A polêmica instalação de um pedágio na RS-122 em São Sebastião do Caí vive um novo capítulo. Desde o início de maio a concessionária responsável pela rodovia monitora os veículos que trafegam no trecho onde está prevista a instalação da nova praça de pedágio.
Dependendo do resultado desta pesquisa, é possível que o local seja alterado, mas essa decisão caberá ao governo do Estado, como esclarece o diretor-executivo da concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), Paulo Negreiros. “Estamos apenas executando uma solução do governo.”
Motivo de revolta entre moradores e poder público de São Sebastião do Caí, o novo trecho pedagiado foi definido no programa de concessões do governo do Estado. Em abril do ano passado, a CSG se sagrou vencedora do leilão e, desde então, uma série de ações tem sido tomadas para alterar o local da praça de pedágio.
Previsto para o quilômetro 4 da rodovia, o pedágio ficaria no meio do bairro Areião, o maior da cidade, com mais de quatro mil habitantes. A proposta do governo municipal é a manutenção da atual praça em Portão ou a criação de uma isenção para os moradores.
Essa proposta de isentar moradores já foi descartada pela Secretaria de Parcerias e Concessões (Separ), que admite a possibilidade de mudança de local. O fluxo de veículos será medido durante 90 dias, e a CSG levará mais um mês para concluir o estudo e entregar ao governo do Estado.
Cumprindo o prazo estipulado, a empresa deve encerrar a contagem em julho e o estudo deve ser entregue em agosto, para que então o governo tome uma decisão. “A gente precisa de uma amostragem maior para poder chegar a um dado mais confiável”, explica Negreiros.
Durante visita ao Kerb de Estância Velha, o governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou que vai buscar uma saída para minimizar os impactos das instalação do pedágio. O cronograma prevê que a nova praça comece a funcionar em fevereiro de 2024.
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O que está sendo contabilizado
Foram posicionados equipamentos de monitoramento em três pontos da rodovia, nos quilômetros 1,2; 4,6 e 6,5. “A gente consegue saber quando um dos veículos passa pelo primeiro pórtico e de repente não passa pelo segundo, ou aquele que passa por dois e não pelo terceiro”, explica Negreiros.
O diretor-executivo afirma que a partir desse levantamento será possível “saber quem tem algum tipo de atividade naqueles entre pórticos.”
Mais de R$ 1 mil para trabalhar
Moradora do bairro São Valentin, a vendedora Tatilene Ramos, 39 anos, demonstra preocupação com a chegada do pedágio em São Sebastião do Caí. Atualmente ela utiliza carro ou moto para se deslocar pelos cerca de quatro quilômetros que separam sua casa da empresa onde trabalha, às margens da rodovia.
Segundo ela, o custo mensal com gasolina varia entre R$ 200 a R$ 300 mensais atualmente. Caso o pedágio seja confirmado no local previsto, ela precisaria desembolsar mais de R$ 1 mil por mês para fazer as quatro viagens que faz diariamente para trabalhar e atender o filho de 11 anos.
“Eu venho de manhã, volto às 11h30 para dar almoço pro meu filho, e depois retorno para a empresa, no total, faço a viagem quatro vezes”, relata. Ao fazer a conta de quanto gastaria mensalmente apenas com pedágio ela tomou um susto: R$ 1.047,00 para manter o mesmo trajeto.
A situação de Tatilene não é exclusiva, já que na empresa onde ela trabalha cerca da metade dos 29 funcionários também são moradores de São Sebastião do Caí, e precisam fazer diariamente o deslocamento. Caso o pedágio seja confirmado no local, eles pagarão R$ 11,90 por viagem para chegar ao trabalho.
Tatilene diz que com a instalação da praça de pedágio, e sem qualquer isenção aos moradores da cidade, talvez seja preciso mudar de emprego. Para a vendedora, a promessa de investimentos na estrada “não valeria a pena” com o novo custo para deslocamento.