A execução de um morador de São Leopoldo, de 38 anos, que não reconstruiu o muro de um vizinho que havia derrubado dias antes em um acidente de carro, é o pano de fundo da investigação que resultou na Operação Arqueiro, desencadeada na manhã desta quarta-feira (6).
A ação resultou na prisão de nove das 12 pessoas investigadas e no cumprimento de 22 mandados de busca e apreensão em Novo Hamburgo, São Leopoldo, Campo Bom, Estância Velha, Montenegro e Charqueadas.
Conforme a delegada Marcela Ehler, o homem foi executado dentro do próprio carro, com diversos tiros, no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo, por ter descumprido a ordem de líderes da facção criminosa de fazer o conserto do muro. “Não sabemos o motivo pelo qual ele [vítima] não fez o conserto, se por não acreditar no recado ou se não tinha condições de fazer naquele momento”, pontua.
Se por um lado a investigação não descobriu as razões que levaram a vítima a descumprir a ordem, por outro, os agentes da Delegacia de Homicídios (DPHPP) de Novo Hamburgo conseguiram identificar os autores do homicídio e os mandantes do crime.
A Polícia Civil não divulgou os nomes, por conta da Lei de Abuso de Autoridade. Entretanto, o Grupo Sinos obteve a identificação de um dos mandantes. Trata-se de Josemar dos Santos, 45 anos, vulgo Gandula, um dos principais membros da facção Os Manos.
Gandula ordenou a morte após chegar em presídio de alta segurança
Com mais de 10 indiciamentos por homicídio qualificado, Gandula determinou a morte do morador de São Leopoldo logo após chegar à Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas.
Um dia antes do homicídio na Lomba Grande, Gandula foi preso em uma casa de luxo em um condomínio de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina. Na época, o delegado Arthur Reguse, que coordenou a ação que resultou na captura de Gandula, disse que ele era considerado o número dois na hierarquia da facção.
Gandula foi preso no litoral catarinense na manhã do dia 17 de agosto deste ano. Com ele, os policiais encontraram granadas, um carro avaliado em R$ 300 mil e documentos falsos. Na época, ele entrou na lista dos principais criminosos procurados pela Polícia gaúcha, após fugir do Estado ao receber o benefício da prisão humanitária.
Gandula foi capturado em uma casa de luxo em um condomínio de Balneário Camboriú, no litoral catarinense. pic.twitter.com/BBh7XuwPnd
— Jornal NH (@jornalnh) August 18, 2023
Cunhado de Gandula foi preso por participar do homicídio
A Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo concluiu que a missão de matar o leopoldense [que não consertou o muro do vizinho] ficou sob a responsabilidade de um cunhado de Gandula, que também não teve o nome divulgado. “Esse alvo foi preso assim que a gente descobriu seu envolvimento no crime da Lomba Grande. Ele foi preso em setembro, no curso da investigação”, pontua a delegada Marcela.
O cunhado de Gandula não cometeu o crime sozinho. Um segundo homem, já identificado e com prisão preventiva decretada, segue sendo procurado pelos agentes da Delegacia de Homicídios. Nesta manhã, os policiais chegaram a procurar o homem durante o cumprimento dos mandados no âmbito da Operação Arqueiro, mas ele não foi localizado.
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