O traçado de construção da RS-010 foi apresentado na manhã desta sexta-feira (24) durante o Seminário de Mobilidade Urbana da Região Metropolitana do Rio Grande do Sul.
A Rodovia do Progresso tem extensão de 41,75 quilômetros e custo estimado de R$ 1.732.198.245,60.
A estrada será dividida em dois segmentos: A, de Porto Alegre (BR-290) até a Gravataí (RS-118), e B, de Gravataí a Campo Bom, na RS-239.
O anúncio, realizado pelo secretário estadual de Logística e Transportes, Juvir Costella, ocorreu no evento realizado no Auditório Padre Werner, da Unisinos, em São Leopoldo. O encontro reúne autoridades federais, estaduais e municipais, além de lideranças empresariais de todo o Estado.
A abertura do encontro teve a presença do governador Eduardo Leite que defendeu a necessidade de melhorias na região pelo impacto que vai gerar para mais de 5 milhões de habitantes, o que representa 44% da população gaúcha.
“O valor de R$ 1,7 bilhão é um volume de recursos desafiador, mas temos que nos desafiar sem dúvida nenhuma. Identificar caminhos para torná-la realidade, seja por aportes públicos ou por concessão”, declarou.
Costella afirmou que o valor é “nada” diante do impacto favorável que a Rodovia do Progresso. Em 2021, estimava-se um tráfego de 18 mil veículos diários na RS-010, volume que em 15 anos deve ultrapassar 30 mil. “Agora, precisa falar de onde fazer, como fazer e por onde começamos. Alguém vai discordar de alguma coisa. Mas agora temos uma ideia de onde ir”, disse o secretário.
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Desenho da RS-010
O desenho da RS-010 é o resultado do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) que foi contratado pelo governo do Estado em setembro de 2020. Em maio de 2021, a STE, empresa que venceu a licitação do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), apresentou quatro propostas e a partir daí passou a avaliar os impactos e a viabilidade.
A opção número 2, que prevê passagem por Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Campo Bom e Sapiranga, foi apontada como a mais viável e, a partir de agora, vai nortear os próximos passos para que a obra possa sair do papel. Pelo mapa apresentado, em Campo Bom, a RS-010 começaria junto ao posto do Comando Rodoviário da Brigada Militar.
Segundo o diretor-geral do Daer, Luciano Faustino da Silva, como o ponto já é uma confluência de vias, a ideia é distribuir o fluxo entre quem segue pela RS-239 e quem adentra a RS-010, em direção a Porto Alegre. “Este ponto será detalhado no projeto, com os ajustes necessários”, pondera.
Próximo passo
Conforme Costella, o próximo passo para é realização de audiências públicas para ouvir a população e definir os detalhes. O projeto executivo é estimado em R$ 15 milhões. Somente quando for vencida essa etapa será possível licitar a obra, que ainda não tem origem de recursos definida, públicos ou privados. O secretário defendeu também a mobilização da bancada gaúcha em Brasília para enviar emendas para a RS-010.
Reserva de terras
Foi em 2002 que o Daer apresentou a primeira proposta para a Rodovia do Progresso. Na época, todos os municípios contemplados pelo traçado receberam plantas do eixo da rodovia para que os trechos fossem preservados.
Hoje, a área que originalmente seria para a estrada é ocupada por moradias legalizadas, ocupações irregulares e empreendimentos comerciais, o que é apontado como um desafio a mais para o empreendimento.
Sobre isso, a prefeita de Novo Hamburgo Fatima Daudt, que foi uma das painelistas, defendeu a importância dos municípios reverem seu plano diretor e garantir que haja a reserva de terras. No Município, a RS-010 vai passar por Lomba Grande. Para tanto, é necessária a definição exata do traçado.
O que dizem as autoridades da região
O deputado federal Tenente-coronel Zucco destacou que a construção da nova estrada é uma decisão política. “Temos que nos perguntar o que perdemos em não ter a RS-010. Indústrias, empregos, turismo, menos engarrafamentos? Nós não temos dúvida de que precisamos tirar do papel.”
Ao encontro da fala de Zucco, o presidente do Centro das Indústrias de Cachoeirinha, Jeferson Gorziza, reforçou que é uma “decisão política” fazer a estrada. “Como empresário, nós precisamos de rodovias e logística para nossas empresas crescerem”, salientou.
Luciano Orsi, prefeito de Campo Bom e presidente da Federação das Associações do Municípios do Estado (Famurs), lembrou o quanto a falta da rodovia encarece o custo da região e do Rio Grande do Sul, trazendo dificuldades de mão de obra e no transporte das empresas.
Para o deputado estadual Issur Koch, a pauta da RS-010 diz respeito aos 55 parlamentares eleitos. Ele chamou atenção para o fato da região metropolitana concentrar o quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, o que reforça ainda mais a necessidade de realizar a obra.
RS-010
A RS-010 é chamada de rodovia de classe zero, ou seja, deve ser construída por uma decisão administrativa porque atende uma demanda de interesse estadual. É uma via para grandes volumes de tráfego, em especial, de cargas, pois integra rota logística de escoamento.
Segundo o EVTEA, a estrada vem para preencher um vazio que existe na malha rodoviária da região metropolitana.