O outono começou minutos após a meia-noite desta quarta-feira (20) no Hemisfério Sul, mais precisamente às 0h06. A estação se caracteriza pela transição do calor do verão para o frio do inverno.
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Foto: Inézio Machado/GES-Arquivo
Mas na região a época ganha uma característica a mais: a paisagem muda. As folhas das árvores, mais especificamente os plátanos, que estão em abundância na região, começam a mudar de cor. Do verde vivo, passam a ganhar tons de laranja e amarelo, até completarem seu ciclo e caírem. A época vira o show à parte na região.
A presidente da Rota Romântica, entidade que tem como símbolo a folha do plátano, Terezinha Haas, disse que estamos entrando em uma das estações mais bonitas no roteiro Rota Romântica, estabelecida desde São Leopoldo até São Francisco de Paula. “Sem dúvida, quem sobe a Serra gaúcha conhece as belezas naturais desta estação em nossas estradas. O outono tem esse significado especial devido aos nossos plátanos, porque o nosso roteiro tem como objetivo ser de passeio”, afirma.
Como será a estação
Se da natureza já sabemos o que esperar nestes meses que antecedem o frio, o que podemos esperar sobre o tempo?
A MetSul Meteorologia resumiu o que os gaúchos podem esperar da nova estação. Segundo a meteorologista Estael Sias, o outono começa com o Oceano Pacífico ainda sob El Niño depois de vários anos em que o outono teve início ou sob a influência da La Niña ou em fase de neutralidade.
A tendência para o período até 21 de junho, quando tem início o inverno às 17h51, é que o fenômeno El Niño declarado em junho do ano passado chegue ao seu final nas próximas semanas. “O Pacífico deve deixar de apresentar condições oceânicas de El Niño em meados de abril ou no mais tardar no começo de maio”, pontua.
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No final da estação ou no começo do inverno se espera que condições de La Niña já estejam presentes ou muito próximas de serem declaradas oficialmente com um evento em curso.
O comportamento da temperatura no Oceano Pacífico será determinante para o clima neste outono. “Neutralidade é frequentemente confundida com normalidade, mas pode trazer tanto extremos de El Niño como de La Niña. Assim, tanto na precipitação como na temperatura os sinais podem ser mistos no decorrer da estação”, diz.
Meses de calor e frio
O clima no começo do outono tem condições ainda típicas de verão enquanto o final da estação já está compreendido no período mais frio do ano. “A chegada do outono não significa, contudo, que o calor fica para trás. Dias quentes são normais ainda em abril e maio. Mesmo em junho podem ocorrer alguns dias quentes. Quando há período quente mais prolongado em maio após dias frios há a ocorrência do chamado veranico de maio, mas ele não ocorre todos os anos”, pontua Estael.
Um outono todo frio é improvável. Isso, contudo, não significa que vai deixar de fazer frio. Muito pelo contrário. “A primeira metade da estação, como é comum no final de um El Niño, terá maior propensão para temperaturas acima da média. Já na segunda metade do outono espera-se uma frequência maior de massas de ar frio”, avalia a meteorologista.
Estes eventos de frio serão eventualmente fortes a muito fortes, especialmente em junho – que pode ser um mês frio, à medida que o Pacífico Leste esfria muito. Por isso, junho pode ser um mês com maior número de dias com temperatura negativa e formação de geada, não se descartando neve, embora seja um fenômeno previsível somente em curtíssimo prazo.
Chuvas
Em 2024, a tendência é de um outono com chuva perto e acima da média. Somente nesta quinta (21), segundo dia do outono, por efeito de uma intensa frente fria que chegará com temporais, muitas cidades gaúchas poderão ter entre 15% e 30% da precipitação média histórica da estação inteira. No decorrer da estação, a tendência é de chuva acima da média no Estado. Há risco de episódios pontuais de precipitação muito intensa, com elevados volumes, capazes de gerar cheias de rios, deslizamentos, alagamentos e inundações.
Estação de três fases
O outono, em regra, possui três períodos bem marcantes em suas características térmicas, pontua a MetSul. No primeiro, até o fim da primeira quinzena de abril, costumam prevalecer as marcas mais elevadas nos termômetros com períodos esporádicos de calor mais forte. Na segunda metade de abril se dá o segundo, quando a frequência de dias amenos ou frios aumenta e já podem ocorrer, dependendo do ano, até algumas noites com geada. Este período perdura até a metade de maio, quando tem início o terceiro com características climáticas já próximas daquelas observadas no inverno.
Época com condições para ciclones e nevoeiro
As bruscas mudanças do tempo e da temperatura no outono não raramente são acompanhadas de vento forte do quadrante Oeste, do tipo Minuano, quando da presença de um ciclone mais intenso no Atlântico. O vento forte costuma vir com ciclones extratropicais (sistemas de baixa pressão), fenômeno que se torna mais frequente justamente a partir do outono e que impulsiona o ar polar para o Sul do Brasil.
Outra marca do outono, como estação de transição climática, é a grande diferença de temperatura da noite para o dia. Trata-se de um dos períodos do ano com maior amplitude térmica e que também proporciona um aumento nos dias de nevoeiro. Em Porto Alegre, de acordo com estudo das condições observadas no Aeroporto Salgado Filho, os três meses com maior número de dias de nevoeiro são maio, junho e julho.
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