Uma iniciativa, implementada há menos de seis meses no Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) reduziu o processo de internação, que compreende a chegada ao hospital até o paciente ser acomodado em leito definitivo na casa de saúde sapucaiense. Por meio do Projeto Lean, este tempo passou de 2,5 dias para 12,5 horas, cortando consideravelmente a permanência em poltronas, macas ou cadeiras que ficam nos corredores de emergências.
A apresentação dos resultados a autoridades e representantes da Saúde aconteceu no mês passado. O Lean tem por objetivo diminuir a superlotação nas urgências e emergências, impactando todos os setores através da mudança de processos e diminuição de desperdícios. Após a internação, houve também queda no período que o paciente permanece no hospital, com redução de 18%, de nove para sete dias.
Outro item a comemorar foi a diminuição no tempo de espera para a atendimento dos pacientes que não precisam de internação, que baixou em 19%, de seis para quatro horas. Já a mortalidade caiu de 4,5 para 3,3%, o que significa 28% a mais de vidas preservadas.
Longo processo
O consultor do projeto Lean, Luiz Fernando Colla, se mostrou satisfeito com os resultados conquistados pelo HMGV. “Tivemos conversas duras ao longo do processo, mas a equipe demonstrou muita coragem para abrir os números que não eram bons”, ponderou. Segundo ele, só quem esteve no início do trabalho consegue ter ideia da transformação que ocorreu no Getúlio Vargas.
“Hoje, o hospital diminuiu a superlotação, sem deixar de atender nenhum paciente. Esse é o dado mais relevador do que foi feito nos últimos meses”, resumiu Colla. “Estou emocionado em ver o resultado”, disse o diretor-geral da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV), Tércio Erany Tedesco Júnior, lembrando as dificuldades iniciais que foram enfrentadas para a implantação das mudanças.
“O Lean se transforma em mais uma conquista, aliada a tantas outras que tivemos nesses quase três anos de gestão”, comemorou ele, ao mesmo tempo em que agradeceu a todos os funcionários da instituição.
Grande impacto ao hospital
Para o diretor administrativo e financeiro da FHGV, Marco Antonio Baldo, o projeto trouxe grande impacto ao hospital. “O conhecimento das melhores práticas de gestão nas emergências, englobando todas as áreas assistenciais, otimizou recursos e reduziu desperdício de tempo, bem como de processos ineficientes”, diz. “Aprimoramos os fluxos e alcançamos resultados significativos”, completa o chefe da Emergência, Ângelo Viezzer.
Profissionais do HMGV passaram por capacitação
Após a escolha do hospital como beneficiário do Lean, houve um primeiro encontro, em São Paulo, no mês de junho, para a capacitação do Grupo de Alta Performance (Gape) – profissionais designados como líderes do projeto dentro do HMGV. No mês seguinte, no dia 24 de julho, ocorreu a primeira visita de trabalho por parte dos consultores do projeto, profissionais ligados ao Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre.
Quinzenalmente dois especialistas mantiveram incursões rotineiras no Getúlio Vargas, repassando ensinamentos, cobrando mudanças e exigindo aprimoramento de sistemas, fluxos e gestão. O Lean nas Emergências é patrocinado pelo Ministério da Saúde, por meio do Programa de Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi), e executado pelos hospitais Beneficência Portuguesa e Sírio-Libanês, de São Paulo, e Moinhos de Vento, de Porto Alegre.
O objetivo é diminuir a superlotação e os custos nas urgências e emergências dos hospitais públicos e filantrópicos do Brasil, reduzindo o tempo de espera e qualificando o atendimento emergencial ao paciente. Traduzido do inglês, a palavra Lean significa “enxuto”.
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