A Prefeitura divulgou sexta-feira (26) o resultado do primeiro Levantamento de Índice Rápido do Aedes Aegypti, o LIRAa, de 2024 de São Leopoldo. O diagnóstico, mais uma vez, deixa a cidade em alerta. O resultado aponta novamente para alto risco de contaminação. A ação percorreu, por amostragem, todos os bairros do Município na busca de larvas do mosquito transmissor da dengue, zika vírus e febre chikungunya.
O levantamento abrangeu 3.113 residências. Das 210 amostras coletadas nas casas, 155 deram positivo para a dengue. De acordo com o painel de casos de dengue, que é atualizado diariamente pela Secretaria Estadual da Saúde (SES), até a manhã desta quarta-feira (31), São Leopoldo somava 114 notificações e 64 casos confirmados além de outros 30 em investigação. Em todo o ano passado foram, segundo a SES, 973 notificações e 115 casos confirmados na cidade, sem nenhum óbito.
Em 2022, foram 2.768 notificações, com 2.553 casos confirmados e quatro óbitos na cidade. Metodologia O LIRAa é uma metodologia recomendada pelo Ministério da Saúde para a determinação do Índice de Infestação Predial (IIP) do mosquito Aedes Aegypti, de maneira rápida, auxiliando no direcionamento das ações de controle e a avaliação das atividades desenvolvidas.
Para a realização das ações do LIRAa, os bairros da cidade são agrupados em sete estratos, dos quais são sorteados os quarteirões a serem visitados pelos agentes. Em São Leopoldo, o próximo levantamento ocorrerá no mês de maio.
Visitas em pontos estratégicos
A secretária da Saúde Andréia Nunes ressalta que, além do LIRAa, a Prefeitura segue cotidianamente com as visitas em pontos estratégicos. “Os agentes de combate às endemias percorrem todo dia os pontos mais expostos como floriculturas, ferros-velhos e cemitérios. No LIRAa, são feitas visitas domiciliares. A maneira mais efetiva de combate ao Aedes é não permitir que ele se reproduza, eliminando a água parada. Isso cada um de nós deve fazer”, pontua Andréia.
Ela destaca que a ação feita pelos agentes, e que deve ser repetida pela população, é eliminar os criadouros. Ou seja, não permitir que haja água parada nos pátios ou até mesmo dentro de casa em vasos de plantas e potes de animais de estimação. “Quando os agentes vão nas casas, eles orientam moradores e eliminam os criadouros.”
Bairros com alto risco
Dentre os bairros percorridos durante o LIRAa, os que pertencem ao estrato 5 (Centro, São José, Morro do Espelho, Jardim América, Santa Tereza e Cohab Duque) foram os mais afetados, com Índice de Infestação Predial (IIP) de 7,1%. Na sequência ficaram os bairros do estrato 2 (Scharlau I, Scharlau II e Campina), que apresentou IIP 6,5%, segundo a Vigilância. Denúncias de água parada podem ser feitas à Ouvidoria SUS pelo fone 2200-0736, de segunda a sexta-feira, das 9 às 14 horas, ou pelo e-mail ouvidoria.sus@ saoleopoldo.rs.gov.br.
Com medo, dona de casa busca por vacina
Moradora do bairro Vicentina, a dona de casa Tânia Maria dos Santos, 62, vivenciou na família dois casos de dengue recentemente. O genro e o neto dela, de apenas 10 anos, foram acometidos pela doença. “Meu netinho ficou uma semana internado no Hospital Centenário. Por dois dias ele ficou completamente de cama, não tinha forças para levantar nem para tomar banho”, recorda. Com medo, já que os casos na vizinhança seguem surgindo, Tânia diz ter ido procurar a vacina de modo particular em uma farmácia.
A vacina, que precisa da aplicação de duas doses, custa R$ 309,99 cada uma delas. O imunizante aplicado é o Qdenga, o mesmo que será oferecido pelo SUS a partir de fevereiro. A imunização começará em 16 Estados brasileiros e no Distrito Federal. Por enquanto, o Rio Grande do Sul não está na lista das regiões que vão receber o imunizante de forma prioritária, segundo o Ministério da Saúde.
Prevenção é fundamental
Dentre os sintomas apresentados por quem foi diagnosticado com dengue estão: febre alta, dor de cabeça intensa, dor no corpo, dor atrás dos olhos e nas articulações, mal-estar, náusea, vômito, diarreia e manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira. Segundo os órgãos de saúde, medidas de prevenção à proliferação e circulação do Aedes Aegypti, o mosquito transmissor da dengue, são as melhores formas de proteção contra a doença.
As medidas incluem a limpeza e revisão das áreas interna e externa das residências ou apartamentos , além da eliminação dos objetos com água parada. Estas são ações simples, mas que impedem o inseto de nascer, cortando o ciclo de vida na fase aquática. O uso de repelente e de roupas que minimizem a exposição da pele também é recomendado para maior proteção individual.
Alerta no RS
O aumento de casos na comparação entre janeiro de 2023 e janeiro deste ano é preocupante no Estado. Ano passado foram 145; neste ano já são mais de 1,7 mil (a maioria em adultos de 20 a 59 anos). O maior número de casos confirmados está nas regiões Noroeste (maior concentração de confirmações em Tenente Portela e Barra do Guarita) e da Grande Porto Alegre (com Novo Hamburgo e São Leopoldo puxando a maioria dos casos, com 122 e 64 registros respectivamente, a frente de Canoas, com 43, e Porto Alegre, 27 casos). Ainda não há registro de óbitos neste ano no RS (em 2023 foram 54).
Sem previsão da vacina, a Secretaria de Saúde mira em planos de prevenção à proliferação de focos do mosquito transmissor.
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