SAFRA 2022/23
Rio Grande do Sul terá a menor área de colheita de arroz dos últimos 20 anos
Safra começa a ser colhida na metade de fevereiro; produtores semearam pouco mais de 862 mil hectares no RS
Última atualização: 22/01/2024 15:14
Na metade de fevereiro começa oficialmente a colheita do arroz no Rio Grande do Sul. Na safra 2022/23, produtores gaúchos semearam pouco mais de 862 mil hectares e a expectativa é alcançar produtividade média de 8.226 Kg/ha.
De acordo com a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), houve uma redução de área comparada a outros anos. O motivo principal são os custos, que sofreram aumento de 60% nos últimos dois anos.
O Estado responde por cerca de 70% do arroz produzido no Brasil. Porém, segundo o consultor da AgroDados Inteligência em Mercados de Arroz, Cleiton Evandro dos Santos, o RS vem, nos últimos anos, perdendo área.
O primeiro motivo é a renda: a lavoura de arroz perdeu rentabilidade em comparação com outras culturas. "O segundo fator foi o advento de tecnologias que atualmente permitem plantar soja e milho em terras de arroz", aponta Santos. "As culturas que têm obtido preços melhores, têm custo menor e ainda trazem uma agregação de qualidade ao solo", explica.
Ainda segundo o especialista, o que se espera desta safra são preços mais remuneradores a partir de julho e agosto, quando cairá a pressão de oferta, uma vez que os custos estão muito altos. A queda da área destinada ao arroz foi de 10% e, agora, a preocupação é com os preços.
Levantamento do Irga mostra que a saca de 50 quilos (em casca) foi negociada a R$ 87,57. O preço para o consumidor do saco de 5 quilos (arroz branco tipo 1) deverá ficar na faixa dos R$ 22, com máxima chegando a R$ 40 e mínima a R$ 16,84.
Conforme Santos, em termos de consumo o Brasil estagnou em torno de 10,5 milhões de toneladas. Quanto à produção, este ano, o País deve chegar a 10,35 milhões. "Não falta arroz porque trabalhamos com estoques altos e anualmente importamos cerca de 1 milhão de toneladas do Mercosul", acrescenta o consultor.
Sobre a expectativa da colheita, Santos frisa que em função do menor volume disponível – será colhida a menor das áreas dos últimos 20 anos – "e conjuntura internacional e de câmbio, o Brasil não deve repetir ou aproximar-se do recorde de exportações do ano passado", explica.
Estado tem avanço no trato das culturas
Até o arroz chegar ao prato do brasileiro, não se imagina os processos que ocorrem. No manejo das lavouras do RS houve um avanço nos tratos culturais. Além do controle para manutenção de uma lâmina de água adequada, a cultura apresentou bom desenvolvimento após a estabilização das temperaturas, já que o período foi de calor e grande irradiação solar de forma benéfica para uma boa resposta das plantas.
Segundo dados do Irga, o arroz é cultivado em 183 municípios gaúchos. Os primeiros dez destaques em cultivo irrigado são: Santa Vitória do Palmar, Uruguaiana, Itaqui, Alegrete, Dom Pedrito, Arroio Grande, Camaquã, São Borja, Mostardas e São Gabriel. Em cultivo de sequeiro estão os municípios de Venâncio Aires, Frederico Westphalen, Alpestre, Bom Princípio, São José do Hortêncio, Sinimbu, Caiçara, Dom Feliciano, Mato Castelhano e Sapiranga.
Produtor de Esteio terá a melhor safra dos últimos anos
Apesar do cenário desafiador imposto pelo clima e pelo aumento nos custos de produção, há otimismo no campo. O produtor João Batista Duarte, 62 anos, de Esteio, tem boas expectativas. “Acertamos na irrigação e no tratamento com a água e vamos colher o melhor arroz dos últimos anos. Conseguimos uma lavoura limpa e bonita”, conta Duarte. Daqui a cerca de 15 dias Duarte dará início à retirada da água da plantação e o arroz estará pronto para a colheita. “Eu cuido sozinho de 190 hectares e meus filhos de mais 300. Para a colheita, contamos com seis pessoas e duas máquinas agrícolas.” A colheita da família começará no fim de fevereiro e deve ser finalizada em menos de dois meses. “O segredo de uma boa colheita é saber trabalhar bem com a água e isso a gente aprendeu em anos de produção”, reforça o produtor.
Cultivo orgânico em Nova Santa Rita
Além de produzir arroz irrigado, a região é referência no orgânico. Em Nova Santa Rita, na Grande Porto Alegre, 31 famílias ligadas à Cooperativa de Produção Agropecuária (Coopan) respondem pela produção. Atualmente, segundo informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), juntas elas cultivam cerca de 110 hectares de arroz orgânico. É considerada a maior produção deste tipo no Brasil.
No entanto, o cultivo orgânico de Nova Santa Rita representa apenas uma pequena parcela do consumo de arroz em geral no Brasil. Mesmo assim, o trabalho feito nos assentamentos chama a atenção para a produção agrícola livre de agrotóxico. Na safra passada a previsão era colher cerca de 30 mil sacas de arroz orgânico, sendo cada saca de 50 quilos. Para celebrar a colheita, anualmente ocorre a Festa da Colheita do Arroz Agroecológico em Nova Santa Rita.
