CEMITÉRIO MUNICIPAL
Restos mortais de 5,8 mil podem ser incinerados em Novo Hamburgo; saiba o motivo
Prefeitura de Novo Hamburgo abre caminho para a medida que afeta corpos de pessoas que foram enterradas do Cemitério Municipal Willy Martin
Última atualização: 30/11/2023 11:00
Com os depósitos abarrotados de restos mortais, a Prefeitura de Novo Hamburgo abre caminho para a incineração de ossos de 5,8 mil pessoas que estavam enterradas no Cemitério Municipal Willy Martin e tiveram os corpos exumados por terem sido abandonados pelos familiares.
Um decreto autorizando a cremação foi publicado no começo do mês de novembro. O documento, assinado pela prefeita Fatima Daudt e pelo secretário de Administração, Fauston Saraiva, justifica que a medida é necessária por conta do aumento expressivo de sepultamentos no cemitério municipal e devido a superlotação do ossário geral.
Uma nota encaminhada pela Diretoria de Serviços Urbanos contraria o texto do decreto no que tange à superlotação do ossário. Diz a nota que a cremação dos restos mortais poderá acontecer “no momento em que a capacidade do ossário geral estiver esgotada, o que não é a situação de momento”.
A Diretoria de Serviços Urbanos afirma que não há prazo para iniciar este processo, nem a quantidade estimada de cremações.
Pilhas de sacos até o teto
O ossário geral é composto por dois depósitos existentes na área em que está instalado o cemitério Willy Martin. Cada um mede cerca de 16 metros quadrados. Um deles está localizado no fim de um corredor do cemitério principal, enquanto que o outro fica no térreo do cemitério vertical, que fica em um prédio anexo.
Por frestas existentes nas portas dos dois depósitos, é possível ver sacos pretos e azuis jogados de forma aleatória, formando pilhas que vão até o teto. Em um dos depósitos [cemitério vertical], é possível tocar nos sacos de tão grande que é a fresta existente na porta.
Familiares poderão retirar cinzas de restos mortais incinerados
O recente decreto mantém a autorização de exumação de corpos enterrados em túmulos abandonados e que não estejam com o arrendamento em dia. Caso o arrendamento não seja renovado três anos após o sepultamento, os restos mortais poderão ser exumados - após notificação por edital - e levados ao ossário geral.
Nesta etapa, a qualquer momento, os ossos poderão ser encaminhados para incineração. A lei não prevê, porém, a Administração promete lançar um edital com os nomes das pessoas que terão as ossadas cremadas. Essa incineração ficará sob responsabilidade dos cemitérios privados, de acordo com critérios estabelecidos por uma lei de 1970, atualizada em 2021.
O documento prevê, ainda, que as cinzas resultantes da cremação sejam acondicionadas em recipientes apropriados, obrigatoriamente identificados com o nome da pessoa falecida, a data de nascimento e falecimento e o número de registro da incineração.
Exemplo de quem cuida
Na manhã de quarta-feira (29), Isabela Moraes, 44 anos, acompanhou a exumação dos restos mortais da irmã, Genessi Borges de Moraes, que morreu há 10 anos vítima de um infarto fulminante. Genessi tinha 42 anos na época.
Isabela mantinha em dia o arrendamento do espaço onde a irmã estava sepultada. Contudo, decidiu exumar o corpo para levar os restos mortais para o nicho do ossário municipal, onde já estão os restos mortais da sua mãe. “Sempre fiz tudo certo e nunca abandonei os túmulos, como a gente pode ver aos montes aqui. Decidi colocá-las juntas, pois era um desejo da minha mãe”, explica.
Para a aquisição de um nicho perpétuo, os familiares devem procurar a Secretaria de Obras, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas, para fazer o encaminhamento. O custo é de R$ 627,98 para o armazenamento de três ossadas, e de R$ 1.596,73 para quatro ossadas.