abc+

SAÚDE MENTAL

SETEMBRO AMARELO: Saiba como identificar quando alguém precisa de ajuda e como prevenir o suicídio

Rio Grande do Sul é o estado com maior índice do Brasil; taxa equivale a 14 mortes a cada 100 mil habitantes

Kassiane Michel
Publicado em: 28/09/2023 às 14h:47 Última atualização: 27/12/2023 às 10h:55
Publicidade

A taxa de suicídio tem diminuído no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), porém nas Américas os números vêm aumentando, incluindo o Brasil. Entre 2000 e 2019, a taxa global reduziu 36%. No mesmo período, aumentaram 17% nas Américas.

SETEMBRO AMARELO: Especialistas dão dicas de prevenção ao suicídio e como identificar quando alguém precisa de ajuda | abc+



SETEMBRO AMARELO: Especialistas dão dicas de prevenção ao suicídio e como identificar quando alguém precisa de ajuda

Foto: Pixabey

A situação fica ainda mais preocupante quando analisamos a situação do Rio Grande do Sul, que tem os maiores índices de mortalidade por suicídio do Brasil. Segundo dados preliminares de 2022, divulgados pela Secretaria da Saúde (SES) neste mês, foram registrados 1.560 óbitos, o que equivale a uma taxa de 14,4 por 100 mil habitantes, o mais alto número da série histórica.

“O suicídio é um evento complexo, envolve fatores individuais e envolve fatores sociais e culturais também”, explica Ives Cavalcante Passos, psiquiatra do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

O médico considera que um dos principais são os aspectos individuais, que incluem as doenças mentais. “90% das pessoas que morrem por suicídio têm uma doença psiquiátrica”. Além disso, ele elenca algumas características como problemas na socialização, pouco acesso a cuidados com a saúde mental e dificuldades financeiras.

Como prevenir o suicídio?

Para ele, a melhor forma de prevenção é procurar auxílio de um psiquiatra ou de um psicólogo. “O suicídio ele é muito prevenível e tratável. Basicamente, o que tem que fazer é focar bastante no tratamento da doença psiquiátrica de base.”

De acordo com Passos, as doenças mais associadas à ideação suicida são a bipolaridade, a esquizofrênica e a depressão. “Se você está vendo uma pessoa que está em sofrimento, que está passando por um momento difícil, complicado na vida, e está em sofrimento, vale a pena sugerir que essa pessoa procure um profissional de saúde mental”, orienta.

Um conselho parecido é dado pela porta-voz do Centro de Valorização da Vida (CVV) no RS, Liziane Eberle. “A gente precisa mostrar para o outro ser humano que a gente percebeu. Que a gente está ali para ajudar, que é um ajudando o outro.”

Eberle defende que a prevenção ao suicídio pode ser colocada em prática por todos no dia a dia. “Tem muitas pessoas com quem a gente convive todos os dias. Na escola, no trabalho ou na família. São pessoas que estão ali todo o tempo. A gente sabe, pela convivência, mais ou menos como a pessoa é.”

Como intervir sem invadir a privacidade do outro?

Ao perceber uma mudança de comportamento em alguém próximo, a porta-voz do CVV afirma que é preciso intervir. “Se a gente perceber que ela não está bem, a gente deve chegar nesta pessoa e dizer isso.”

SETEMBRO AMARELO: Especialistas dão dicas de prevenção ao suicídio e como identificar quando alguém precisa de ajuda | abc+



SETEMBRO AMARELO: Especialistas dão dicas de prevenção ao suicídio e como identificar quando alguém precisa de ajuda

Foto: Pixabey

A melhor forma, conforme Eberle, é chamar a pessoa para conversar e seguir os seguintes passos:

  • Se a pessoa aceitar conversar, leve-a até um local reservado, onde não serão interrompidos;
  • Deixe de lado o celular e volte sua atenção para o que a pessoa tem a dizer;
  • Ouça com atenção o que ela vai falar e deixe que ela fale no seu tempo;
  • Não julgue, não interrompa e não dê conselhos.

A representante do CVV diz que, caso seja percebida na conversa uma intenção suicida, é recomendado perguntar se a pessoa está pensando no assunto. “Porque a gente acha que falar para a pessoa vai dar ideia para ela se matar, mas não é verdade, essa é a pergunta que liberta a pessoa.”

Caso receba uma confirmação, o ouvinte deve ajudar a pessoa a procurar ajuda profissional. “A gente tem que dizer que vai precisar falar isso com um médico ou com um familiar.” É preciso, de acordo com ela, “iniciar todo um trabalho para que essa dor que está dentro dessa pessoa saia”.

Porém, não é recomendado insistir se a pessoa não quiser falar sobre seus sentimentos. “Pede que ela fale com alguém, que ela procure essa ajuda. Fica de olho, pergunta como ela está, se conseguiu falar com alguém. Também pode dizer para ela que pode ligar para o CVV.”

Em outras situações, o tema pode ser trazido pela própria pessoa, mesmo em tom de brincadeira. Eberle explica que às vezes as pessoas têm sentimentos ambíguos. “Ela tem vontade de acabar com a dor que ela sente, que é muito forte, que é desesperante, que ela não vê o que fazer com a dor dela. Mas, ao mesmo tempo, ela quer seguir vivendo, só que sem aquela dor.”

Índice de suicídio é mais alto entre homens?

No Rio Grande do Sul, 80% dos suicídios registrados são de pessoas do sexo masculino. Além disso, a taxa de mortalidade é mais alta entre idosos.

Porém, os dados preliminares de 2022 indicam um aumento no registro de suicídio em adolescentes de 15 a 19 anos, a partir de 2018. Ainda, houve aumento na taxa de idosos de 70 a 79 anos e de 80 anos e mais, a partir de 2019.

Onde procurar ajuda?

O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas por dia.

O CVV tem cerca de 3 mil voluntários e atende aproximadamente 8 mil ligações por dia.

Telefone do CVV: 188

ACESSE O CHAT AQUI

Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade