CATÁSTROFE NO RS

Relíquias que pertenceram à Varig foram atingidas pela enchente em Porto Alegre

Entre elas está um simulador de madeira fabricado nos anos 1930, informa Associação VarigVive; avião DC-3 deve ser reaberto em breve para visitação

Publicado em: 11/06/2024 00:55
Última atualização: 11/06/2024 00:59

A enchente que invadiu Porto Alegre e fechou o Aeroporto Internacional Salgado Filho por tempo indeterminado a partir da noite de 3 de maio alcançou também peças que ajudam a contar um pouco da história da antiga Varig. O avião DC-3 de prefixo PP-ANU exposto no pátio do Boulevard Laçador é uma delas.


Segundo Associação VarigVive, simulador de voo Link Trainer, feito de madeira, foi atingido pela enchente Foto: Divulgação/VarigVive

A água não atingiu o interior do avião, apenas a cauda e o estabilizador, que ficam na parte mais próxima do chão. A previsão do Boulevard Laçador é que a visitação ao DC-3, apelidado na aviação como "Douglinhas", seja retomada "em breve". Ainda não há uma data marcada para a reabertura.

Por meio da assessoria de comunicação, o Boulevard confirmou ao Grupo Sinos que motores de aviões da antiga Varig também foram "parcialmente atingidos pelas águas". Assim como o DC-3, as máquinas estão sob os cuidados do Boulevard. "Estão em ótimo estado de conservação", informou o shopping, adiantando que "os motores ganharão uma nova exposição ainda em julho".


Motores da antiga Varig voltarão a ser expostos no Boulevard Laçador Foto: Arquivo

As peças foram alcançadas pela enchente histórica menos de uma semana antes do aniversário de 97 anos da Varig. Foi em 7 de maio de 1927 que o alemão Otto Ernst Meyer lançou a Viação Aérea Rio-Grandense (Varig), que começou operando um hidroavião Dornier Wal, batizado de Atlântico, entre Porto Alegre e a região de Pelotas e Rio Grande.

Segundo a Associação VarigVive, outras peças que foram da Varig e hoje estão sob responsabilidade do Boulevard Laçador foram atingidas pela enchente. Elas estariam guardadas em uma sala próxima ao avião DC-3 que é fechada ao público. A entidade diz não ter acesso ao local para fazer um levantamento de eventuais estragos.


Avião DC-3 exposto no pátio do Boulevard Laçador foi alcançado pela água da enchente Foto: Reprodução

O presidente da Associação VarigVive, Rubem Oscar Bürgel, que foi engenheiro de voo da Varig, cita que entre os materiais que ficaram alagados está um raro simulador de madeira fabricado nos anos de 1930, batizado de Link Trainer. "Está em um puxadinho onde a água chegou a um metro de altura", informa.

"O simulador tinha instrumentos e dispositivos elétricos e servia nos primórdios da aviação para pilotos aprenderem a voar por instrumentos. O inventor, Mr. Link, fez uma centena deles. A Varig comprou uma peça, que foi usada entre anos 1940 e 1980", resume Bürgel, um especialista quando o assunto é história da Varig.

Crítico dos cuidados do shopping com o material que pertenceu à Varig, Rubem Oscar Bürgel lamenta que "a enchente só piorou algo que estava péssimo". Ele defende que todo o acervo que está no Boulevard precisa ser revisado após o alagamento, catalogado e exposto ao público de forma permanente.

Quando o Boulevar Laçador reabre?

Por meio da assessoria de imprensa, a direção do Boulevard Laçador informa que 120 pessoas estão trabalhando na limpeza e recuperação da estrutura do local após a enchente de maio. Aquela região de Porto Alegre ficou alagada por quase um mês.

A previsão é que, ainda em junho, o shopping reabra com operação de restaurantes como Expresso Di Paolo, Zaandam, Madero e Gelateria Gianlucca Zaffari. Outros como Galeto Di Paolo, McDonald’s e Cantina Pastaciutta devem retomar o funcionamento em julho. "Os demais restaurantes devem reabrir tão logo estejam prontos", conclui nota da assessoria.

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