NOVO HAMBURGO
Ruas tomadas de resíduos retratam cenas de destruição no bairro Santo Afonso
Moradores clamam por agilidade na retirada de lixo em frente das casas
Última atualização: 01/06/2024 17:39
Cenas de destruição marcaram a volta de moradores para limpar casas no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, neste sábado (1º), depois de quase um mês longe de seus lares. O que foi tirado de dentro das residências, que ainda guardam marcas da enchente histórica nas paredes, tomou conta das ruas, dificultando a passagem de veículos e o acesso às casas. Moradores clamam por urgência para retirar dos entulhos.
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Na Rua Hugo Erni Feltes, próximo ao Arroio Gauchinho, na Vila Palmeira, o pedreiro Antoninho de Meira, 61 anos, e sua esposa, a diarista Terezinha Fatima Silva de Meira, 52, voltaram para limpar a casa, pois estavam desde o dia 3 de maio vivendo com a filha, no bairro Boa Saúde.
Da casa na esquina, quase coberta por lama e resíduos que foram parar em cima do telhado, levados pela força da água, ainda é possível ver uma parte da rua com água escura e fétida.
"Se entrar ali é um desespero. São anos de serviço. Todo mundo perdeu tudo. A vontade é não voltar, porque essa situação não tem o que fazer", comentou o pedreiro, com os olhos lacrimejando, segurando um balde usado para tirar a lama de casa, enquanto sua esposa passava com roupas e tapetes encobertos pelo barro.
Ele demonstra indignação com a falta de aviso. "A prefeita aqui podia ter avisado antes. A gente podia ter tirado as coisas, que eles sabiam que ia acontecer, né? Agora a gente perdeu tudo. Tem um roupeiro aí que recém terminei de pagar, a cama box que paguei duas prestações, freezer, geladeira, tudo virado", acrescenta o morador.
Na Rua Leopoldo Wasun, a realidade não era muito diferente. "A gente vai ter que começar tudo do zero mesmo, do zero mesmo", declarou a aposentada Neiva Selau, 68. Ela viveu durante 45 anos na mesma casa. "Se eu conseguir salvar são as cadeiras da cozinha", exemplifica a moradora, que retornou para a limpeza na quarta-feira.
"Tomara que limpe mesmo esses lixos. Tu imagina o cheiro que vai ter depois disso e as doenças disso aqui, né?", frisou. Ela ainda não tem data para voltar para casa, por conta da estrutura ter sido muito afetada.
Quem também estava envolvido com limpeza, na mesma rua, era a faxineira Isabela Alves de Oliveira, 65, e seu marido, o industriário Antônio Idemar Engelmann, 57. Os dois prestavam um auxílio na limpeza do irmão dela, o aposentado Ervino Alves de Oliveira, 69.
Quem passava pela rua via a parede da sala derrubada pela força das águas. "Eu fico muito triste com isso, porque ele sempre batalhou para ter as coisas e hoje está nessa situação", frisa Isabela.
Assim como outros moradores, a retirada dos resíduos de frente das casas foi o pedido da faxineira. "Esse lixo pode virar uma doença. Primeiro veio o Covid-19, daí a dengue e agora o que vamos esperar disso? Gostaríamos que a Prefeitura tirasse tudo isso", reforça Isabela.