REGIÃO

São Leopoldo ainda tem pessoas em abrigos, escolas e UBSs fechadas 3 meses após a enchente

Na cidade, mais de 180 mil pessoas foram impactadas diretamente pela maior enchente da história do Rio Grande do Sul

Publicado em: 02/08/2024 07:23
Última atualização: 02/08/2024 07:23

Três meses após a enchente, São Leopoldo ainda tem escolas e Unidades Básicas de Saúde (UBSs) fechadas, entulhos nas ruas e pessoas fora de suas casas. Na cidade, mais de 180 mil pessoas foram impactadas diretamente pela maior enchente da história do Rio Grande do Sul. De acordo com a Superintendência de Comunicação da Prefeitura, R$ 344,5 milhões em recursos já foram solicitados pelo Município.

EMEI Brinco de Princesa, na Vicentina, foi uma das mais afetadas pela enchente na cidade e ainda não retomou suas atividades Foto: Divulgação/Prefeitura de São Leopoldo

Até segunda-feira (29), já haviam sido recebidos R$ 43,9 milhões em recursos do Governo Federal e R$ 5,2 milhões do Poder Judiciário via fundo estadual. Os montantes recebidos foram aplicados no recolhimento, limpeza e destinação final dos resíduos da enchente, assistência social, proteção animal, sistema de proteção contra cheias e locação e instalação de bombas emergenciais.

Apesar dos esforços coletivos, em alguns setores e na vida de algumas famílias, ainda não foi possível voltar à normalidade após a catástrofe. Até o início desta semana, segundo dados da Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS), ainda eram 338 desabrigados na cidade, atendidos em dois alojamentos ativos no Município: no Centro de Eventos, no bairro São Borja, e no Monte Alverne, no bairro São José.

Segundo a titular da SAS, Márcia Martins, no momento mais crítico da tragédia a cidade contou com 130 espaços, abrigando cerca de 17 mil pessoas. Além disso, outros 11 municípios da região acolheram leopoldenses. Agora, os alojamentos remanescentes na cidade recebem pessoas que não têm para onde voltar.

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Na área da Educação, São Leopoldo teve 18 escolas da Rede Municipal de Ensino atingidas pela enchente, impactando 9.597 estudantes. Destas, 15 já retornaram suas atividades. Para a semana que vem está previsto o retorno às atividades das últimas três instituições de ensino, as escolas municipais de Educação Infantil (EMEIs) Brinco de Princesa, no bairro Vicentina, Girassol, no bairro Santos Dumont e Acácia Mimosa, na Vila Paim.

“Nas escolas atingidas, não estamos apenas fazendo limpeza, mas recomposição de tudo o que é necessário, o que tem que trocar de revestimento de piso, cerâmico, substituição de divisórias, telhados, forros, toda a manutenção e troca da parte elétrica”, explica a secretária de Educação, Renata de Matos.

Segundo ela, um dos educandários da rede mais atingidos foi a EMEI Brinco de Princesa. “Pelo tempo que ficou debaixo d’água, pelo modelo de construção com divisórias leves por dentro e o piso cerâmico, que precisou ser todo retirado”, comenta. Na rede estadual, foram seis escolas afetadas pela cheia na cidade. Todas elas já retomaram suas atividades.

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Na área da Saúde, São Leopoldo teve 14 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) alagadas, entre elas a UBS Paim, que havia sido inaugurada poucos dias antes da enchente. A unidade, junto com as UBSs Vicentina, Brás e Campina, que foram as mais atingidas, têm previsão de retomada de atendimento para o final de agosto e primeiras semanas de setembro. Já a UBS Rio dos Sinos, tem previsão de reabertura para o dia 15 de agosto.

Outro setor bastante impactado pela catástrofe foi o de proteção animal. Na cidade, cerca de 1,6 mil animais foram resgatados da enchente e levados para abrigos organizados pela Prefeitura e voluntários. Até segunda-feira (29), eram ainda 248 cães, entre eles 31 filhotes, que permaneciam no abrigo montado na área de um antigo hipermercado no bairro São José, o único ainda ativo na cidade.

Outra frente que ganhou reforço na cidade pós-enchente foi a limpeza urbana. De acordo com o secretário de Mobilidade e Serviços Urbanos, Sandro Lima, cerca de 330 mil toneladas de entulhos já foram recolhidas na cidade. A força-tarefa iniciou no Município no dia 8 de maio e segue sendo feita com o hidrojateamento e varrição em ruas das regiões Nordeste, Norte, Oeste, Leste e Centro. A expectativa é de que este trabalho de rescaldo seja concluído até o final de agosto.

Em alguns bairros, como no São Miguel, entulhos ainda podem ser vistos nas ruas Foto: Renata Strapazzon/GES-Especial

“Vamos focar no rescaldo, raspagem e lavagem das ruas, recapeamento e pinturas de meio-fio e sinalização, mas manteremos um plantão para recolhimento de entulhos”, comenta Lima. Os entulhos recolhidos nos bairros foram levados para cinco pontos transitórios de descarte dispostos pela cidade. Destes locais, eles seguem para o aterro de Resíduos Sólidos de Construção Civil (RSCC) do Município e para um aterro em Gravataí para sua destinação final. Segundo a Prefeitura, todos os entrepostos já estão sendo limpos e a estimativa é de conclusão em agosto.

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