O tradicionalismo gaúcho ganha ares de “Oscar” desta sexta-feira (24) até domingo (26) em Santa Cruz do Sul. O 36º Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart) contará com nove palcos que receberão apresentações de mais de 20 modalidades, como dança, chula, intérprete vocal, trovas, instrumentais, entre outros. O evento, que pela primeira vez em sua história terá intérprete de Libras nas danças tradicionais e na chula, ocorrerá no Parque da Oktoberfest e deverá reunir mais de 4 mil competidores, dos quais 3,5 mil competidores nas danças tradicionais e 650 nas modalidades individuais.
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A coordenadora do Enart, a produtora cultural Lara Lindenmeyer, salienta que os artistas amadores estão se preparando desde março, envolvendo o trabalho de pesquisa, indumentária, ensaios, composição musical, elementos cênicos, tudo construído em conjunto nas entidades. “O Enart não acontece em um piscar de olhos. São várias etapas até chegar na grande final. É o resultado da união de todos e da diversidade de talentos”, salienta.
“Esse evento é um estímulo à juventude que busca o meio tradicionalista como uma forma de vida. O Enart inspira crianças do meio e também novos adeptos e tem intuito de manter viva a nossa história, cultura e arte”, sublinha a vice -presidente de artística, Madeline Zancanaro.
De mala, cuia e muito ensaio
A região não ficará de fora. Na lista de participantes, por exemplo, nas danças tradicionalistas estão Novo Hamburgo, Bom Princípio, Campo Bom, Canoas, Esteio, Gravataí, Imbé, Osório, Parobé, São Leopoldo e Taquara.
Carlos Moser salienta que Santa Cruz pode esperar da 30ª Região Tradicionalista, o qual coordena, grupos extremamente comprometidos, preparados e qualificados para participar do festival. “Os grupos estão se preparando há vários meses, participaram de uma etapa regional lá em Capão da Canoa, em setembro, e estão fortes. Vamos brigar por boas colocações dentro do festival”, antecipa.
Nos palcos, a diversidade de temática não faltará depois de meses de ensaios. Novo Hamburgo abre as apresentações na sexta-feira, representando a força A nas danças tradicionais. O vice-patrão da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande (SGLG) e dançarino do grupo, Sidinei Pereira Gonchoroski, explica que espera chegar a finalíssima no segundo dia.
No palco, o grupo de danças da SGLG apresentará sua coreografia com a música “Feito As Ramas da Videira”, gravada por Pirisca Grecco no álbum “O que sou e o que pareço”, e a saída será com “De Sonho e de Vento”, também de Pirisca Grecco, com Arthur Seidel e Maria Fernanda da Costa no álbum “Ilexlância” de 2022.
Sob o tema de entrada e saída “República das Carretas e a chegada da tipografia”, o CTG Sangue Nativo, de Parobé, entra no palco no sábado à tarde. Ao todo são 12 pares completos e mais seis meninas que se revezam nas apresentações. “O grupo este ano contou sete pessoas a mais na coordenação, três instrutores e um coreógrafo, para ajudar o grupo, todos vindo a somar. Estamos bastante entusiasmados e, embora tenha sido exaustivo, vamos entregar um bom resultado a todos”, diz a patroa
Cinara Calvi da Silva.
O CTG M´Bororé, de Campo Bom, que ficou com o 3º lugar nas duas últimas edições do Enart, contará com a lenda do vento minuano com seu grupo de danças tradicionais. “O sopro do minuano”, explica a patroa Karen Ferreira, é para relembrar a história na qual uma índia cantava e homens que ouviam sua voz deveriam cobrir os ouvidos para não virarem pedra.
“Trabalhamos o ano inteiro para mostrar o nosso melhor e o resultado é uma consequência”, diz a patroa do M´Bororé, que se apresenta no sábado à tarde.
Saiba mais:
Lista da ordem de apresentação das modalidades do Enart 2023 pode ser conferida no link: Clique aqui e confira.
“É motivo de muito orgulho”
Coordenadora da 12ª Região Tradicionalista (12ªRT), que contempla as entidades de Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Nova Santa Rita, Márcia Monteiro falou que os representantes da região estão com trabalhos lindos para o Enart e enalteceu os grupos artísticos que participarão das forças A e B.
“Só o fato de estar lá, entre os 40 melhores grupos do Estado do Rio Grande do Sul já é uma grande vitória”, destacou. “A região está de parabéns, os patrões e CTGs, por todo o trabalho que estão realizando, não só com os grupos artísticos, mas com os individuais em todas as modalidades. É motivo de muito orgulho para a nossa região: todos os CTGs vivenciado a nossa tradição e impulsionando o tradicionalismo”.
Conexão
Grupo de melhor colocação da 12ª RT na classificação para a força A, a invernada adulta do CTG Tapera Velha, de São Leopoldo, está com preparativos intensos nessa reta final. No ano passado, o grupo participou pela primeira vez da principal categoria em disputa do Enart. “Nossa expectativa em 2022 era estrear no palco da força A do festival, e foi maravilhoso abordar a presença do negro na história do Berço da Colonização Alemã”, disse a patroa do CTG, Cláudia Ribeiro.
“Para 2023, quando completamos 10 anos de participação no festival com as danças tradicionais, vamos falar sobre a conexão entre a música e a dança, ressaltando os quatro elementos fundamentais nesta conexão: a gaita, o violão, o violino e o bombo legüero”, contou. “‘Todos juntos somos um, nesta arte de dançar’”, diz uma das músicas para coreografar e demonstrar esta conexão.
“Estamos orgulhosos pelo envolvimento dos dançarinos, instrutores, musical, equipe de apoio, refletindo o outro trecho da música ‘Todos juntos somos um, nesta arte de sonhar’. E é nosso sonho estar na grande final do domingo, levando o nome da nossa São Leopoldo sempre conosco”.
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Piazitos do Sul em busca do tricampeonato
Em busca do tricampeonato, o Grupo de Artes Gaúchas (GAG) Piazitos do Sul é o único representante de Canoas no 36º Enart, na modalidade danças tradicionais força A. Nesta sexta-feira, o grupo viaja para Santa Cruz do Sul para participar do festival considerado o maior de arte amadora da América Latina.
Composto por 32 dançarinos (16 pares), o grupo canoense se apresenta, em caráter classificatório, na tarde de sábado. “Ensaiamos quase diariamente. Nosso objetivo é representar com excelência a entidade e o município de Canoas. Temos mais de 100 pessoas envolvidas com as atividades, entre os dançarinos, as famílias e os demais integrantes do grupo. Também vamos participar nas modalidades de causo, trovas e intérprete solista vocal (masculino)”, salienta a ensaiadora e dançarina do grupo, Juliene Ramos da Silva.
O Piazitos do Sul já foi duas vezes campeão estadual de danças tradicionais, em 1981 e 1983. “Vamos em busca do sonho do terceiro título”, finaliza.
Colaboraram: Priscila Carvalho e Taís Forgearini
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