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Quais são os efeitos a longo prazo da fumaça das queimadas na saúde humana?

Pneumologista alerta para riscos da inalação de partículas finas e gases tóxicos dos incêndios florestais na Amazônia

Publicado em: 13/09/2024 09:57
Última atualização: 13/09/2024 09:58

A preocupação com os efeitos da fumaça das queimadas na saúde vai além de irritação nos olhos, nariz e garganta. Especialistas alertam para os riscos a longo prazo da exposição do ser humano à fuligem que tem afetado também o Rio Grande do Sul. 

A pneumologista, doutora em Ciências Pneumológicas (Ufrgs) e professora de Pneumologia na Universidade Feevale, Simone de Leon Martini, explica que a inalação de partículas finas e gases tóxicos, além de tosse e dispneia, pode desencadear problemas mais graves.

“A exposição prolongada pode agravar condições respiratórias existentes, como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), além de aumentar o risco de infecções respiratórias”, afirma.


Fumaça das queimadas traz efeitos à saúde Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Segundo a médica, as particulares poluentes presentes no ar por conta da fumaça das queimadas podem causar inflamações sistêmicas, com aumento nos riscos de doenças cardíacas e vasculares, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. Além disso, há casos de irritação nos olhos por conta da fumaça.

Cuidados

Simone recomenda o uso de colírio lubrificante e higiene nasal com soro fisiológico. Além de manter portas e janelas de casa fechadas para evitar que a fumaça entre no interior. “E muito importante, enquanto estivermos passando por isso, não realizar esportes ao ar livre”, completa.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) recomenda também o aumento da ingestão de água e uso de máscaras do tipo cirúrgica, pano, lenços ou bandanas para reduzir a exposição às partículas grossas. Enquanto o uso de máscaras de modelos respiradores tipo N95, PFF2 ou P100 são adequadas para reduzir a inalação de partículas finas por toda a população.

Crianças, idosos e gestantes devem estar atentos a sintomas respiratórios e buscar atendimento médico imediatamente se necessário.

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Fumaça volta nos próximo dias

No momento, a previsão não é muito positiva, já que a fumaça dos incêndios florestais na Amazônia devem continuar impactando o Estado após leve melhora na qualidade do ar com chegada da chuva e mudança na orientação do vento.

"Na semana que vem a fumaça deve retornar ao Estado, já que o vento norte fará o trabalho de empurrar a fumaça das queimadas do sul da Amazônia, de outras partes do Brasil e de países vizinhos para o Rio Grande do Sul", explica Estael Sinas, meteorologista da MetSul.

Estael ainda alerta que o Estado só terá um alívio do fenômeno quando as queimadas acabarem. “Na medida em que seguem os incêndios, as queimadas, o ar extremamente seco, as ondas de calor no Centro-Oeste, no Sudeste, na Bolívia, no Peru, na parte amazônica, no Cerrado, o vento é que vai determinar para onde vai a fumaça. Então, na verdade, é preciso que o incêndio seja apagado e a chuva se torne mais regular”, projeta Estael.

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Quando a fumaça deve parar de encobrir o céu do RS?

Estael afirma ainda que deve demorar para que os incêndios sejam apagados de forma definitiva, muito provavelmente entre o final de outubro e ao longo do mês de novembro. “Por isso, nós vamos falar muito de fumaça por conta dessa estação seca, que começou mais cedo, está mais prolongada do que normal e com ondas de calor desde o outono nessas áreas do centro e norte do território brasileiro”, reforça a meteorologista.

Fenômeno deve piorar em setembro

De acordo com o professor do Laboratório de Ensaios Farmacológico e Toxicológicos (Left) da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Flavio Manoel Rodrigues da Silva Júnior, historicamente, setembro é o mês com o maior número de queimadas no Brasil. “Tivemos um agosto, em termos de número de focos de incêndios florestais, o pior já registrado no último ano, e é muito provável que teremos um setembro muito ruim, pois costuma ser pior do que agosto”, constata.

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