FATO HISTÓRICO

Primeira estrada pavimentada do RS fica na região e completa 90 anos hoje

Conhecida como Estrada do Horto, "Faixinha Velha", "Estrada Velha" ou "Matão de Sapucaia", a via foi inaugurada no dia 1º de maio de 1934

Publicado em: 01/05/2024 07:43
Última atualização: 01/05/2024 07:46

A primeira estrada pavimentada do Rio Grande do Sul fica na região e completa 90 anos nesta quarta-feira (1º). Conhecida como Estrada do Horto, "Faixinha Velha", "Estrada Velha" ou "Matão de Sapucaia", a via foi inaugurada no dia 1º de maio de 1934.

Estrada do Horto com a pavimentação em uma faixa Foto: Acervo Pessoal

Hoje ela é uma sequência de vias urbanas que corta São Leopoldo, Sapucaia do Sul e até Esteio, mas que, quando inaugurada na década de 1930, era uma importante ligação intermunicipal do Vale do Sinos com a capital Porto Alegre, quando ainda não existia a BR.

Segundo informações do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, por ser uma inovação cara para a época, a rodovia só possuía pavimentação em uma faixa bem estreita de três metros de largura e 1,2 metro de cada lado de pedra irregular. O suficiente para passagem de um único veículo sobre a parte concretada. A estrada começava junto à Ponte 25 de Julho e seguia pela atual Rua Saldanha da Gama.

Vários nomes

Em seu livro Histórias de Sapucaia do Sul, a historiadora Eni Allgayer, recorda que, em 1947, a estrada recebeu o nome de Avenida Coronel Theodomiro Porto da Fonseca. Este nome permanece até hoje em parte do trecho leopoldense, que também incluía a atual Rua Saldanha da Gama (que vai da Avenida D. João Becker até o Triângulo, onde começa a Theodomiro).

Dois anos depois, em 1949, o trecho que ficava entre Esteio e São Leopoldo passou a chamar-se Avenida São Leopoldo. Com a emancipação de Sapucaia, a denominação foi alterada para Avenida Sapucaia no trecho que ficava restrito ao seu território.

Avenida Theodomiro Porto da Fonseca, no trecho do Horto Foto: Priscila Carvalho/GES-Especial

Em 1966, através da Lei Municipal 216A de 30 de dezembro, sancionada pelo então prefeito Arno Juliano, o trecho compreendido entre a passagem de nível da linha férrea junto à Rua Nossa Senhora da Conceição até o limite com São Leopoldo passou a denominar-se Avenida Rubem Berta.

Oficialmente, segundo a publicação, esta última denominação permaneceu, embora seja comum a via ser chamada de Estrada do Horto.

Quem vinha de Novo Hamburgo e cidades da Serra utilizava a Ponte 25 de Julho para acessar a hoje chamada "Estrada Velha". A trajetória dela era paralela ao que hoje é a BR-116 e passava, por exemplo, junto ao Aeroclube de São Leopoldo, na área da Scharlau (hoje chamado de bairro Santos Dumont).

O motorista por aplicativo Jorge Ricardo, 42 anos, disse que lembra do avô falar da agora chamada "Estrada Velha" para ir de Novo Hamburgo à capital, antes de construírem a rodovia federal BR-2, que mudou o tráfego na região. "Ele lembra que era muito mais demorado ir à capital, mas que não tinha tanto tráfego, e, por isso, era tranquilo e uma novidade para época."

Grande marco

O fato de ter a pavimentação e ligar o Vale à capital era por si só algo grandioso para a época. “A importância da estrada para São Leopoldo acabou sendo logo ultrapassada pela construção da BR-2 (que depois se passaria se chamar pelo nome atual, a BR-116), em 1942. Mas ela representou, sim, um grande marco de desenvolvimento e de engenharia, permitindo um acesso rápido, e em concreto, até a capital, atravessando os distritos de Sapucaia e Esteio, além de ter contribuído, em muito, com o desenvolvimento desses dois distritos que, em menos de 30 anos depois, se tornariam cidades independentes”, destaca o presidente do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, Cássio Tagliari.

Nos anos 2000, a estrada passou por melhorias, tanto no trecho sapucaiense, quanto leopoldense, com a duplicação e iluminação da faixa. “Nunca houve duplicação da estrada em si. Nos anos 2000 ela foi asfaltada. A estrada era larga, com a faixa de cimento. Era só uma pista, mas tinha faixas laterais sem pavimentação. O que ocorreu foi o gradual asfaltamento do trecho todo. Em São Leopoldo, em função da melhoria nos acessos à Unisinos e, depois, ao Parque Tecnológico”, explica Tagliari.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Matérias Relacionadas