PÓS-CHEIA

Receita Estadual aponta queda no preço dos alimentos; hortaliças puxam redução

Ainda assim, o valor médio no Estado permanece ligeiramente acima dos preços praticados em abril

Publicado em: 17/09/2024 07:00

O preço da Cesta de Alimentos da Receita Estadual (PCA-RE), indicador que representa 98% do consumo dos gaúchos, fechou agosto em R$ 254,32, registrando uma queda de 4% em relação a junho, mês que refletiu o auge dos efeitos das enchentes nos preços dos produtos alimentícios. Ainda assim, o valor médio no Estado permanece ligeiramente acima dos preços praticados em abril, antes do impacto das inundações, quando a cesta custava R$ 247,69.

Os dados são do Boletim de Preços Dinâmicos, da Receita Estadual, divulgado pela Secretaria da Fazenda.
O valor das hortaliças foi o que mais chamou atenção na queda, com uma redução de 35%, atingindo uma média de R$ 5,98 em agosto, comparado aos R$ 9,12 de maio.

O extensionista da Emater/RS-Ascar em Novo Hamburgo, Carlos Rocha, comenta que o excesso de chuva e a falta de iluminação solar afetaram a produção de hortaliças em junho, embora produtores de Lomba Grande, bairro rural de Novo Hamburgo, não terem sido atingidos por enchentes. “Naquela época se perdeu quase tudo e, agora, tem produção normalizada. Por isso, os preços voltaram ao patamar normal na produção local”, explica.


Agricultor Alfredo Strack conseguiu retomar produção Foto: Susi Mello/GES-Especial

No boletim de agosto, o valor do quilo da batata-inglesa caiu 26% em relação a julho, com o quilo chegando a R$ 6,68. Em comparação a maio, quando o preço médio atingiu o pico de R$ 9,49, a queda foi de 30%. O tomate, que chegou a ser vendido a quase 10 reais em maio, o mais alto dos últimos 12 meses, teve uma queda de R$ 4,99.

“Voltamos à normalidade com produto de qualidade”, afirma agricultor

O agricultor Alfredo Strack, de Lomba Grande, diz que o preço no mercado de uma forma geral está em queda, inclusive valores abaixo do normal. “O mercado está aproveitando a safra para fazer marketing”, comenta Strack. Ele explica que como faltaram produtos durante as cheias, os supermercados compraram fora do Estado e jogaram o valor para cima. “Um pé de alface era vendido por R$ 15, enquanto que os produtores daqui vendiam a R$ 5”, exemplifica.

A sua realidade, no entanto, é diferente. Como sua venda se concentra em feiras do município, embora sua produção também tenha sido afetada pelo excesso de chuvas, os produtos tiveram valores estáveis. “Tivemos um prejuízo grande, com perda de 80% na produção. Tivemos que reagir logo, colocando plásticos sobre a plantação”, relembra. “Eu aumentei R$ 1 só pelo custo da produção e, agora, voltamos a R$ 4. Voltamos à normalidade com produto de qualidade”, reforça.


Tânia constata queda Foto: Susi Mello/GES-Especial

Consumidor percebe redução

O consumidor percebe a queda dos preços. A aposentada Tânia Ayres, 57 anos, conta que os ingredientes para salada estavam com valor bem alto nos meses da enchente, mas já percebe a baixa na alface, tomate, batata e brócolis. “Eu cheguei a comprar tomates por 10 reais o quilo e, agora, já encontro por R$ 4,90. A batata estava um pouco mais de R$ 9 o quilo, agora, está em torno de R$ 6. O brócolis era R$ 8 e hoje (sexta) paguei R$ 4,98”, exemplifica.

As compras de Tânia ocorrem em supermercados e feirinhas de produtores. “É importante essa queda para quem ganha um salário mínimo. É preciso abastecer a casa da família com fruta, verduras. A torcida é que continue assim pelos próximos meses”, complementa.

Além da perda na safra, enchente prejudicou a logística

Marcelo Ribeiro de Freitas vende hortaliças em feiras do produtor do município. Ele explica que em junho e julho os preços estavam altos porque a demanda era grande e muito produtor perdeu a safra pela chuva. Além do mais, o transporte foi afetado, reduzindo a oferta na Ceasa em Porto Alegre, cujo prédio também foi atingido pelas cheias.

Na avaliação dele, a queda nos preços foi pequena. “O tomate chegou próximo dos R$ 10 e agora está R$ 8,90, mas é um tomate firme e de boa qualidade”, pondera o produtor rural de Novo Hamburgo.

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