Termina na próxima semana o prazo para a venda de álcool líquido 70% em estabelecimentos como supermercados. A comercialização foi autorizada em 2020 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por conta da pandemia de Covid-19. Mas o prazo da última autorização de venda do produto expirou em dezembro do ano passado e agora os locais que ainda possuem estoques terão até o dia 30 de abril para vender as últimas unidades ou tirá-las de circulação.
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Por isso, o consumidor quase não encontra mais o produto nas prateleiras e, quando acha, são poucas unidades disponíveis. Segundo a Anvisa, a decisão de tirar o produto do mercado aconteceu em 2002 devido ao alto número de acidentes causados por queimaduras e ingestão, envolvendo principalmente crianças.
Em substituição ao álcool 70%, é ofertado para o uso doméstico o álcool 40%, que nunca deixou de ser ofertado nos estabelecimentos. Ocorre que muita gente fica em dúvida se o produto é eficiente ou não.
A funcionária pública Heloni Grade Flor, 68 anos, mora no bairro Vila Nova e é adepta do álcool 70% na limpeza da casa. “Antes eu passava só um paninho úmido. Hoje limpo tudo com álcool 70%. Dentro dos armários, balcões e os trinques das portas”, descreve. Sabendo que o produto não será mais vendido, ela fez um estoque em casa, sendo que dois frascos comprou nesta semana, os últimos disponíveis em um mercado que frequenta. “Eu vou sentir muita falta quando terminar”, diz.
Segundo a coordenadora do Curso de Farmácia da Universidade Feevale, Simone Verza, o álcool 40% não tem a mesma eficácia que o 70%. “Mas o álcool 70% também não mata tudo. A dica é fazer o uso do álcool 40 % e adotar outros produtos junto”, orienta. De acordo com ela, detergentes e hipocloritos (águas sanitárias) são produtos recomendados para acabar com os micro-organismos.
Ela chama atenção que esses produtos não são inflamáveis, embora sejam mais caros em relação ao álcool, que é uma solução mais simples.
Sobre o uso do álcool na limpeza, preferido por muita gente porque tem rápida evaporação, a farmacêutica explica que de nada adianta diluir o álcool e esperar o mesmo grau de eficiência na desinfecção do ambiente.
“Sempre que você tiver álcool 70% com outra solução, ele será diluído. Isso acontece se colocar em um balde com água, quando mais mistura, menos álcool”, destaca. “O ideal fazer limpeza com detergente, que remove os organismos, e depois usar o álcool para sanitização, pois é uma solução que vai evaporar mais rápido”, ensina.
Simone lembra que não se deve passar cloro nas mãos e o álcool 70% em gel continua sendo vendido. Já o produto na versão líquida, terá venda restrita somente para lugares como hospitais, laboratórios e empresas que necessitam de uma esterilização específica, conforme norma da Anvisa.
Segundo a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, as queimaduras causam cerca de 150 mil internações por ano no País, sendo que 30% das vítimas são crianças. No período da pandemia, a Sociedade Brasileira de Queimaduras lançou um alerta sobre o aumento de pessoas queimadas devido a acidentes domésticos causados por álcool líquido.
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