ALTERNATIVAS
Projeto do aeroporto de Vila Oliva está sendo analisado pela Secretaria de Aviação Civil
Estrutura em Caxias do Sul é pensada como alternativa ao Salgado Filho e fica a 35 quilômetros de Gramado
Última atualização: 06/06/2024 18:42
A construção do aeroporto de Vila Oliva, em Caxias do Sul, está mais perto de ser iniciada. Projetos estruturais e arquitetônicos estão praticamente concluídos e já começam a ser analisados pela Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC).
Durante esta semana, a Secretaria do Planejamento da prefeitura da Serra se reuniu com a empresa Iguatemi Consultoria e Serviços de Engenharia, responsável pelos projetos, para realizar complementações solicitadas pela SAC.
A secretária da pasta, Margarete Bender, explica que os ajustes são pontuais. “São informações relativas ao canteiro de obras, algumas especificações. Mas os projetos em si não tiveram problemas”, destaca. A construção do aeroporto regional será dividida em basicamente duas etapas. A parte de infraestrutura, que compreende pluvial, terraplanagem e pista. A outra, é a chamada “superestrutura”, ou seja, o terminal de passageiros. “Depois das aprovações, haverá uma licitação para cada uma das etapas”, adianta Margarete.
Com o cenário de prejuízo instalado no Rio Grande do Sul, ela cita que sente confiança de que o aeroporto de Vila Oliva vai se tornar uma realidade em um curto espaço de tempo.
“Toda essa catástrofe que aconteceu com o nosso Estado é um demonstrativo evidente da necessidade de se investir em infraestrutura. Notadamente, a infraestrutura de transporte aéreo, visto que todas as operações aéreas estão concentradas em Porto Alegre”, descreve. Para ela, momento em que os gaúchos estão “isolados do mundo”. “Serve para reforçar a importância e a relevância do aeroporto de Vila Oliva não só para a região, mas para todo o Estado”, acentua.
Área de 447 hectares
A estrutura prevê uma pista de 1,9 mil metros de extensão por 45 metros de largura. Ainda, o terminal de passageiros terá 4,7 mil metros quadrados. A estimativa é que a primeira etapa tenha período de obra de pouco mais de dois anos e a segunda, de cerca de um ano. Mas elas podem ser realizadas ao mesmo tempo.
O terreno em que o aeroporto será construído tem 447 hectares e foi adquirido pela prefeitura, através de acordos diretos e também judiciais.
O espaço era utilizado para plantio de frutas, especialmente maçãs. Quando o poder público adquiriu a área, eliminaram as árvores e iniciaram as obras para canalizações e abastecimento de água potável. “O Município vem fazendo parcerias com produtores locais, onde eles plantam hortaliças e pagam em alimentos para o nosso Banco de Alimentos. Enquanto não iniciar a obra, nós temos este programa vigente”, comenta.
Desde 2019, o governo municipal e SAC possuem um convênio para que haja o aporte de R$ 200 milhões para a construção. O valor é do Fundo Nacional da Aviação Civil e é específico para as obras estruturais. “Na nossa estimativa orçamentária, esse valor vai cobrir a infraestrutura propriamente dita, mas não vai cobrir integralmente a parte da construção de terminal de passageiros”, atesta Margarete.
Preocupações com neblina
A secretária do Planejamento atesta que os projetos do aeroporto de Vila Oliva contemplam os equipamentos necessários para proteção dos voos e também de navegação. A preocupação é por causa da neblina da região, que faz com que muitos aviões não consigam pousar e voos sejam cancelados ou transferidos.
A intenção é, ainda, internacionalizar o aeroporto. “Todo o projeto já está contemplando elementos que viabilizem isso, por exemplo, a largura de pista atende o requisito. O projeto contempla elementos que podem dar enquadramento a certas operações, que não são aquelas de caráter local ou regional”, argumenta.
Prefeitura de Caxias do Sul estuda modelo para operação
É a prefeitura que detém a outorga do aeroporto, assim como ocorre com o Hugo Cantergiani. Dessa forma, cabe ao Executivo definir como será a operação, se será através de concessão, parceria público-privada ou outra alternativa.
“Buscamos a outorga do Cantergiani porque o Estado recebia os recursos originários das taxas da receita do aeroporto, e o Município só desembolsava dinheiro para manutenção, pessoal, limpeza. Passava a ser uma conta sem retorno nenhum. Agora, com essas receitas, há suporte para todo o processo de manutenção e de melhoramentos. Vem dando resultado positivo”, aponta.
Sobre o de Vila Oliva, as possibilidades são discutidas. “É um equipamento que deverá trazer receita, mas, de um modo em geral, o Município não está aí para administrar aeroportos, a sua função principal é área da educação, da segurança, da saúde, atender a população aquilo que são os direitos fundamentais”, pondera a secretária.
Estradas de acesso à região
A secretária Margarete frisa que os acessos ao aeroporto estão sendo trabalhados junto ao governo do Estado. Inicialmente, serão quatro vias principais.
A que liga Gramado e a Região das Hortênsias, através da Linha Furna, no interior. Nesse trecho uma ponte sobre o Rio Caí terá que ser construída. Após, a distância entre o Centro e o aeroporto seria de 35 quilômetros.
Depois, uma estrada para São Francisco de Paula, nas proximidades da localidade do Apanhador. Também há previsão de ligação com São Marcos, através de Vila Seca. E, por fim, o acesso em Caxias, no distrito de Fazenda Souza.
“O governo do Estado elaborou um trabalho no sentido de criar a figura da estadualização dessas vias, ou seja, integrá-las na malha rodoviária estadual e, a partir daí, poder fazer investimentos nessas estradas”, prospecta.