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São Leopoldo já contabiliza mais de 300 casos de dengue; quase metade em apenas um bairro

Segundo especialistas, mês de março deve concentrar o pico de casos

Publicado em: 22/02/2024 às 07h:06 Última atualização: 22/02/2024 às 07h:11
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São Leopoldo registrava, até esta quarta-feira (21), 328 casos confirmados de dengue, de acordo com o governo do Estado. Conforme dados fornecidos pela Prefeitura, o bairro Vicentina concentra os maior número de casos: eram 150 até sábado, dia 17, seguido dos bairros São Miguel e o Santos Dumont, respectivamente com 37 e 17 casos.

Prefeitura aplica inseticida contra a dengue no bairro Vicentina



Prefeitura aplica inseticida contra a dengue no bairro Vicentina

Foto: Romeu Finato/Prefeitura

Para evitar que a situação chegue ao patamar atingido em 2022, quando a cidade teve mais de 2.500 casos e quatro mortes, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsad) está com ações, entre elas, a capacitação de 140 profissionais (entre médicos e enfermeiros) na Unisinos. A ação ocorre hoje entre as 13 e 17h, quando as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estarão fechadas, com expediente apenas interno.

Às 11 horas, a titular da pasta, Andréia Nunes, reúne-se com o Comitê Técnico de Mobilização para debater outras soluções e informar as equipes sobre as ações necessárias. A secretária reforçou que os pacientes examinados deverão receber um kit hidratação, contendo soro de ingestão oral e medicamentos para alívio da dor. A Secretaria Municipal de Saúde também está entregando repelentes para os contaminados (que se tornam vetores do vírus) e para as gestantes do bairro Vicentina, disponibilizados na UBS local.

Membros do comitê

O Comitê é composto pelo gabinete do prefeito, Secretaria Geral de Governo, Semsad, Semov, SAS, Defesa Civil, Semusp, Fundação Hospital Centenário, Fundação Municipal de Saúde e Semae.

Aumento na demanda das unidades

O aumento no número de casos de dengue leva, consequentemente, ao aumento da demanda em algumas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) e centros de saúde em geral, como é o caso do Centro de Saúde Feitoria (CSF). O motorista de aplicativo, Rafael da Silva Nunes, 39 anos, acompanhou seu sogro, Lindomar Martins Evaldt, 63, que estava com sintomas de dengue, e sentiu-se chocado com o tempo que levou para que ele fosse chamado.

“A ficha de entrada foi feita 9h43, ele foi chamado para triagem 12h14 e consultou às 13h50. É um desrespeito, nem sei como adjetivar isso”, prosseguiu Rafael, que, até então, nunca havia usufruído das unidades e hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS).

No entanto, Nunes contou que o que mais lhe causou espanto foi a situação do local. “O que mais me chamou atenção foi o relato da enfermeira, imagina: uma só para fazer triagem, curativo, tirar ponto… é surreal o que vivemos hoje”, criticou.

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Foto: Reprodução

Semsad esclarece a situação do CSF

Em nota oficial, elaborada junto à Superintendência de Comunicação (Scom), a Semsad explicou que as demandas estão mais intensas devido ao aumento de casos de dengue. “Por exemplo: no dia 19, quando foram atendidas quase 200 pessoas apenas no turno da manhã.” Conforme o órgão, o CSF possui um atendimento diário de 150 pacientes por dia e 50 pacientes por noite.

A Semsad informa, ainda, que o CSF tem três médicos por dia e dois por noite durante a semana. Nos fins de semana, são dois clínicos gerais nos dois períodos, considerando plantões de 12h. Há também um enfermeiro e quatro técnicos de enfermagem por dia e um enfermeiro e três técnicos por noite, além de dois técnicos exclusivos para as remoções para a ambulância.

Prevenção e o pico em março

O avanço da dengue preocupa por uma questão apontada por vários especialistas e pessoas ligadas à saúde, como o virologista e professor da Universidade Feevale, Fernando Spilki: o mês de março é que deve concentrar o pico de casos. Spilki, afirma que, conforme o histórico dos últimos dois anos, seja aqui ou em outros locais, há um estabelecimento da dengue.

“Os casos aparecem no início do verão e há uma dinâmica de crescimento durante a temporada, mas vamos encontrar esse pico mais pra frente, ao redor de março.” Ele avalia que podem haver variações, mas conforme as projeções nacionais, que indicam que ainda estamos no meio da epidemia, a tendência é um aumento nos números, ao invés de queda.

“Se tivermos alterações climáticas e o engajamento das pessoas para eliminar os focos de mosquito da dengue, podemos ter reversão. Mas, se cumprirmos o comportamento natural, de temperaturas mais altas e a não colaboração da população, teremos números maiores”, salienta.

O virologista analisa que os números do Rio Grande do Sul começaram a ser comparados com regiões do Norte do Brasil em 2022. “Há uma introdução massiva do mosquito. Isso se encontra por conta das condições climáticas e replicação do vírus, que permite que seja o transmissor”, diz. A temperatura é um dos fatores que corrobora para o aumento dos casos.

Colaborou: Laura Rolim

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