As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul deixaram um rastro de destruição e desalento em diversas cidades. Mais de um mês após o começo da tragédia, o Estado segue com mais de 35 mil pessoas desabrigadas.
Os dados, fornecidos pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social revelam a gravidade da situação que afeta a vida de milhares de famílias. Os dados são referentes ao dia 3 de junho e já podem ter mudança, visto que esse número tem diminuído diariamente com o retorno das pessoas para suas casas.
Impactos nas cidades
A região metropolitana concentra a maioria dos desabrigados, representando 72,66% do total. O Vale do Sinos abriga 25,04% dos desabrigados, enquanto a Serra contabiliza 2%. As regiões do Vale do Taquari, Vale do Caí e Vale do Paranhana têm percentuais menores de desabrigados, com 0,12%, 0,08%, e 0,02%, respectivamente.
Canoas é a cidade com maior número de afetados na atualidade, com 9.901 pessoas desabrigadas e 61 abrigos montados para atender a população no dia do levantamento dos dados. Porto Alegre aparece em seguida, com 9.193 desabrigados e 134 abrigos. A terceira cidade é São Leopoldo, que conta com 71 abrigos e 4.361 desabrigados.
Segundo a secretária de Assistência Social de São Leopoldo, Márcia Martins, o número de abrigados e abrigos existentes na cidade é “flutuante” e tende a sofrer alterações semanalmente. “Pois conforme as águas baixam, as famílias estão reorganizando suas moradias e retornando”, explica.
Outras cidades também foram gravemente afetadas. Novo Hamburgo, na data do levantamento, tinha 1.164 pessoas em abrigos vinculados à prefeitura, enquanto Viamão e Gramado registravam 291 e 395 desabrigados, respectivamente. Em Sapucaia do Sul, eram ainda 148 desabrigados, em um abrigo. Em Esteio, já não há mais desabrigados.
Cidades como Campo Bom, Morro Reuter, Dois Irmãos, Ivoti, Montenegro, Nova Petrópolis, Sapiranga, Parobé, Três Coroas e Capela de Santana têm um número menor de desabrigados, variando entre 3 e 65 pessoas. Em Nova Santa Rita, há 55 pessoas que seguem em 4 abrigos, de acordo com a prefeitura.
“Fomos bem recebidos”
Em Canoas, o número de pessoas alojadas emergencialmente chegou a ultrapassar 20 mil em maio. Jair Nunes, 54 anos, é um dos abrigados na escola Carlos Drummond de Andrade, no bairro Guajuviras. “Fica só a tristeza do jeito que ficou nossa casa. Saímos sem ter um destino certo, pensamos que íamos ter de dormir na rua”, conta.
“Ainda não sabemos o que vamos encontrar, mas aqui fomos bem recebidos”, relata. No local, ações com as crianças são realizadas, como o Espaço da Gurizada, instalado por iniciativa do Unicef. A alimentação é garantida por funcionárias da escola.
Tempo influencia
Novo Hamburgo está vivenciando um momento de transição, com o número de pessoas abrigadas na Fenac caindo drasticamente nos últimos dias. Segundo Daniel Bota, coordenador do abrigo na Fenac, essa mudança está diretamente relacionada à melhora nas condições climáticas e à baixa das águas na região da Santo Afonso.
Em uma semana o número de abrigados caiu cerca de 65%. O processo de retorno é feito com cuidado. As famílias que deixam o abrigo recebem kits de limpeza e alimentação, além de colchões, cobertas e roupas que utilizaram durante o período em que estiveram na Fenac.
Colaboraram: Renata Strapazzon e Valentina Bressan
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