Pessoas com mais de 60 anos foram as que mais procuraram atendimento no Procon hamburguense no ano passado. Dos 4.363 atendimentos, 1.941 são consumidores a partir dessa faixa etária, representando 44% da procura pelo serviço. É esse público, conforme levantamento do órgão, que busca soluções em assuntos financeiros, que lidera a demanda. Em 2023, 2.048 atendimentos foram relativos à essa área.
Conforme a diretora administrativa do Procon, Fabiana Loreni da Rosa, são três situações que lideram as reclamações nessa faixa etária, todas envolvendo empréstimos consignados.
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A primeira delas é a falsa portabilidade de consignado. Na prática, explica, correspondentes bancários entram em contato telefônico com consumidores que já possuem empréstimos e os convencem a fazer a portabilidade para outro banco, no qual terá alguma vantagem, como parcelas menores e ou juros reduzidos. “O problema é que, ao aceitar a proposta, a pessoa, na verdade, está contratando um novo empréstimo”, explica.
A segunda situação é quando a instituição financeira realiza o empréstimo sem autorização do beneficiário. Ao ver o extrato detalhado do INSS, com o desconto, o beneficiário descobre o empréstimo e o valor creditado em sua conta. Daí recorre ao Procon para maiores esclarecimentos.
E, por fim, há o refinanciamento. Nessa situação, o consumidor é contatado via telefone onde lhe é ofertado um refinanciamento, o qual o consumidor tem a promessa de receber um “troco”. “Só que, na verdade, é um reparcelamento do empréstimo existente”, esclarece Fabiana.
Fabiana salienta que, apesar de serem proibidos, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, Estatuto Idoso e Lei do Superendividamento, de fazerem qualquer tipo de publicidade para aposentados, algumas instituições financeiras descumprem essa regra e assediam livremente pessoas idosas.
Principais demandas no ano passado
De acordo com os dados do sistema nacional de atendimento ao consumidor (Proconsumidor), no Procon hamburguense, a maior parte dos consumidores atendidos está entre os idosos. De 61 a 70 anos foram 1.143 atendimentos e acima de 70 anos foram 798. De 51 a 60 anos (879), 41 a 50 anos (864), 31 e 40 anos (405), de 21 a 30 anos (250) e o restante até 20 anos.
Os atendimentos por área foram: serviços financeiros (2.048), telecomunicação (754), produtos eletrônicos (257), água, energia e gás (147), saúde (137), educação (107), telefonia (102), turismo (43), transporte (37), habitação (32), alimentos (7) e o restante a demais produtos.
Procon descobriu até golpe de sobrinho
Idosos que confiam suas movimentações bancárias a conhecidos também devem ficar atentos. Uma idosa de 65 anos, por exemplo, foi vítima de um golpe do sobrinho.
A consumidora procurou o Procon chorando, pois havia débitos em sua conta que ela não reconhecia a procedência. O extrato consignado do INSS apresentava um empréstimo de R$ 10 mil, feito em junho de 2023, com parcelas de 404 reais. “Ela alegava desconhecer a contratação e que não tinha este valor na sua conta”, explica Fabiana.
O Procon contatou com o banco, solicitou extrato da conta da idosa, onde constava que nos dias 14 e 15 de junho foram realizadas movimentações via Pix, nos valores de R$ 5 mil e R$ 4.070,00 para o titular do CPF.
“Eu perguntei se ela tinha Pix e aplicativo do banco, e ela não tinha. Com o relatório do banco descobrimos a pessoa que tinha recebido o valor pelo Pix era o sobrinho dela”, lembra. A idosa contou que foi morar com o familiar em outro Estado e, por isso, confiou a administração de sua conta. O Procon entrou em contato com o banco, solicitando o bloqueio dos dispositivos que possuíam o acesso à conta da consumidora.
Dicas para não cair em golpes e perder dinheiro
Fabiana orienta que o consumidor não responda ou fale com qualquer pessoa que ligar dizendo ser de um banco ou de instituição financeira. E completa: “se for alguém que diz ser do INSS, pior ainda. O INSS não vai te ligar para nada. É golpe na certa”, arremata.
A primeira dica é sempre dizer não ao telefone. “Não confirma nome, nem CPF. Se precisar fazer atualização de dados, vá até o INSS, vá até o banco. Nunca por telefone”, recomenda Fabiana.
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Outro aspecto abordado por Fabiana recai sobre os cuidados com o contrato que é assinado. “Muitos abrem uma conta, não leem o contrato e acabam pagando algum seguro. Por isso, reforço que a leitura do contrato é um direito do consumidor”, frisa.
Fabiana recomenda que, se for o caso, não precisa assinar na hora. “Geralmente, o atendente vai pressionar, dizer que tem que ser na hora para que o consumidor tenha a oferta exclusiva para o dia. É melhor perder a oferta do que arrumar um problema maior. Então, sempre, nesses casos, leia o contrato, peça explicação e, se necessário, pode trazer o contrato para nós conferirmos”, salienta.
Horários de atendimento
No horário de verão, os atendimentos para moradores de Novo Hamburgo ocorrem do meio-dia às 17 horas, nas segundas; das 9 às 15 horas, de terça a quinta-feira; e das 8 às 13 horas, nas sextas.
É preciso agendar. Pode ser pessoalmente no Procon (Rua David Canabarro, 20, Centro) ou pelos telefones (51) 3581-9531 e (51) 3097-9444. Pelo WhatsApp, o contato é (51) 99750-0023.