu e não tive como negar.” Careca reforça. “Fui um renovador, levantei a estrutura mais de uma vez”, afirma o centenário, que mora ao lado do campo. “Vivi com o futebol a minha vida inteira. Jogava na brincadeira, mas sempre gostei.”
A trajetória no esporte começou após a aposentadoria. “Trabalhei por 35 anos como marinheiro, me aposentei e vim para o futebol. Quando não tinha nada aqui [olha para a sede] pegava alguns tijolos, gelo e vendia a cerveja na copa.”
Campo cheio, visita especial e histórias da bola
O Estrela Benfica tem o mesmo nome e símbolo, a águia, do Benfica de Portugal, mas se diferencia um pouco nas cores. O verde, que também está presente na bandeira portuguesa, se soma ao vermelho e branco. Careca foi treinador da equipe e reitera seguir acompanhando. “No campo e também na televisão.” Com dificuldades de locomoção, utiliza um andador, mas costuma se sentar na sombra e assistir as partidas pertinho do gramado.
Em uma das tantas histórias que viveu na bola, Careca se lembra da vez que entrou com dez jogadores em campo, ao invés de 11. “Fui avisado, mas falei que sabia o que estava fazendo, o treinador era eu”, se diverte. A estratégia foi utilizada para manter um atleta no banco de reservas. “Caso alguém ficasse cansado.”
Atualmente Careca se contenta em ver o campo cheio. “Em outros tempos eram apenas dois ou três assistindo, agora está lotado.” E recorda de uma visita especial, o capitão do tetra, Dunga. “Foi há uns três meses, ficou sabendo da minha história e veio pessoalmente. Disse que volta no meu aniversário.”
Amor pelo Grêmio e ídolos marcantes
Se o futebol está na vida de Careca, ele foi questionado: gremista ou colorado? Respondeu rapidamente. “Sou gremista desde criança, vi todos os títulos do Grêmio.” O que mais marcou foi a Libertadores de 1983, conquistada diante do Peñarol do Uruguai. “Aquela ali foi especial, principalmente por ter sido a primeira.”
O principal ídolo, no entanto, jogou no clube entre 1955 e 1961. “O maior deles foi o centroavante Juarez Teixeira. Era muito forte e marcava gols.” Conhecido como “Leão do Olímpico”, Juarez está entre os dez maiores artilheiros gremistas, com 202 gols. “Em um GreNal, o Grêmio estava perdendo, Juarez no banco e a torcida começou a gritar: larga o leão, larga o leão. Ele entrou e vencemos o jogo.” Do elenco atual, o ídolo é o zagueiro Pedro Geromel. “Ainda quero conhecer ele”, finaliza.
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