ALERTA DE FRAUDES
Quase 20 mil documentos são roubados em assalto ao cartório de Campo Bom
Tabelião e cinco pedreiros foram amarrados pelos criminosos, que ainda levaram cerca de R$ 35 mil de um cofre
Última atualização: 30/09/2024 17:45
O assalto ao Tabelionato de Campo Bom por três homens armados, que renderam o chefe do órgão e fizeram mais cinco reféns, na noite de segunda-feira (17), colocou o serviço público em alerta para uma possível avalanche de golpes e falsificações. Foram roubadas 19 mil etiquetas de reconhecimento de firma, 500 folhas de registros impressas pela Casa da moeda e quatro carimbos oficiais, além de aproximadamente R$ 35 mil em dinheiro.
O tabelião da cidade, Fernando Giovannetti, ainda está assustado. Não só pelos 20 minutos com armas apontadas para a cabeça, mas principalmente pelas consequências dos documentos públicos nas mãos de uma quadrilha especializada. “Foi planejado”, avalia ele, que na tarde desta quarta-feira (19) foi à Polícia Civil para fazer adendo à ocorrência registrada logo após o assalto. Demorou dois dias para o levantamento completo do material roubado.
O bando estava monitorando o tabelião e a rotina do cartório, na Rua Aimoré, no Centro. Giovannetti foi rendido quando saía do estacionamento, às 18h45. Não havia mais funcionários do cartório. Apenas cinco pedreiros de uma reforma no prédio. “Abri o portão e vi três se aproximando com uniforme de serviço de telefonia, usando bonés e máscaras da Covid. Pensei que era relacionado à obra, mas logo um deles colocou uma arma na janela do meu carro, mandou voltar devagar, sem tirar a mão do volante, e fechar o portão”, relata.
"Estavam bem tranquilos"
Armados de pistolas, os invasores mandaram os operários deitar e os amarraram. “Pediam documentos oficiais e dinheiro. Me levaram para dentro do cartório.” O tabelião foi obrigado a abrir o cofre da sala fechada, onde estavam os papéis mais sensíveis à segurança. Recolheram o material e amarraram Giovannetti junto com os pedreiros.
Ainda arrombaram o cofre de um caixa, onde havia dinheiro arrecadado no dia, principalmente com escrituras, e cortaram os cabos elétricos da central de videomonitoramento. Para que nada ficasse registrado nas câmeras, levaram também a memória de gravação do sistema. “Eles sabiam o que estavam fazendo. Estavam bem tranquilos. Primaram pela discrição.” Ninguém ficou ferido.
Polícia está atrás de imagens externas
Como a quadrilha levou o arquivo das câmeras do tabelionato, a Polícia Civil está atrás de imagens externas que possam ajudar na identificação do carro usado na fuga e dos assaltantes. Um quarto membro do bando estaria aguardando o trio ao volante do automóvel. “Estamos apurando o fato”, resume o delegado de Campo Bom, Clóvis Nei da Silva.
Etiquetas serão alteradas na próxima semana
A maior preocupação, conforme o tabelião, está no conjunto de etiquetas de reconhecimento de firma, que são usadas em todo tipo de operação cartorial, como compra de imóveis e veículos. “Eram rolos que haviam chegado há poucos dias do fornecedor. A nossa etiqueta tem tarja preta, mas a partir da próxima semana será de outra cor justamente para dificultar a ação deles.” Com os carimbos do cartório e as folhas de papel de segurança para registro civil, como certidões de nascimento e casamento, a quadrilha parece ter conseguido juntar uma espécie de kit completo para fraudes.
O tabelião orienta que os usuários do serviço notarial verifiquem sempre o QR Code impresso em todos os documentos. “É comum furtos e falsificação de etiquetas para fraudes. O ideal é que as pessoas confiram o QR Code.” Giovannetti emitiu alerta para cartórios de todo o Estado e fez um comunicado oficial ao Tribunal de Justiça. Ele frisa, no entanto, que não foram roubadas procurações e escrituras públicas.
“Vão tentar transferir veículos e outros bens”, alerta presidente do Conselho Notarial no RS
O presidente do Conselho Notarial do Brasil – Seção do Rio Grande do Sul (CNB/RS), José Flávio Bueno Fischer, avisa: “qualquer documento supostamente expedido desde terça-feira pelo tabelionato de Campo Bom deve ser conferido com atenção redobrada. Todos os atos têm QR Code para verificar a autenticidade”. A principal preocupação, conforme ele, é o possível aumento de fraudes. “Vão tentar transferir veículos e outros bens, principalmente para outros Estados, porque há mais demora na checagem.”
Fischer ressalta que, em caso de dúvida ou dificuldade, o usuário do serviço pode procurar o cartório de Campo Bom ou de qualquer outra cidade. “A gente pode ajudar a conferir, pois temos os dados das pessoas que assinam.” Ele observa que, ao contrário das falsificações, por mais sofisticadas que sejam, agora os criminosos estão com documentos autênticos de Campo Bom. “No entanto, mesmo com as etiquetas oficiais, que estão em branco, o preenchimento e a assinatura não terão a fidelidade original. E não sabemos como vão preencher.”
O assalto ao Tabelionato de Campo Bom por três homens armados, que renderam o chefe do órgão e fizeram mais cinco reféns, na noite de segunda-feira (17), colocou o serviço público em alerta para uma possível avalanche de golpes e falsificações. Foram roubadas 19 mil etiquetas de reconhecimento de firma, 500 folhas de registros impressas pela Casa da moeda e quatro carimbos oficiais, além de aproximadamente R$ 35 mil em dinheiro.
