Especialista em risco e segurança e com experiência na investigação de acidentes aéreos, o engenheiro Gerardo Portela, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é taxativo ao analisar que “foi um erro levantar voo nessas condições climáticas”. A fala é sobre a queda de avião que matou dez pessoas da mesma família e feriu outras 17 neste domingo (22), em Gramado.
O engenheiro está em Gramado para passar as festas de fim de ano e testemunhou as condições climáticas na região na manhã de domingo. O avião taxiou às 9h10, decolou às 9h12 no Aeroporto Regional de Canela e caiu às margens da Avenida das Hortênsias às 9h13. Naquele momento havia forte neblina na região, acompanhada de vento e garoa. A visibilidade era quase nula.
“As condições de voo em Gramado não estavam nada boas. Havia uma forte neblina e também ventos intensos que dificultam qualquer tipo de voo, principalmente com aeronaves pequenas e dentro da área urbana”, disse Portela em entrevista à Agência Estado. “Foi um erro levantar voo nessas condições”, analisa.
O avião que bateu em três imóveis antes de explodir dentro de uma loja de móveis que fica ao lado de uma pousada pertencia ao empresário Luiz Claudio Salgueiro Galeazzi, de 61 anos. Ele era o piloto. A bordo estavam também a esposa, as três filhas, a sogra, a cunhada, o marido da cunhada e as duas filhas deles. Os dez ocupantes do avião morreram na hora. Os fragmentos dos corpos já foram retirados dos escombros e levados para análise em Porto Alegre.
O avião que caiu na Avenida das Hortênsias, em Gramado, era um Piper PA-42-1000, de prefixo PR-NDN. Fabricado em 1990, é um bimotor turboélice com 14,5 metros de comprimento e 13,2 de largura. A ficha técnica do fabricante indica que a capacidade é para nove passageiros. O avião não tinha gravadores de voz e dados, o que se torna um complicador para a investigação.
O especialista em risco e segurança da UFRJ comenta ainda que o Aeroporto Regional de Canela não tem torre de controle e nem condições de orientar um voo por instrumentos, o que seria o caso do voo deste domingo. Por conta disso, afirma, os aviões que decolam de lá precisam ter condições visuais de voo.
Pelas regras aeronáuticas, explica o engenheiro Gerardo Portela, é preciso ter uma visibilidade de até 5 mil metros. Mas no momento do acidente, na manhã deste domingo, a visibilidade na região entre Gramado e Canela não passava dos 200 metros. A família do empresário Galeazzi deixaria Gramado em direção a Jundiaí, no interior de São Paulo. Eles tinham viajado de Jundiaí para Gramado no início da manhã de sexta-feira (20).
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