Em uma conquista cheia de simbolismo, Maiara Rheinheimer, de 29 anos, casada e mãe do pequeno Mateus de 1 ano, foi eleita a rainha da 7ª Dezemberfest, a principal festa popular de Nova Hartz. Sua vitória marca um momento histórico para a festa e reflete uma mudança nos padrões e tradições que há muito tempo definem os concursos de beleza e liderança.
Até o ano passado, o concurso da Dezemberfest seguia regras rígidas, limitando a participação a mulheres solteiras e sem filhos. A eleição de Maiara não é apenas um feito pessoal, mas um reflexo de uma nova abordagem inclusiva que está ganhando força no cenário cultural e festivo. “Logo, não percebi todo esse contexto, mas aos poucos fui assimilando bem todo esse simbolismo, e isso me enche de orgulho”, afirma.
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A eleição de Maiara representa uma mudança significativa nas tradições da festa, e é um marco histórico, já que esses concursos refletiam ideais estreitos e exclusivos. O diretor de Cultura de Nova Hartz, Juliano Marmitt, explica que a decisão de mudar o regulamento foi natural, alinhando-se a uma tendência global em que a diversidade e a inclusão são cada vez mais valorizadas.
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Em diversos países, a aceitação de mulheres de diferentes origens, histórias pessoais e identidades de gênero em concursos de beleza e liderança está se tornando a norma.
“O período de reinado exige muita dedicação da corte e sempre se teve a ideia de que uma mulher casada e mãe não teria tanta disponibilidade de horários, o que é uma teoria ultrapassada”, assinala Marmitt.
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Essa não é a primeira vez que Nova Hartz se posiciona a favor da inclusão e da diversidade. Há dois anos, uma mulher trans participou da escolha da Dezemberfest.
“Essa não é a primeira vez que quebramos paradigmas: temos o caso da Eduarda Rostirolla, uma mulher trans que, embora não tenha sido eleita, participou em duas edições do concurso”, destaca Marmitt.
Realização de um sonho
Essa foi a primeira vez que Maiara participou de um concurso parecido, embora nutrisse esse sonho desde a adolescência de participar da escolha da corte da Dezemberfest.
“Acabou que casei e me tornei mãe, e esse sonho ficou adormecido até que sou surpreendida com essa mudança no edital da escolha das soberanas da nossa festa. Quando li a primeira vez, quase não acreditei”, explica.
Maiara conta que se dedicou profundamente para a competição, que reuniu outras cinco candidatas. Foram horas de leituras e participação em workshops até que chegou a noite da decisão final.
“Lembro que nesse dia acordei confiante, me olhei no espelho e repeti uma frase do Renato Russo [do Legião Urbana] que diz mais ou menos assim: ‘nunca digam que não vale a pena acreditar nos sonhos’”, recorda.
Ao receber a faixa de rainha, Maiara estava com o filho Mateus nos braços. “Receber uma coroa de rainha, com meu filho no colo, provocou uma emoção inexplicável. É um marco histórico, então, tem um peso diferente”, conta.
A rainha da 7ª Dezemberfest destaca, ainda, toda a rede de apoio que teve – e ainda tem -, a começar pelo marido, Henrique Roberto Appelt Poncio, e pela mãe, Ana Luisa Rheinheimer.
Maiara espera inspirar outras mulheres
Maiara Rheinheimer torce para que sua eleição represente uma oportunidade para a sociedade reavaliar conceitos, e espera que sua participação inspire outras mulheres.
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“Que minha história inspire outras mães a não desistirem dos sonhos, porque as coisas que a gente quer, de coração, podem ser alcançadas”, diz Maiara, enfatizando sua esperança de que seu reinado possa ser um catalisador para mudanças positivas.
Além de inspirar mulheres, Maiara afirma que ela e as princesas Hevillyn Feiten, 18, e Hellen Walter, 20, também estão pensando em promover ações para engajar as crianças da cidade.
Por fim, a nova rainha espera que a iniciativa da prefeitura de Nova Hartz sirva de exemplo para outros municípios que realizam concursos de beleza a mudarem questões limitadoras.