A nova enchente registrada no Vale do Caí entre a noite de domingo (16) e manhã da última segunda-feira (17) surpreendeu os coordenadores locais da Defesa Civil e gestores municipais pela rapidez com que a água ultrapassou a calha do Rio Caí. O principal argumento para o transbordo incomum é o assoreamento do leito do rio por conta da enchente ocorrida entre o final de abril e o mês de maio.
O município de São Sebastião do Caí foi um dos impactados pelo imprevisto. Em alguns pontos em que o rio só transborda depois que atinge os 14 metros, desta vez, quando bateu 10 metros de altura, já estava cuspindo água para fora. Embora já tenha o diagnóstico, o prefeito da cidade argumenta que a solução deste problema não é de fácil solução.
Júlio Campani defende que o desassoreamento do Rio Caí seja realizado regionalmente. “Todo mundo sabe que isso é uma política estadual, talvez federal. O desassoreamento é um trabalho muito complexo e caro, então, ele não é competência do município, até porque esse trabalho tem que ser feito de Nova Petrópolis a Montenegro”, defende.
O prefeito Fábio Persch, de Bom Princípio, também entende que esse trabalho precisa ser gerenciado pelo Estado ou Governo Federal, e defende que a Associação dos Municípios do Vale do Rio Caí (Amvarc) intermedie essa solução. “Tratam-se de obras grandes, demoradas e onerosas que precisam também do aval dos órgãos ambientais, assim, o trabalho deve ser realizado em parceria entre os poderes, em especial, o envolvimento do Estado e da União”, pontua.
Municípios farão batimetria
Na última segunda-feira (17), Campani participou de uma reunião da Granpal, que reúne gestores da Grande Porto Alegre, quando o desassoreamento dos rios que desembocam no Lago Guaíba foi debatido. Neste encontro, houve consenso por parte dos prefeitos de que Estado e União devem tomar à frente deste trabalho.
Entretanto, como uma forma de acelerar esse processo, cada município deverá contratar empresa especializada para fazer a batimetria dos rios que cruzam as cidades. O estudo determina a profundidade de corpos aquáticos, como barragens, lagos e rios para a determinação da topografia do seu leito. “De uma maneira bem didática: se tira o nível dos rios para ver quais são os pontos onde eles estão mais assoreados”, explica.
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