AGRONEGÓCIO
Quilo do mel a 30 reais: entenda o motivo da alta no preço do alimento
Entre os problemas, apicultores tiveram que lidar com a mortandade das abelhas em 2022
Última atualização: 29/02/2024 09:46
Em 2021 o Brasil bateu o recorde de produção de mel, com 55,8 mil toneladas, o que representou 6,4% a mais em relação a 2020. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o valor de produção chegou a R$ 854,4 milhões, 34,8% de crescimento sobre o ano anterior.
E, nesta conta, o Rio Grande do Sul teve papel fundamental. O Estado é o maior produtor do País, responsável em 2021 por 9,2 mil toneladas. Depois vêm o Paraná, com 8,4 mil toneladas, e o Piauí, 6,9 mil.
Os números oficiais da produção de 2022 ainda não foram computados, mas a tendência é que o bom resultado gaúcho não seja repetido. A explicação para isso está no clima, que não favoreceu o trabalho das abelhas.
Segundo o zootecnista da Emater João Sampaio, a estiagem prolongada teve efeito sobre a natureza, fazendo com que as flores, não abrissem. Sem flores não há polinização e, por consequência, mel.
A umidade excessiva e os dias muito frios no ano passado atrapalharam também, como explica o apicultor e professor aposentado de apicultura Anselmo Kuhn, 67 anos. "As perdas chegaram, no mínimo, em 60%. O pessoal aqui da região passou por três floradas praticamente sem produção nenhuma", comenta.
Além disso, muitos apicultores tiveram mortandades nas colmeias que, em algumas situações, chegou a 30% dos insetos. O resultado desta situação o consumidor sentiu no bolso, pois o preço do quilo do mel chegou próximo dos 30 reais.
O vice-presidente da Cooperativa dos Apicultores de Ivoti (Cooapi), Cláudio Waldir Neis, lembra que a colheita de outubro do ano passado foi considerada positiva e dentro do esperado. "Mas, na primavera, não tiramos quase nada. Choveu muito e foi devagar", diz. Por isso, ele concorda com Kuhn que os resultados finais de 2022 serão menores em relação aos números de 2021. A Cooapi tem 28 associados e atende outros 30 municípios no beneficiamento do mel, pois é certificada desde 2006.
Conforme Kuhn, em maio de 2022 praticamente não houve produção, mesmo ele transferindo as caixas de cidade, em busca de boas floradas. Ele explica que a abelha não trabalha quando há frio e muita umidade. "Elas precisam, ao menos, de três dias ensolarados consecutivos", explica. Aliado a isso, é preciso que as plantas tenham flores para que as abelhas possam fazer a polinização.
Situação adversa
Ocorre que no ano passado essa combinação de sol, dias consecutivos e flores disponíveis praticamente não ocorreu. Inclusive, como houve uma queda abrupta na produção, as abelhas precisaram ser alimentadas pelos apicultores.
Situação semelhante enfrentou o apicultor Evald Gossler, 69 anos, da localidade de Bela Vista, em Bom Princípio, que é sócio da Tchê Mel Associação dos Apicultores do Vale do Caí. Gossler lembra que em abril do ano passado as temperaturas já eram de inverno, e o veranico de maio não aconteceu. "Nesta época, as abelhas estocam alimento, mas, desta vez, não conseguiram nada e chegaram a passar fome, ficando desaquecidas", descreve.
Com isso, entre agosto e setembro, só teve despesas para evitar mortandade nas colmeias, tendo uma pequena colheita em novembro. A expectativa dele é recuperar o prejuízo com a safra de outono, que teve início em março. "Mas vai depender do clima, que anda muito desgovernado", pondera.
Sabor
O sabor do mel é definido pela florada que as abelhas encontram. Em outubro, o sabor que vai prevalecer é de eucalipto. Em Cambará do Sul, onde Kuhn tem caixas, ele colhe o "mel branco", de tonalidade clara e sabor suave.
Expectativa é compensar as perdas com melhores colheitas neste ano
De acordo com Sampaio, temperatura entre 28 e 30 graus estimula a postura da rainha, o que aumenta a mão de obra disponível para aproveitar o clima favorável e produzir mel. Por isso, a expectativa dos apicultores é que nos meses de março e abril renda uma boa colheita, capaz de compensar as perdas da produção de 2022.
Dados do último informativo conjuntural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), divulgado no começo de março, mostram que o retorno das chuvas beneficiou as floradas e possibilitou o aumento da produtividade em diversos locais do Estado.
A fim de aproveitar o clima favorável, sem chuvas excessivas, muitas caixas foram trocadas de lugar, chamado movimento migratório, levadas para locais onde há floradas disponíveis, em especial, de eucalipto.
Inclusive, o mel que os associados da Cooapi estão colhendo a partir de agora estará disponível na Feira do Mel, Rosca e Nata de Ivoti, marcada para os dois últimos fins de semana de maio, no Núcleo de Casas Enxaimel. Em 22 de maio, é comemorado o Dia do Apicultor.
