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CAPELA DE SANTANA

RS-240: Mapa mostra três rotas alternativas a trecho que desabou; trajetos ligam os vales do Sinos e Caí

Desmoronamento da RS-240 interdita a rodovia em Capela de Santana; veja como está a situação com a catástrofe no RS

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Publicado em: 22/05/2024 às 03h:00 Última atualização: 22/05/2024 às 09h:11
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O desmoronamento de um trecho da RS-240, na noite desta segunda-feira (20), assustou os moradores de Capela de Santana.

Embora estivessem esperando o pior, no momento em que a via rompeu e toda a água represada ao lado da rodovia avançou com lama em direção à área central da cidade, moradores saíram desesperados de suas casas com medo da enxurrada.

Movimentação de terra fez RS-240 colapsar após pressão de água represada em um dos lados da rodovia | abc+



Movimentação de terra fez RS-240 colapsar após pressão de água represada em um dos lados da rodovia

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

A movimentação de terra que abriu uma cratera na altura do quilômetro 20 da rodovia foi precedida de um barulho alto, que aumentou a sensação de pânico entre a população. “Deu um estrondo muito forte, foi assustador”, declara o aposentado Leonildo Maurina, 65 anos, que reside na localidade do Viradouro, no bairro Imigrante.

Um pouco antes do deslizamento, o aposentado e vizinhos estiveram nas imediações de onde ocorreu o episódio. “A gente viu o asfalto começar a abrir e já imaginamos que isso fosse acontecer. A área foi evacuada e 15 minutos depois tudo veio abaixo”, explica.

Enquanto limpava o estabelecimento que foi destruído pelo lamaçal que desceu para a área urbana da cidade, o comerciante Tainan dos Reis, 31, manifestou seu sentimento de indignação com a situação.

Segundo ele, houve omissão do poder público e da CSG no caso, já que o problema do represamento da água em um dos lados da rodovia se arrastava há quase um mês. “Todos sabiam que isso iria acontecer, mas tentaram desacreditar a população de que pudesse ocorrer este rompimento”, afirma. “Queremos saber quem irá se responsabilizar pelo que aconteceu”, completou.

Dono de uma fruteira na principal avenida do município há cinco anos, Reis afirma que teve prejuízo total. “Perdemos tudo. Tínhamos feito Ceasa ontem [segunda] e a fruteira estava abastecida. Uma câmera fria de R$ 30 mil foi deslocada e a porta entortou, só para que vocês tenham noção da força da água aqui dentro”, explica.

Fruteira foi invadida por lamaçal que desceu da RS-240 | abc+



Fruteira foi invadida por lamaçal que desceu da RS-240

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

O prefeito Alfredo Machado garante que não houve negligência da prefeitura no caso. “A população foi avisada do que poderia acontecer. Eu mesmo fui até a residências de moradores fazer esse comunicado. A Defesa Civil também. Depois, mobilizamos todas nossas forças, nosso secretariado, para auxiliar os moradores”, pontua.

Prefeitura notificou oito vezes desde 2017

Se as notificações alertando sobre os riscos do represamento da água tivessem sido considerados pelas concessionárias responsáveis pela rodovia, a situação poderia ter sido evitada. Entre janeiro de 2017 e maio de 2024, a prefeitura notificou, pelo menos, oito vezes a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e a concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) sobre o problema.

A EGR era responsável pelo trecho até janeiro de 2023. Desde então, a CSG administra a rodovia. “A responsabilidade deste transtorno é exclusiva da EGR e da CSG”, dispara o prefeito Alfredo Machado. 

O prefeito avisou que ainda nesta semana, o governo deve ingressar com uma ação contra a CSG para buscar a reparação de danos. “Uma ponte e a Rua Levinius Bauermann foram destruídas pela avalanche de água. Vamos atrás de uma indenização pelos danos causados no município”, afirma. Um levantamento de prejuízos era realizado nesta terça. 

Machado sugere à população que teve prejuízos com a ocorrência que também ingresse na Justiça contra a concessionária que administra a rodovia. “Estamos orientando a entrar na Justiça contra a CSG. Não é nem fazer denúncia, é acionar na Justiça mesmo”, declara. 

