EM APARTAMENTO NA CAMPINA

Resgate de égua durou 8 horas e mobilizou bombeiros de quatro estados e do DF

"Estamos procurando ser incansáveis até que a última vida seja salva", diz capitão que atuou no salvamento do animal

Publicado em: 15/05/2024 13:33
Última atualização: 15/05/2024 14:04

O salvamento de uma égua, que estava no terceiro andar de um condomínio residencial no bairro Campina, em São Leopoldo, causou comoção a quem acompanhou de perto a angústia do animal, que ficou cerca de 10 dias preso no local. A operação para a retirada da égua do espaço durou oito horas e mobilizou uma equipe de cerca de 15 bombeiros de quatro estados e do Distrito Federal terça-feira (14). 

Operação de resgate da égua aconteceu terça-feira (14), em São Leopoldo Foto: Reprodução

Comandante da Companhia de Bombeiros Militar de São Leopoldo, o capitão Tiarles Gularte de Almeida integrou a equipe. Segundo ele, a expectativa dos veterinários que auxiliaram no resgate é de que o animal não resistiria mais um dia naquela situação, tendo em vista que estava desnutrido e desidratado.

"Não se sabe ao certo quanto tempo ela estava lá, estimamos que desde o começo da enchente na cidade. Recebemos a informação de que teria uma égua e até mesmo uma novilha no local fomos até lá para ver o que seria feito, o que seria mais adequado. Uma veterinária voluntária nos acompanhou e informou que a égua estava subnutrida", explica o capitão.

Diante do estado de saúde do animal, os bombeiros começaram a traçar o plano de resgate. "Nossa ideia era tentar pelo pavimento de baixo transportar ela por uma espécie de escorregador, uma plataforma que colocaríamos no meio do bote e na janela do andar de baixo e escorregaríamos com ela por ali, fazendo a segurança por um sistema de cordas. Como se tornou inviável esta técnica, tivemos que usar outra, chamada de tirolesa dinâmica, que por meio da multiplicação de força puxa o animal até o local onde gostaria e depois solta e ela desce no local onde desejamos. É uma técnica extremamente difícil de executar, mas como treinamos constantemente para isto, foi possível fazer com segurança", explica o capitão. 

Conforme ele, além dos bombeiros militares gaúchos, participaram da operação também profissionais da Paraíba, do Mato Grosso do Sul, de Rondônia e do Distrito Federal, que estão no Estado auxiliando nos resgates às vítimas das enchentes. Após ser salvo, o animal foi entregue a uma ONG e seguia sob os cuidados de voluntários até a manhã desta quarta-feira (15) para posteriormente ser devolvido ao dono. 

"Sentimento é de parte do dever cumprido" 

Atuando no resgate, auxílio e atendimento às vítimas da enchente em 41 municípios da região desde o final de abril, o capitão se disse "extremamente emocionado" com o salvamento da égua no residencial leopoldense.

"As pessoas podem pensar que é algo simples, mas é uma operação muito complexa. É muito difícil tirar um animal com este peso, que não está completamente apagado. O veterinário que nos acompanhou explicou que por causa da condição de saúde dela, teria de dar uma dose de sedação menor, apenas para acalmar ela. A égua fazia força, dava coice, e tínhamos que segurar, numa operação que se estendeu parte no período noturno, o que aumentava os seus riscos", diz. 

"O sentimento é de parte do dever cumprido", resume o capitão. "Em qualquer operação, todo bombeiro militar tem feito o seu melhor tecnicamente, profissionalmente e de comprometimento neste momento tão crítico para a sociedade gaúcha para que toda a vida seja salva. Tem sido triste o cenário e tudo que a nossa comunidade vem passando, mas, ao mesmo tempo, há um sentimento de orgulho de todo o bombeiro que está trabalhando nesta inundação, nesta tragédia em todo o nosso Estado", completa. 

 

 

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