Há 149 anos o Rio Grande do Sul inaugurou sua primeira linha férrea. O objetivo era uma ligação entre os municípios de São Leopoldo e Porto Alegre. Com 33,75 quilômetros de extensão, o caminho de ferro foi uma importante ferramenta comercial. “Além de cargas, também havia o transporte de passageiros”, explica o chefe da unidade de Museu e Arquivo de Canoas, Airan Aguiar.
Em 1874 as terras pertenciam a Gravataí, sendo conhecidas como Capão das Canoas. “A emancipação de Canoas só ocorreu em 1939.” Segundo Airan, o então distrito gravataiense passou a ser essencial para o Estado. “Até então o transporte era feito pelo Rio dos Sinos. O que levava muito mais tempo.”
Além do tempo perdido, o custo para fazer o transporte via Rio dos Sinos era considerado mais alto. “A tecnologia a vapor foi fundamental para o processo de urbanização do antigo Capão das Canoas. Se por um lado a Maria Fumaça dinamizou o transporte de bens e passageiros, cortando a região e facilitando o acesso, por outro, a indústria local se constituiu às margens da ferrovia empregando a mesma tecnologia. Pode-se dizer que a urbanização de Canoas é consequência da Revolução Industrial”.
Dependência
A nova tecnologia também causou dependência. A partir do momento em que o trem passava pela região de Gravataí/Canoas, tudo passou a ter uma ligação ao veículo ferroviário. “Isso aconteceu também em outras cidades, como Alegrete e Jaguari, por exemplo.”
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Estação 100 anos depois
Inicialmente o caminho entre São Leopoldo contava apenas com a linha férrea, sem estações propriamente ditas. “O local que depois ficou conhecido como Estação Canoas só foi construído cerca de 100 anos após a via férrea”, explica Airan Aguiar. De acordo com o historiador não é possível precisar a data da construção.
Em 1907, o prédio da estação foi descrito em um livro daquele ano como sendo “uma casinha de alvenaria de tijolos, coberta de telhas de barro destinadas à bilheteria e à estação, com área de 5,50 metros x 3,40 metros quadrados”.
A partir de 1909, a estação serviria às linhas de Caxias do Sul e de Porto Alegre-Uruguaiana. Trens circularam no local até 1982, porém foi desativada parcialmente já nos anos 1970.
Em 2010 o prédio foi tombado por decreto municipal, devido ao seu valor histórico, arquitetônico e cultural para o município.
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