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PÓS-ENCHENTE

Saiba a situação das barragens que podem afetar a região

Durante as fortes chuvas de maio, barragens do Salto e da Usina 14 de Julho tiveram suas estruturas comprometidas

Dário Gonçalves
Publicado em: 12/07/2024 às 17h:09 Última atualização: 12/07/2024 às 17h:10
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No início de maio, a região da Barragem do Salto, em São Francisco de Paula, e a estrutura da Usina 14 de Julho, no limite de Bento Gonçalves com Cotiporã, sofreram danos que deixaram municípios da Serra e do Vale do Caí apreensivos quanto a um possível rompimento. Após dois meses, a 14 de Julho segue em estado de alerta, enquanto a do Salto, está em estado de emergência.

Barragem do Salto, em São Francisco de Paula | abc+



Barragem do Salto, em São Francisco de Paula

Foto: Divulgação

No Rio Grande do Sul, as barragens são monitoradas pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do governo do Estado (em caso de usos múltiplos), e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) (em casos de barragens de energia). E, entre todas, a Barragem do Salto é a única em Nível de Emergência. Ou seja, com “risco de ruptura iminente, exigindo providências para preservar vidas”.

“O Estado e a Aneel seguem monitorando de forma contínua as barragens no RS. As divulgações dos monitoramentos podem ser retomadas a qualquer momento, quando houver alguma mudança de status das barragens”, informa a Sema.

Já a Barragem 14 de Julho, assim como a do Salto do Guassupi, em São Martinho da Serra, também de responsabilidade da Aneel, estão em Estado de Alerta. Neste caso, os danos representam risco à segurança da barragem, ”exigindo providências para manutenção das condições de segurança”. Nesta mesma situação, estão as barragens monitoradas pela Sema: Capané (Cachoeira do Sul), São Miguel (Bento Gonçalves) e Saturnino de Brito (São Martinho da Serra).

Nível normal de segurança

À reportagem, a Aneel informou que a maioria das barragens está com suas condições operacionais anteriores à enchente restabelecida. Assim, estão sendo feitas a recuperação de acessos, circuitos de adução e demais estruturas ou equipamentos auxiliares. “A maioria dos empreendimentos também registra nível de segurança normal, que ocorre quando não são encontradas anomalias na barragem ou quando as anomalias nela encontradas não comprometem sua segurança.”

Atualmente os detentores das barragens afetadas estão encaminhando periodicamente à Aneel, por obrigação constituída, relatórios com diagnóstico atualizado de suas condições operacionais e de segurança. “Os mesmos empreendedores devem realizar perícia técnica para emissão de relatório que ateste a segurança de suas barragens”, detalhou a agência, destacando que a ação já em curso.

As infraestruturas das barragens do Salto, em São Francisco de Paula, e a Usina 14 de Julho, em Bento Gonçalves estão sendo monitoradas por seus proprietários (responsáveis diretos pela segurança) e acompanhadas pela Defesa Civil e Aneel. “Paralelamente, de forma preventiva, o aperfeiçoamento dos Planos de Segurança de tais empreendimentos foi demandado. Conforme relatórios recebidos e condições climatológicas atuais, não se vislumbra risco iminente para a população localizada no entorno de tais estruturas”, afirma a Aneel.

Sem novas movimentações

Apesar disso, conforme a prefeitura de São Francisco de Paula e a Aneel, a Barragem do Salto segue em situação de emergência devido ao risco de desprendimento de um talude em sua margem. Os riscos permanecem os mesmos de quando a Defesa Civil, na noite de 13 de maio, avisou sobre um possível deslizamento. Contudo, não foi observada nenhuma movimentação de terra durante os últimos dias de chuva.

Na ocasião, famílias que residiam próximas à barragem precisaram ser evacuadas de suas casas e até o momento não puderam retornar. O rompimento não seria na estrutura da barragem, mas em áreas de morros junto a ela que, se houver o desmoronamento, uma quantidade significativa de material cairá sobre o rio, podendo gerar uma onda que afetaria comunidades ribeirinhas ao longo do leito como Canela, Gramado, Caxias do Sul, Gramado, Nova Petrópolis, Vale Real e Feliz.

Estudos realizados

No início de junho, pesquisadores do Sistema Geológico do Brasil (SGB) fizeram um estudo e avaliação pós-desastre em São Francisco de Paula e apontaram medidas e intervenções necessárias para as áreas de riscos com chances de deslizamento de terra e rupturas de solo. “Estamos seguindo todas as orientações fornecidas por estudos geológicos feitos no último mês, como a drenagem de água da área e o selamento das rachaduras com cimento para impedir a infiltração de água e a erosão do solo”, diz a prefeitura.

Em Bento Gonçalves, município que teve 287 deslizamentos registrados em maio, causando 10 mortes e deixando ainda quatro pessoas desaparecidas, a Prefeitura informa que tem feito monitoramento de dados e das áreas de riscos para definir ações necessárias, contudo detalhes sobre a barragem são diretamente com a Cia Energética Rio das Antas (Ceran).

“Não há famílias próximas à barragem fora de suas casas. São diversas áreas que apresentam riscos e foram elencadas pelo Núcleo de Riscos Geológicos. Além disso, seguimos nas buscas pelos desaparecidos”, disse a Prefeitura por meio da assessoria.

Em contato com a Ceran, a companhia informou que segue monitorando as barragens (14 de Julho, Castro Alves e Monte Claro) e está sempre em contato com a Defesa Civil para auxiliar no que for preciso. A Companhia, em conjunto a especialistas, realizou análises uma semana após o rompimento parcial (no dia 2 de maio) e constatou que a estrutura da barragem não havia sido comprometida. “Os estudos mostram uma barragem estável e segura para as vazões de projeto e sem indicativos de risco de rompimento”.

Além disso, a Ceran realizou a recuperação da barragem, dos acessos e das instalações, reforçando que qualquer alteração de cenário será comunicada à população. Apesar do rompimento parcial, não ocorreu aumento significativo nas vazões já existentes na Bacia Taquari-Antas.

Confira a situação de cada barragem:

Estado de emergência:

  • Bugres (Barragem Salto) – Aneel

Estado de alerta:

  • 14 de Julho, Cotiporã e Bento Gonçalves – Aneel
  • Salto do Guassupi, São Martinho da Serra – Aneel
  • Capané, Cachoeira do Sul – Sema
  • São Miguel, Bento Gonçalves – Sema
  • Saturnino de Brito, São Martinho da Serra – Sema

Estado de atenção:

  • Canastra, Canela – Aneel
  • Quebra Dentes, Quevedos – Aneel
  • Cachoeira Cinco Veados, São Martinho da Serra – Aneel
  • Rincão de São Miguel, Quevedos – Aneel
  • Dona Francisca, Nova Palma – Aneel
  • Salto Forqueta, São José do Herval/Putinga – Aneel
  • Saibro, Viamão – Sema
  • Filhos de Sepé, Viamão – Sema
  • Assentamento PE Jânio Guedes da Silveira (Barragem B2), São Jerônimo – Sema
  • Santa Lúcia, em Putinga – Sema
  • Lomba do Sabão, em Porto Alegre – Sema
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