A investigação da Aeronáutica e das polícias Civil e Federal sobre as circunstâncias e responsabilidades do acidente aéreo que matou dez pessoas e feriu ao menos 17 em Gramado, na manhã deste domingo (22), terá nas condições climáticas da região um ponto crucial.
A manhã deste domingo era de muita neblina e momentos de chuva na região do Aeroporto Regional de Canela, de onde o avião Piper, prefixo PR-NDN, decolou em direção a Jundiaí (SP). As dez pessoas a bordo morreram. O avião pertencia e era pilotado pelo empresário Luiz Claudio Salgueiro Galeazzi, de 61 anos.
O meteorologista da MetSul Luiz Fernando Nachtigall, especialista em meteorologista aeronáutica e que já coordenou a meteorologia do Aeroporto Internacional Salgado Filho, avalia que a investigação do acidente passa obrigatoriamente pelas condições meteorológicas.
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“No momento do acidente com avião em Gramado, uma frente fria avançava pelo Nordeste do Rio Grande do Sul com abundante nebulosidade e chuva de variada intensidade entre a Serra, a Grande Porto Alegre e o Litoral Norte. Este sistema frontal era responsável pelo forte nevoeiro em Gramado com visibilidade horizontal de poucas dezenas de metros”, informou Nachtigall.
Piloto internacional que chegou a diretor operacional da extinta Varig, Nelson Riet concorda que as condições climáticas eram adversas no momento da decolagem, às 9h12, mas salienta que o avião teria condições de um voo por instrumentos.
“Teoricamente o avião poderia ter decolado naquelas condições. Mas vamos aguardar as investigações e ver qual será a conclusão”, salienta. Riet confirma que o modelo não possui gravadores de voz e dados, o que dificultará o trabalho das autoridades.
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O piloto e presidente do Aeroporto de Novo Hamburgo, Alceu Feijó Filho, concorda que a meteorologia é ponto-chave da investigação. “O clima do jeito que estava pode levar ao que se chama de desorientação espacial”, exemplifica.
Feijó destaca que considera arriscado fazer um voo complexo como o desta manhã, diante de condições climáticas adversas, somente com um piloto. “É muita coisa para uma pessoa só”, opina Feijó. Segundo ele, o aeroporto de Canela não tem serviço de meteorologia e nem torre de comando.
O comandante Fábio Borille, especialista em segurança na aviação, destaca que opera com frequência no aeroporto de Canela e que “é uma região complicada para voar quando o tempo não está aberto”. Na manhã deste domingo a visibilidade era mínima.
Ele explica que, em aeroportos não controlados, como o de Canela, a decisão de decolar ou não é do piloto. “A aeronave tem condições de um voo por instrumentos, mas nesse aeroporto não temos carta de saída de voo por instrumentos. [O piloto] não deveria ter decolado naquelas condições”, opinou.
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Embora o mais usual seja, após a decolagem, os aviões fazerem uma curva à esquerda, passando por cima do Centro de Gramado, no caso deste domingo o avião fez uma curva à direita, o que não é, necessariamente, indicativo de algum problema. Ainda não se sabe ao certo se ele tentou voltar ao aeroporto ou se a curva à direita fazia parte de seu plano de voo. “O piloto pode ter tido uma desorientação espacial”, opina Borille.
Por meio de nota, a empresa Galeazzi & Associados assegurou que “todos os registros e autorizações da aeronave estavam devidamente em ordem”. O avião pertencia e era pilotado pelo CEO da companhia, Luiz Galeazzi.
Os dez mortos na queda de avião em Gramado
Morreram no acidente o prórpio Galeazzi; a esposa dele, Tatiana Natucci Niro; as três filhas do casal, Maria Eduarda Niro Galeazzi, Maria Elena Niro Galeazzi e Maria Antonia Niro Galeazzi; Lilian Natucci, sogra de Galeazzi; Veridiana Natucci Niro, irmã da esposa de Galeazzi; Bruno Cardoso Munhoz Guimaraes Araújo, diretor da empresa e marido de Veridiana; e as filhas do casal, Giulia e Matteo.
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