Em 2021 o Brasil bateu o recorde de produção de mel, com 55,8 mil toneladas, o que representou 6,4% a mais em relação a 2020. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o valor de produção chegou a R$ 854,4 milhões, 34,8% de crescimento sobre o ano anterior.
E, nesta conta, o Rio Grande do Sul teve papel fundamental. O Estado é o maior produtor do País, responsável em 2021 por 9,2 mil toneladas. Depois vêm o Paraná, com 8,4 mil toneladas, e o Piauí, 6,9 mil.
Os números oficiais da produção de 2022 ainda não foram computados, mas a tendência é que o bom resultado gaúcho não seja repetido. A explicação para isso está no clima, que não favoreceu o trabalho das abelhas.
Segundo o zootecnista da Emater João Sampaio, a estiagem prolongada teve efeito sobre a natureza, fazendo com que as flores, não abrissem. Sem flores não há polinização e, por consequência, mel.
A umidade excessiva e os dias muito frios no ano passado atrapalharam também, como explica o apicultor e professor aposentado de apicultura Anselmo Kuhn, 67 anos. "As perdas chegaram, no mínimo, em 60%. O pessoal aqui da região passou por três floradas praticamente sem produção nenhuma", comenta.
Além disso, muitos apicultores tiveram mortandades nas colmeias que, em algumas situações, chegou a 30% dos insetos. O resultado desta situação o consumidor sentiu no bolso, pois o preço do quilo do mel chegou próximo dos 30 reais.
O vice-presidente da Cooperativa dos Apicultores de Ivoti (Cooapi), Cláudio Waldir Neis, lembra que a colheita de outubro do ano passado foi considerada positiva e dentro do esperado. "Mas, na primavera, não tiramos quase nada. Choveu muito e foi devagar", diz. Por isso, ele concorda com Kuhn que os resultados finais de 2022 serão menores em relação aos números de 2021. A Cooapi tem 28 associados e atende outros 30 municípios no beneficiamento do mel, pois é certificada desde 2006.
Conforme Kuhn, em maio de 2022 praticamente não houve produção, mesmo ele transferindo as caixas de cidade, em busca de boas floradas. Ele explica que a abelha não trabalha quando há frio e muita umidade. "Elas precisam, ao menos, de três dias ensolarados consecutivos", explica. Aliado a isso, é preciso que as plantas tenham flores para que as abelhas possam fazer a polinização.
Situação adversa
Ocorre que no ano passado essa combinação de sol, dias consecutivos e flores disponíveis praticamente não ocorreu. Inclusive, como houve uma queda abrupta na produção, as abelhas precisaram ser alimentadas pelos apicultores.
Situação semelhante enfrentou o apicultor Evald Gossler, 69 anos, da localidade de Bela Vista, em Bom Princípio, que é sócio da Tchê Mel Associação dos Apicultores do Vale do Caí. Gossler lembra que em abril do ano passado as temperaturas já eram de inverno, e o veranico de maio não aconteceu. "Nesta época, as abelhas estocam alimento, mas, desta vez, não conseguiram nada e chegaram a passar fome, ficando desaquecidas", descreve.
Com isso, entre agosto e setembro, só teve despesas para evitar mortandade nas colmeias, tendo uma pequena colheita em novembro. A expectativa dele é recuperar o prejuízo com a safra de outono, que teve início em março. "Mas vai depender do clima, que anda muito desgovernado", pondera.
Sabor
O sabor do mel é definido pela florada que as abelhas encontram. Em outubro, o sabor que vai prevalecer é de eucalipto. Em Cambará do Sul, onde Kuhn tem caixas, ele colhe o "mel branco", de tonalidade clara e sabor suave.
Expectativa é compensar as perdas com melhores colheitas neste ano
De acordo com Sampaio, temperatura entre 28 e 30 graus estimula a postura da rainha, o que aumenta a mão de obra disponível para aproveitar o clima favorável e produzir mel. Por isso, a expectativa dos apicultores é que nos meses de março e abril renda uma boa colheita, capaz de compensar as perdas da produção de 2022.
Dados do último informativo conjuntural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), divulgado no começo de março, mostram que o retorno das chuvas beneficiou as floradas e possibilitou o aumento da produtividade em diversos locais do Estado.
A fim de aproveitar o clima favorável, sem chuvas excessivas, muitas caixas foram trocadas de lugar, chamado movimento migratório, levadas para locais onde há floradas disponíveis, em especial, de eucalipto.
Inclusive, o mel que os associados da Cooapi estão colhendo a partir de agora estará disponível na Feira do Mel, Rosca e Nata de Ivoti, marcada para os dois últimos fins de semana de maio, no Núcleo de Casas Enxaimel. Em 22 de maio, é comemorado o Dia do Apicultor.
E, nesta conta, o Rio Grande do Sul teve papel fundamental. O Estado é o maior produtor do País, responsável em 2021 por 9,2 mil toneladas. Depois vêm o Paraná, com 8,4 mil toneladas, e o Piauí, 6,9 mil.
Os números oficiais da produção de 2022 ainda não foram computados, mas a tendência é que o bom resultado gaúcho não seja repetido. A explicação para isso está no clima, que não favoreceu o trabalho das abelhas.