A primeira estrada pavimentada do Rio Grande do Sul fica na região e completa 90 anos nesta quarta-feira (1º). Conhecida como Estrada do Horto, “Faixinha Velha”, “Estrada Velha” ou “Matão de Sapucaia”, a via foi inaugurada no dia 1º de maio de 1934.
Hoje ela é uma sequência de vias urbanas que corta São Leopoldo, Sapucaia do Sul e até Esteio, mas que, quando inaugurada na década de 1930, era uma importante ligação intermunicipal do Vale do Sinos com a capital Porto Alegre, quando ainda não existia a BR.
Segundo informações do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, por ser uma inovação cara para a época, a rodovia só possuía pavimentação em uma faixa bem estreita de três metros de largura e 1,2 metro de cada lado de pedra irregular. O suficiente para passagem de um único veículo sobre a parte concretada. A estrada começava junto à Ponte 25 de Julho e seguia pela atual Rua Saldanha da Gama.
Vários nomes
Em seu livro Histórias de Sapucaia do Sul, a historiadora Eni Allgayer, recorda que, em 1947, a estrada recebeu o nome de Avenida Coronel Theodomiro Porto da Fonseca. Este nome permanece até hoje em parte do trecho leopoldense, que também incluía a atual Rua Saldanha da Gama (que vai da Avenida D. João Becker até o Triângulo, onde começa a Theodomiro).
Dois anos depois, em 1949, o trecho que ficava entre Esteio e São Leopoldo passou a chamar-se Avenida São Leopoldo. Com a emancipação de Sapucaia, a denominação foi alterada para Avenida Sapucaia no trecho que ficava restrito ao seu território.
Em 1966, através da Lei Municipal 216A de 30 de dezembro, sancionada pelo então prefeito Arno Juliano, o trecho compreendido entre a passagem de nível da linha férrea junto à Rua Nossa Senhora da Conceição até o limite com São Leopoldo passou a denominar-se Avenida Rubem Berta.
Oficialmente, segundo a publicação, esta última denominação permaneceu, embora seja comum a via ser chamada de Estrada do Horto.
Quem vinha de Novo Hamburgo e cidades da Serra utilizava a Ponte 25 de Julho para acessar a hoje chamada “Estrada Velha”. A trajetória dela era paralela ao que hoje é a BR-116 e passava, por exemplo, junto ao Aeroclube de São Leopoldo, na área da Scharlau (hoje chamado de bairro Santos Dumont).
O motorista por aplicativo Jorge Ricardo, 42 anos, disse que lembra do avô falar da agora chamada “Estrada Velha” para ir de Novo Hamburgo à capital, antes de construírem a rodovia federal BR-2, que mudou o tráfego na região. “Ele lembra que era muito mais demorado ir à capital, mas que não tinha tanto tráfego, e, por isso, era tranquilo e uma novidade para época.”
Grande marco
O fato de ter a pavimentação e ligar o Vale à capital era por si só algo grandioso para a época. “A importância da estrada para São Leopoldo acabou sendo logo ultrapassada pela construção da BR-2 (que depois se passaria se chamar pelo nome atual, a BR-116), em 1942. Mas ela representou, sim, um grande marco de desenvolvimento e de engenharia, permitindo um acesso rápido, e em concreto, até a capital, atravessando os distritos de Sapucaia e Esteio, além de ter contribuído, em muito, com o desenvolvimento desses dois distritos que, em menos de 30 anos depois, se tornariam cidades independentes”, destaca o presidente do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, Cássio Tagliari.
Nos anos 2000, a estrada passou por melhorias, tanto no trecho sapucaiense, quanto leopoldense, com a duplicação e iluminação da faixa. “Nunca houve duplicação da estrada em si. Nos anos 2000 ela foi asfaltada. A estrada era larga, com a faixa de cimento. Era só uma pista, mas tinha faixas laterais sem pavimentação. O que ocorreu foi o gradual asfaltamento do trecho todo. Em São Leopoldo, em função da melhoria nos acessos à Unisinos e, depois, ao Parque Tecnológico”, explica Tagliari.
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