O tabelião da cidade, Fernando Giovannetti, ainda está assustado. Não só pelos 20 minutos com armas apontadas para a cabeça, mas principalmente pelas consequências dos documentos públicos nas mãos de uma quadrilha especializada. “Foi planejado”, avalia ele, que na tarde desta quarta-feira (19) foi à Polícia Civil para fazer adendo à ocorrência registrada logo após o assalto. Demorou dois dias para o levantamento completo do material roubado.
O bando estava monitorando o tabelião e a rotina do cartório, na Rua Aimoré, no Centro. Giovannetti foi rendido quando saía do estacionamento, às 18h45. Não havia mais funcionários do cartório. Apenas cinco pedreiros de uma reforma no prédio. “Abri o portão e vi três se aproximando com uniforme de serviço de telefonia, usando bonés e máscaras da Covid. Pensei que era relacionado à obra, mas logo um deles colocou uma arma na janela do meu carro, mandou voltar devagar, sem tirar a mão do volante, e fechar o portão”, relata.
"Estavam bem tranquilos"
Armados de pistolas, os invasores mandaram os operários deitar e os amarraram. “Pediam documentos oficiais e dinheiro. Me levaram para dentro do cartório.” O tabelião foi obrigado a abrir o cofre da sala fechada, onde estavam os papéis mais sensíveis à segurança. Recolheram o material e amarraram Giovannetti junto com os pedreiros.
Ainda arrombaram o cofre de um caixa, onde havia dinheiro arrecadado no dia, principalmente com escrituras, e cortaram os cabos elétricos da central de videomonitoramento. Para que nada ficasse registrado nas câmeras, levaram também a memória de gravação do sistema. “Eles sabiam o que estavam fazendo. Estavam bem tranquilos. Primaram pela discrição.” Ninguém ficou ferido.
Polícia está atrás de imagens externas
Como a quadrilha levou o arquivo das câmeras do tabelionato, a Polícia Civil está atrás de imagens externas que possam ajudar na identificação do carro usado na fuga e dos assaltantes. Um quarto membro do bando estaria aguardando o trio ao volante do automóvel. “Estamos apurando o fato”, resume o delegado de Campo Bom, Clóvis Nei da Silva.
Etiquetas serão alteradas na próxima semana
A maior preocupação, conforme o tabelião, está no conjunto de etiquetas de reconhecimento de firma, que são usadas em todo tipo de operação cartorial, como compra de imóveis e veículos. “Eram rolos que haviam chegado há poucos dias do fornecedor. A nossa etiqueta tem tarja preta, mas a partir da próxima semana será de outra cor justamente para dificultar a ação deles.” Com os carimbos do cartório e as folhas de papel de segurança para registro civil, como certidões de nascimento e casamento, a quadrilha parece ter conseguido juntar uma espécie de kit completo para fraudes.
O tabelião orienta que os usuários do serviço notarial verifiquem sempre o QR Code impresso em todos os documentos. “É comum furtos e falsificação de etiquetas para fraudes. O ideal é que as pessoas confiram o QR Code.” Giovannetti emitiu alerta para cartórios de todo o Estado e fez um comunicado oficial ao Tribunal de Justiça. Ele frisa, no entanto, que não foram roubadas procurações e escrituras públicas.
“Vão tentar transferir veículos e outros bens”, alerta presidente do Conselho Notarial no RS
O presidente do Conselho Notarial do Brasil – Seção do Rio Grande do Sul (CNB/RS), José Flávio Bueno Fischer, avisa: “qualquer documento supostamente expedido desde terça-feira pelo tabelionato de Campo Bom deve ser conferido com atenção redobrada. Todos os atos têm QR Code para verificar a autenticidade”. A principal preocupação, conforme ele, é o possível aumento de fraudes. “Vão tentar transferir veículos e outros bens, principalmente para outros Estados, porque há mais demora na checagem.”
Fischer ressalta que, em caso de dúvida ou dificuldade, o usuário do serviço pode procurar o cartório de Campo Bom ou de qualquer outra cidade. “A gente pode ajudar a conferir, pois temos os dados das pessoas que assinam.” Ele observa que, ao contrário das falsificações, por mais sofisticadas que sejam, agora os criminosos estão com documentos autênticos de Campo Bom. “No entanto, mesmo com as etiquetas oficiais, que estão em branco, o preenchimento e a assinatura não terão a fidelidade original. E não sabemos como vão preencher.”
O tabelião da cidade, Fernando Giovannetti, ainda está assustado. Não só pelos 20 minutos com armas apontadas para a cabeça, mas principalmente pelas consequências dos documentos públicos nas mãos de uma quadrilha especializada. “Foi planejado”, avalia ele, que na tarde desta quarta-feira (19) foi à Polícia Civil para fazer adendo à ocorrência registrada logo após o assalto. Demorou dois dias para o levantamento completo do material roubado.
O bando estava monitorando o tabelião e a rotina do cartório, na Rua Aimoré, no Centro. Giovannetti foi rendido quando saía do estacionamento, às 18h45. Não havia mais funcionários do cartório. Apenas cinco pedreiros de uma reforma no prédio. “Abri o portão e vi três se aproximando com uniforme de serviço de telefonia, usando bonés e máscaras da Covid. Pensei que era relacionado à obra, mas logo um deles colocou uma arma na janela do meu carro, mandou voltar devagar, sem tirar a mão do volante, e fechar o portão”, relata.