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SEMINÁRIO DE MOBILIDADE: mais de R$ 700 milhões são necessários para concluir obras na BR-116

Evento que reuniu autoridades para discutir as rodovias da região metropolitana foi realizado pelo Grupo Sinos em São Leopoldo nesta sexta-feira

Publicado em: 24/03/2023 15:16
Última atualização: 19/04/2024 12:58

O valor necessário estimado para concluir as melhorias previstas para a BR-116, no trecho da região metropolitana, é de mais de pouco mais de R$ 240 milhões por ano nos próximos três anos. A estimativa foi apresentada pelo chefe da Unidade Local de São Leopoldo do Dnit no Rio Grande do Sul, Carlos Alberto Garcia Vieira, durante o 2º bloco Seminário de Mobilidade da Região Metropolitana.

O evento, uma realização do Grupo Sinos, ocorreu na manhã desta sexta-feira (24), na Unisinos, em São Leopoldo, e contou com diversas lideranças regionais, do governo estadual e federal.


Abertura do Seminário de Mobilidade da Região Metropolitana do RS Foto: Igor Müller/GES-Especial


"Não precisamos nem falar da importância do tamanho que essa rodovia tem, que hoje não é mais rodovia, mas se constitui numa grande avenida de ligação dos municípios", iniciou Vieira, ratificando a importância da BR-116 por onde hoje transitam 140 mil veículos diariamente.

Ele trouxe os dados estatísticos dos melhoramentos previstos para cada ponto e disse que, no resumo, as obras somam um investimento de quase R$ 900 milhões. Do montante, já foi alocado R$ 162 milhões, restando investir ainda R$ 739 milhões nos próximos três anos, o que resultaria em cerca de R$ 243 milhões anuais.

"É importante a gente conseguir fazer essa obra nesse prazo porque os custos envolvidos indiretos, com seguros, garantias, são muito grandes, e o prolongamento desse contrato faz com que ele se inviabilize em questões de custo”, afirmou.

"Estamos pensando nesse valor e, esse ano estamos muito próximos disso, para conseguir concluir as passarelas e resolver o problema da Scharlau", falou, sobre as melhorias que serão feitas este ano.


Dados econômicos da BR-116 Foto: Reprodução


Terceira faixa

No entendimento do Dnit, conforme Vieira, a terceira faixa é o principal caminho para melhorar a mobilidade da BR-116 na região. "A filosofia básica para melhorar a capacidade de fluxo dela é a implantação da terceira faixa, mas transformando ela numa rodovia de cinco faixas. Hoje, são duas faixas na pista central e mais duas na lateral, e queremos transformar ela em cinco faixas. A faixa central é uma de transição, e a gente acredita que, com isso, vai conseguir melhorar muito a velocidade do trânsito e a fluidez".

VEJA TAMBÉM: RS-010, rodovia que ligará Campo Bom à capital, tem traçado confirmado em Seminário de Mobilidade

Obras previstas especialmente em pontos críticos

Vieira apresentou as obras previstas para a BR-116 em cada município, de Porto Alegre a Novo Hamburgo, e enfatizou que os pontos mais críticos da rodovia e que demandam maiores investimentos hoje, ficam em Esteio e São Leopoldo.

No município de Esteio, o gestor destacou que a primeira das grandes obras é o viaduto de retorno, que será implantado onde hoje há a saída em frente a empresa Betanin e acesso a BR-448. "Ali será implantado um viaduto permitindo todos os retornos, melhorando bastante a entrada e a saída do Parque (de Exposições Assis Brasil)."

Além disso, ele citou a construção de viaduto novo no acesso a Esteio e do viaduto na rua lateral, sobre a Avenida Celina Kroeff. "Essas obras, em função da Expointer, estamos planejando começar logo que termine e concluir antes da próxima edição para evitar que tenhamos transtornos durante a exposição, que é a maior da América Latina", justificou, sem precisar quando as obras, de fato, iniciariam.


Projeção de como deve ficar a duplicação da ponte sobre o Rio dos Sinos, em São Leopoldo Foto: Reprodução


Obra no viaduto da Scharlau deve iniciar nos próximos dias

Em São Leopoldo, Vieria destacou a obra das pontes sobre o Rio dos Sinos e sua várzea, que estão em execução, e o serviço que deve começar nas próximas semanas no viaduto da Scharlau – que já tem bloqueio em uma via no sentido interior-capital desde o sábado, 18 de março.

"Sexta-feira já começa o desvio de trânsito para implantação dos dois viadutos na Scharlau. Pretendemos acabar com o cruzamento com semáforo, o cruzamento será livre. A gente acha que vai resolver bastante", analisou, citando ainda a melhoria no viaduto. "Vai haver uma inversão de mão: quem vem de Portão, passa pelo outro lado, por cima do viaduto, e quem vem de Porto Alegre, inverte a mão, e passa por baixo do viaduto", explicou.