Rotas para desvio

A interdição complica a vida de quem trafega pelo local. Há três desvios: 

1 – Através das RSs122 e 124, estradas que conectam São Sebastião do Caí a Montenegro, por Pareci Novo.

2 – Por uma estrada vicinal: A estrada Passo da Taquara, entre a RS240 e a RS-122. Por ela, o motorista também conseguirá chegar a Montenegro.

3 – Por dentro de Capela de Santana: fazendo a conexão entre a Avenida Coronel Orestes Lucas e a Rua Levinius Bauermann.

A Defesa Civil orienta, contudo, que essa rota só deve ser usada para acesso local e por veículos leves, tendo em vista as condições da estrada.

Mapa com rotas da RS-240 | abc+



Mapa com rotas da RS-240

Foto: Reprodução

Concessionária fala sobre conserto e intervenções no local

Ainda na noite de segunda (20), a CSG disse que o trecho era monitorado desde o dia 30 de abril e que a equipe da empresa já vinha trabalhando desde a última quarta-feira (15) para drenar o volume excessivo de água, Inclusive com a utilização de bomba hidráulica, mas o local não estava suportando a pressão da água: assim que foi identificado o risco, o local foi interditado e a situação comunicada para a Defesa Civil.

Moradores afirmaram à reportagem que a situação na rodovia se agravou a partir da abertura de canaletas na pista por onde a CSG passou tubos para tentar drenar a área com água represada.

“O solo já estava encharcado e pressionado pela água represada. Depois que abriram o asfalto, a água começou a penetrar ainda mais nessa parte e a terra começou a se movimentar rapidamente”, disse o aposentado Leonildo Maurina, 65 anos, que reside próximo do local.

Em nota, a CSG confirma a abertura de canais, através de um corte na camada superficial do pavimento, com a profundidade de 50 centímetros, para a instalação de duas linhas de tubos de 6 polegadas para tentar drenar a área. Contudo, a concessionária alega que não foi este o motivo do desmoronamento.

“O trecho onde foi realizada a intervenção é composto por um aterro com altura superior a 12 metros. Portanto, o corte superficial de para a instalação dos tubos não teve qualquer relação com a ruptura do pavimento e, consequentemente, com a passagem do volume de água”, alega a concessionária.

A CSG especula, ainda, outros problemas. “Além das fortes chuvas das últimas semanas, também há informação da ruptura de 3 açudes e uma represa de pequeno porte a montante, que podem ter desaguado no local de ruptura. Estas informações ainda estão sendo apuradas pela empresa.”

A concessionária informa que está trabalhando na limpeza do local e que fará a instalação de uma galeria de dois metros de altura por dois metros de largura. Após a conclusão deste serviço, serão realizadas obras de reconstrução da via. Ainda não há previsão quanto ao prazo de liberação para o tráfego no trecho. 

 

Fim do pare e siga na BR-116

O sistema de pare e siga no quilômetro 232 da BR-116, no trecho entre Estância Velha e Ivoti, será encerrado hoje. Isso porque, a partir das 6 horas, motoristas que trafegam no sentido interior-capital poderão passar pela “nova pista” que está sendo construída pelo acostamento, em um trecho de cerca de 150 metros.

Conforme o engenheiro da Prosul, empresa contratada para fiscalizar a execução do contrato de manutenção da BR-116 de Porto Alegre a Nova Petrópolis entre a Neovias e o Dnit, João Paulo Araújo, o trabalho serve para evitar os congestionamentos causados pelo trânsito somente em uma pista desde que a encosta deslizou no dia 2 de maio.

Desta forma, motoristas que sobem a rodovia no sentido à Serra, continuam passando pelo caminho já existente, desviando da cratera a uma distância segura, marcada por cones. Quem vem no sentido contrário irá para o novo acostamento, asfaltado durante o fim de tarde e noite de ontem, antes de retornar para a pista normal. “Nós próximos dias, também queremos iniciar a recuperação desta parte que cedeu, para então voltar o trânsito à normalidade”, afirma.

As obras para a terceira faixa no canteiro central da BR-116 também retornaram. As escavações estão sendo realizadas no trecho final, desde a altura do I Fashion Outlet até o viaduto da RS-239.

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