HISTÓRIA
São Leopoldo presta homenagem ao patriarca da cidade e da Imigração Alemã neste sábado
Museu Histórico Visconde de São Leopoldo promove cerimônia junto ao túmulo-monumento do Dr. João Daniel Hillebrand
Última atualização: 01/11/2024 10:58
Neste sábado (2) é celebrado o Dia de Finados. A data marca, também, a homenagem do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo para o doutor João Daniel Hillebrand, considerado um herói e patriarca de São Leopoldo e da Imigração Alemã. A celebração acontecerá a partir das 10 horas, junto ao túmulo-monumento localizado no Cemitério Municipal de São Leopoldo, no bairro Cristo Rei.
Para o presidente do Museu, Cássio Tagliari, o médico foi um líder que precisa ser sempre lembrado. O túmulo do Dr. Hillebrand foi completamente restaurado em 2020. As obras foram financiadas com recursos doados pela comunidade e pela Maçonaria e marcou os 140 anos do seu falecimento.
Nascido em 1800 na Alemanha, Hillebrand é um dos grandes protagonistas da História da Imigração Alemã, tanto pelo atendimento abnegado aos imigrantes quanto pela visão administrativa da então colônia. Ele cursou Medicina em Göttingen e participou da batalha de Waterloo quando ainda era estudante, socorrendo os feridos. Em 6 de novembro de 1824 ele chegou ao Brasil a bordo da barca Germânia, fazendo parte do segundo grupo de 80 imigrantes que aportaram no sul do Brasil.
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Nos primeiros anos, recebeu a nomeação de vice-inspetor da Colônia de São Leopoldo e procurava abrigo e provimentos para todos os colonos recém-chegados. Na época da Revolução Farroupilha, quando os imigrantes se dividiram entre Farrapos e Legalistas, Hillebrand se manteve firme ao lado do imperador, coordenando, desde o início, os imigrantes pela causa imperial. Contou com grande ajuda de outro imigrante, Mathias Mombach, que chegou alguns anos depois de Hillebrand. Mombach trouxe as experiências adquiridas nas guerras napoleônicas.
Lista de Hillebrand
Em 1836, quando os Farrapos estiveram perto da região, Hillebrand teve que abandonar a região com outros 400 colonos, sendo responsável por manter a ordem na colônia. Quando a revolução terminou, ele ganhou o título de coronel e foi nomeado comandante da Guarda Nacional. Também se tornou diretor da Colônia de São Leopoldo, cargo que assumiu com firmeza, passando relatórios à capital da província sobre as demandas e acontecimentos da região colonizada pelos alemães. Nunca deixou a profissão de médico. Atendia os imigrantes e foi, nos anos iniciais, o único médico da colônia.
Em 1848, realizou um gigantesco trabalho para a época, que registrou mais uma vez seu nome na história: Hillebrand percorreu todo o interior e visitou praticamente todas as famílias, anotando os nomes e datas de nascimento dos imigrantes, a data de chegada no sul do país, a profissão e a procedência deles na Alemanha, realizando, assim, o primeiro censo demográfico da região. Seu trabalho, até hoje, é conhecido como a “lista de Hillebrand”.
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Em 1855, quando a cólera tomou conta da região e os poucos médicos que haviam fugiram para o interior, Hillebrand permaneceu em São Leopoldo e organizou um serviço de assistência, tirando das ruas os doentes e concedendo atendimento a todos no hospital. Pagou do próprio bolso as comidas e os remédios para os doentes.
Em 1865, foi presidente da comissão que recebeu o imperador Dom Pedro II em São Leopoldo. Não casou, mas deixou descendência. Faleceu no ano de 1880, em sua residência, em São Leopoldo. Como escreveu Hunsche: “… (Hillebrand) submeteu, em toda sua vida, todo o interesse próprio (riqueza, felicidade, saúde e honras) ao interesse do bem comum. Sua vida foi um único serviço ao próximo. Como médico, servia aos doentes e necessitados e, como homem público, servia à coletividade”.
Hillebrand ganhou o título de cavaleiro da Ordem da Rosa e posteriormente da Ordem de Cristo. Era conhecido pelos imperialistas como o “baluarte da legalidade” e, por Koseritz, como o “patriarca de São Leopoldo”.