Passarelas

Vieira recordou que o projeto previa a construção de 19 passarelas e a reforma de outras três. Do total, atualmente, faltam seis travessias serem concluídas. "Nosso cronograma também é concluir essas seis passarelas que faltam até o final do ano."


As passarelas no trecho metropolitano da BR-116 Foto: Reprodução

Duplicação da rodovia de Estância Velha a Dois Irmãos

Citando intervenções que visam a melhoria do tráfego entre Estância Velha e Dois Irmãos, como viadutos e acessos, Vieira destacou a projeção de 14,5 quilômetros de extensão na duplicação e citou uma estimativa de valores totais para a obra em R$ 533,10 milhões, reforçando que não há projeto ainda para ela.

Vieira também apresentou um vídeo sobre a rodovia, resumindo as melhorias já feitas e as planejadas para os próximos anos.

O que dizem as autoridades

O senador e ex-vice-presidente, Hamilton Mourão, reforçou o que disse Vieira sobre a BR-116 ter se tornado uma avenida de ligação dos municípios da região. Ele lembrou a evolução da rodovia durante as últimas décadas e disse que é importante que se mantenha um diálogo com o governo federal. "Compete a nós manter esse diálogo para algo que é fundamental na questão da administração pública, que é a previsibilidade dos recursos", disse.

"A BR-116 é algo que temos que atacar e trabalhar conjuntamente, independente das posições políticas, ideológicas que nós temos, mas, principalmente, levando em consideração o bem comum, que é a melhoria das condições de vida para a população do nosso Estado", completou.

O deputado federal Luiz Carlos Busato avaliou que as obras planejadas para este ano ainda, como no viaduto da Scharlau, são muito importantes, mas comentou também sobre a necessidade das obras em outras rodovias. "São obras importantes as da BR-116. É uma artéria que virou realmente uma avenida local, mas uma avenida de suma importância. Mas ela chegou no seu ponto de esgotamento. Então, é hora de termos uma nova alternativa, e a RS-010 é a obra que se apresenta."

Enfatizando que é necessário comemorar a retomada de investimentos, como a continuidade das obras na BR-116, o deputado estadual Miguel Rossetto disse querer que ele continuem. Ele salientou que é necessário saudar a informação de obras no trecho leopoldense até o fim do ano. "Isso representa segurança, rapidez, qualidade e estímulo ao desenvolvimento de toda a nossa grande região metropolitana e Vale do Sinos."

Rossetto lembrou também que faz parte de uma frente parlamentar para acompanhar as melhorias nas Brs 116 e 448. "Vamos acompanhar a continuidade desse investimento, é muito importante que esse fluxo de recurso seja assegurado para que possamos encerrar essa fase e reabrir outras agendas de discussão na região."

O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, ressaltou que a história da BR-116 tem a ver com o crescimento do Estado. Ele prevê que as melhorias no trecho leopoldense estarão prontas nos próximos dois anos e disse que o Seminário é importante para afirmar o movimento da região em prol da rodovia federal. "Para São Leopoldo é um projeto estratégico porque não aguentamos mais gastar na cidade em função dos desvios que a estrada propõe por dentro da malha urbana no município."

Vanazzi também defendeu a extensão da BR-448 e um estudo para estender a linha do Trensurb até Sapiranga e, ao final, sugeriu que o recurso que seria colocado na BR-116 pelo governo do Estado, na ordem de R$ 445 milhões, seja realocado para a RS-010 para começar a projetá-la.

O ganho em competitividade foi a abordagem feita pelo prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal, em sua participação. "Estamos falando de um trecho com maior fluxo diário de veículos em rodovias do nosso Estado, e os prejuízos decorrentes dos engarrafamentos são estimados na casa de R$ 2,6 milhões por hora de congestionamento. Se estimarmos uma hora de congestionamento por dia, estamos falando de prejuízo de 950 milhões de reais por ano."

Ele elogiou a qualidade do trabalho feito pelo Dnit, mas elencou como fundamental que as autoridades possam se unir politicamente para garantir que as melhorias avancem, de fato. "Precisamos continuar mobilizados para que isso esteja presente nas próximas leis orçamentárias anuais", ponderou.

O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI-NH/CB/EV), Diogo Leuck, colocou a questão ainda sobre outra ótica, detalhando a perda financeira para os municípios, visto que, apenas no trecho entre Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo, conforme estudos, são R$ 4 milhões perdidos por dia, pelos engarrafamentos.

Com isso, ele avalia que o investimento feito nas melhorias da rodovia agora, retornaria em dois anos. "É muito viável, além de ser fundamental, pelas vidas perdidas, o tempo das pessoas no trânsito. Estamos em tempos de governança social ambiental e é importante lembrar que um veículo, no pare e arranca, polui cinco vezes mais que um veículo em fluxo constante", acrescentou, lembrando ainda que as obras olham o meio ambiente.

Ao final, ele elogiou a meta de obras do Dnit e disse que elas atenderam vários propósitos. "Estaremos atendendo a demanda ambiental, social, e estaremos deixando de botar dinheiro fora pelo ralo, como estamos fazendo hoje, de forma absurda."

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