A profissão de sapateiro resiste aos tempos em que cada vez mais a durabilidade dos calçados é menor. O veterano Asteróide Santos, de 80 anos, mantém a tradição de consertar os mais variados tipos de calçados e fabricar chinelos, sandálias, alpargatas e cintos em couro.
Asteróide trabalha sozinho em uma pequena sapataria no bairro Niterói. Quem visita o local automaticamente entra em uma espécie de túnel do tempo, o sapateiro mantém recordações de sua juventude por meio de fotos. Ele costuma colocar músicas gaúchas em uma vitrola.
Os pagamentos são recebidos somente em dinheiro em espécie. “Não gosto dessas tecnologias de Pix e cartão”, explica, com bom humor, o simpático sapateiro.
Pelas fotos em preto e branco é possível perceber fases importantes da vida de Asteróide. Recordações do time de futebol com os amigos, da dupla musical que fazia com seu irmão mais velho “Os Irmãos Santos”, da família que contribuiu e tantos outros momentos.
“Guardo tudo com carinho e cuidado. Tenho cada matéria minha que já saiu em algum jornal. Tenho orgulho da minha profissão que desde de jovem escolhi seguir”, diz o veterano.
Aos 18 anos, Asteróide começou na profissão de sapateiro por influência do pai. “Meu pai fazia calçados, comecei como ajudante dele. Anos depois montei em sociedade com um dos meus irmãos uma loja de materiais para confecção e conserto de calçados. Lá nós só vendíamos. Durou 30 anos, depois decidi sair e voltar a trabalhar sozinho como sapateiro”, relembra. Há doze anos Asteróide trabalha sozinho na própria sapataria.
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Origem do nome
O sapateiro fala sobre o nome atípico que recebeu de seu pai. “Foi uma homenagem que meu pai fez para o padre da cidade em que nasci [Tubarão/SC], ele tinha esse nome”, conta.
Asteróide mora em Canoas desde seus oito anos de idade. “Ainda quando criança minha família decidiu se mudar, e desde então, nunca mais deixei Canoas. Gosto daqui”, salienta.
O veterano faz consertos de calçados em geral e produz peças em couro em uma relíquia de máquina de costura de sapateiro. “Eu que faço tudo, tentei ter dois ajudantes, mas não deu certo. O pessoal mais novo tem dificuldade em se adaptar a uma profissão que não exige tecnologia”, diz. O sapateiro conta que em média atende cerca de 30 pessoas por semana.
“Vale a pena mandar consertar na maioria das vezes. E as peças que produzo são todas em couro, materiais sintéticos não têm durabilidade. Desejo que minha profissão não acabe, ela é linda”, finaliza.
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