Na metade de fevereiro começa oficialmente a colheita do arroz no Rio Grande do Sul. Na safra 2022/23, produtores gaúchos semearam pouco mais de 862 mil hectares e a expectativa é alcançar produtividade média de 8.226 Kg/ha.
De acordo com a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), houve uma redução de área comparada a outros anos. O motivo principal são os custos, que sofreram aumento de 60% nos últimos dois anos.
O Estado responde por cerca de 70% do arroz produzido no Brasil. Porém, segundo o consultor da AgroDados Inteligência em Mercados de Arroz, Cleiton Evandro dos Santos, o RS vem, nos últimos anos, perdendo área.
O primeiro motivo é a renda: a lavoura de arroz perdeu rentabilidade em comparação com outras culturas. "O segundo fator foi o advento de tecnologias que atualmente permitem plantar soja e milho em terras de arroz", aponta Santos. "As culturas que têm obtido preços melhores, têm custo menor e ainda trazem uma agregação de qualidade ao solo", explica.
Ainda segundo o especialista, o que se espera desta safra são preços mais remuneradores a partir de julho e agosto, quando cairá a pressão de oferta, uma vez que os custos estão muito altos. A queda da área destinada ao arroz foi de 10% e, agora, a preocupação é com os preços.
Levantamento do Irga mostra que a saca de 50 quilos (em casca) foi negociada a R$ 87,57. O preço para o consumidor do saco de 5 quilos (arroz branco tipo 1) deverá ficar na faixa dos R$ 22, com máxima chegando a R$ 40 e mínima a R$ 16,84.
Conforme Santos, em termos de consumo o Brasil estagnou em torno de 10,5 milhões de toneladas. Quanto à produção, este ano, o País deve chegar a 10,35 milhões. "Não falta arroz porque trabalhamos com estoques altos e anualmente importamos cerca de 1 milhão de toneladas do Mercosul", acrescenta o consultor.
Sobre a expectativa da colheita, Santos frisa que em função do menor volume disponível – será colhida a menor das áreas dos últimos 20 anos – "e conjuntura internacional e de câmbio, o Brasil não deve repetir ou aproximar-se do recorde de exportações do ano passado", explica.
Estado tem avanço no trato das culturas
Até o arroz chegar ao prato do brasileiro, não se imagina os processos que ocorrem. No manejo das lavouras do RS houve um avanço nos tratos culturais. Além do controle para manutenção de uma lâmina de água adequada, a cultura apresentou bom desenvolvimento após a estabilização das temperaturas, já que o período foi de calor e grande irradiação solar de forma benéfica para uma boa resposta das plantas.
Segundo dados do Irga, o arroz é cultivado em 183 municípios gaúchos. Os primeiros dez destaques em cultivo irrigado são: Santa Vitória do Palmar, Uruguaiana, Itaqui, Alegrete, Dom Pedrito, Arroio Grande, Camaquã, São Borja, Mostardas e São Gabriel. Em cultivo de sequeiro estão os municípios de Venâncio Aires, Frederico Westphalen, Alpestre, Bom Princípio, São José do Hortêncio, Sinimbu, Caiçara, Dom Feliciano, Mato Castelhano e Sapiranga.
Produtor de Esteio terá a melhor safra dos últimos anos
Apesar do cenário desafiador imposto pelo clima e pelo aumento nos custos de produção, há otimismo no campo. O produtor João Batista Duarte, 62 anos, de Esteio, tem boas expectativas. “Acertamos na irrigação e no tratamento com a água e vamos colher o melhor arroz dos últimos anos. Conseguimos uma lavoura limpa e bonita”, conta Duarte. Daqui a cerca de 15 dias Duarte dará início à retirada da água da plantação e o arroz estará pronto para a colheita. “Eu cuido sozinho de 190 hectares e meus filhos de mais 300. Para a colheita, contamos com seis pessoas e duas máquinas agrícolas.” A colheita da família começará no fim de fevereiro e deve ser finalizada em menos de dois meses. “O segredo de uma boa colheita é saber trabalhar bem com a água e isso a gente aprendeu em anos de produção”, reforça o produtor.
Cultivo orgânico em Nova Santa Rita
Além de produzir arroz irrigado, a região é referência no orgânico. Em Nova Santa Rita, na Grande Porto Alegre, 31 famílias ligadas à Cooperativa de Produção Agropecuária (Coopan) respondem pela produção. Atualmente, segundo informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), juntas elas cultivam cerca de 110 hectares de arroz orgânico. É considerada a maior produção deste tipo no Brasil.
No entanto, o cultivo orgânico de Nova Santa Rita representa apenas uma pequena parcela do consumo de arroz em geral no Brasil. Mesmo assim, o trabalho feito nos assentamentos chama a atenção para a produção agrícola livre de agrotóxico. Na safra passada a previsão era colher cerca de 30 mil sacas de arroz orgânico, sendo cada saca de 50 quilos. Para celebrar a colheita, anualmente ocorre a Festa da Colheita do Arroz Agroecológico em Nova Santa Rita.
De acordo com a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), houve uma redução de área comparada a outros anos. O motivo principal são os custos, que sofreram aumento de 60% nos últimos dois anos.
O Estado responde por cerca de 70% do arroz produzido no Brasil. Porém, segundo o consultor da AgroDados Inteligência em Mercados de Arroz, Cleiton Evandro dos Santos, o RS vem, nos últimos anos, perdendo área.