Ver na prática, na natureza, o que é visto na teoria, em sala de aula. Foi com esse intuito que nasceu em 1992 no Parque Estadual do Caracol, pelos biólogos Liane Ramires e Vitor Hugo Travi, o projeto Loboguará, em Canela. Atualmente comandado por João Vitor Travi, filho dos fundadores, a ideia é, nas palavras dele, “aproximar as crianças da natureza, assim como vivenciar o que elas vêm na escola”.
Desde 2015, João está na administração. “Estamos sempre reformulando o programa, as crianças e estudantes têm novas características, com acesso à tecnologia, a questão do imediatismo, para atender melhor e ser mais efetivo. Há 30 anos, as crianças tinham mais contato, hoje temos que fazer mais atividades lúdicas, elas precisam participar e serem seres ativos. Cada vez mais trazemos profissionais que treinam nossos biólogos com as tendências. Não adianta caminhar, parar e falar, elas têm que interagir, colocar a mão na terra, na água, o pé na grama”, coloca.
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São cinco locais de atuação, e cada uma tem um ecossistema diferenciado. “Uma escola pode vir em todas. Atualmente temos o Pé da Cascata em Gramado, o Parque do Caracol em Canela, o Ecoparque Sperry, o Itaimbezinho em Cambará e o Parque da Guarita em Torres. Cada local tem conteúdo e abordagens diferentes, mas a metodologia é única”, explica.
Um spitch de boas-vindas é dado na chegada. “Não é um passeio, é uma atividade pedagógica. Claro que vai ter momentos de diversão. Fazemos as trilhas, caminhadas, com pontos de parada pré-definidos. E depois temos os momentos de brincadeiras, onde, por exemplo, tem a de construir uma personalidade na árvore, um lugar que tem barro, e aí eles precisam construir um rosto na árvore, podem usar pedras, penas, galho, semente. Vão formando isso e a trilha forma uma mostra de arte. Ainda tem atividades com cantoria de anfíbios, de gastronomia. E é isso o que nos diferencia”, explica.
O projeto atende de séries iniciais a terceiro ano do Ensino Médio aqui na região. Nos cânions, apenas a partir do 5° Ano.
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O nome
O nome dado ao programa também conta uma história. “Meus pais batizaram de Loboguará porque é um animal muito tradicional do País, tinha muitos na nossa região e há tempo atrás foi extinto, por caça, desmatamento, falta de habitat. E a ideia deles foi homenagear o lobo-guará e fazer com que a educação ambiental promova a preservação das outras espécies, para que não ocorra o que aconteceu com ele. A filosofia é educar as pessoas para a preservação e manutenção das espécies”, revela.
Criação de ONG
O novo passo dado pelo Loboguará ocorreu neste ano. Foi a criação de uma organização não governamental (ONG), para obtenção de recursos e difusão do projeto para ampliar os conhecimentos de forma pública.
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“O objetivo principal é promover educação ambiental para todos. Queremos que não seja exclusivo apenas para quem pode pagar, porque hoje, a maioria do nosso público acaba sendo as escolas particulares. Queremos que seja acessível a todos os níveis sociais. A ONG vem para criar caminhos de incentivo, fundos, editais, parcerias, para que possamos atingir escolas municipais e estaduais. São atalhos para promover a conscientização. Poderemos atender projetos de ESG, fundos verdes de empresas”, afirma João.
Para João Vitor, o programa vai muito além de aulas de educação ambiental. “Nasci dentro dele, sou de 1988 e o projeto de 1992. Cresci envolvido com o projeto, com a paixão dos pais em compartilhar conhecimento e experiências. É muito mais que educação ambiental, é um projeto de criar memórias e experiências, para transformar o mundo. Além de passar conhecimento de flora, fauna, ecologia, geografia, precisamos que as crianças tenham contato com a natureza, respirem, sintam, entendam a dinâmica dela”, justifica.
Todos os guias são biólogos e, desde 2022, o projeto tem parceria com a empresa Brocker Turismo. “Estamos trabalhando não apenas para a região, mas para o mundo”, finaliza.
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