INVESTIMENTO DE R$ 700 MIL

Presídio de Canela deve se tornar o maior produtor de peixes da Serra gaúcha

Com projeto inovador, serão 1,4 mil quilos de tilápia produzidos anualmente

Publicado em: 24/02/2023 03:00
Última atualização: 25/01/2024 10:02

O presídio de Canela deve se tornar uma referência regional e até mesmo nacional nos próximos meses. O motivo é a implantação de um projeto diferenciado: aquaponia. O intuito é que o estabelecimento prisional seja o maior produtor de peixes da Serra gaúcha. "Será revolucionária a nível nacional, pois será a primeira região a desenvolver esse tipo de projeto no sistema prisional. Queremos tornar a Serra o maior produtor de peixes", reitera o delegado penitenciário da 7ª região, Fernando Demutti.

Modelo de sistema com tanques para aquaponia Foto: Divulgação
Serão 1,4 mil quilos de tilápia produzidos anualmente, sem contar com a produção de hidropônicos que ocorre de forma consorciada. Ao todo, sete casas prisionais receberão o sistema e a pioneira será no município canelense.

O investimento inicial para a construção será de R$ 700 mil. Contudo, o valor deve ser rapidamente recuperado, pela economia que irá gerar com a compra de peixes. "A redução de despesa anual será de pelo menos R$ 360 mil apenas em peixe. Hoje o Estado compra carne de segunda a R$ 27 o quilo. Vamos conseguir produzir o quilo do peixe a menos de R$ 5", explica o delegado.

Aquaponia é a junção da psicultura (produção de tilápias) com a hidroponia (produção de vegetais na água), através de um sistema de recirculação de água e nutrientes. Os peixes produzem resíduos que são bombeados para o crescimento dos vegetais.

Pilares do tratamento penal

O projeto trabalhará três pilares do tratamento penal: educação, trabalho e saúde.

No quesito educacional, cada unidade prisional que tiver esse sistema terá um curso de qualificação para 30 presos. "É um sistema que pode ser reproduzido em casa, em pequenos espaços. Então quando esse preso progredir e for para um regime semiaberto ou domiciliar, em casa, se ele quiser, ele vai poder ter esse projeto sendo executado com retorno financeiro e sem depender de uma carteira assinada e de uma aprovação da sociedade, vai poder criar uma oportunidade para ele mesmo", comenta o delegado.

O segundo pilar diz respeito ao trabalho. "Toda a manutenção do sistema será elaborada pelos presos. Irá oportunizar uma liga laboral que dará direito à remissão, então eles vão ter o trabalho, além de saúde e alimentação", justifica Demutti.

Por fim, a saúde será beneficiada pela hidroponia dos alimentos, tanto peixes, como hortifrutis na nova estufa, que será construída. "Sem defensivos agrícolas, sem agrotóxicos, eles vão ter um ganho pela qualidade alimentar", pontua.

Início em abril

A montagem dos seis tanques de 5 mil litros cada deve ocorrer em março. A previsão de início de funcionamento é abril, segundo relata o delegado da 7ª região. A medição do terreno e nivelamento já foram feitos. As próximas etapas consistem na colocação de fundações de concreto e montagem de nova estufa. Até o momento, cinco kits já foram adquiridos através do Rotary Gramado e do Condomínio Reserva da Serra.

Unidades não serão ligadas

Cada tanque comportará até 250 alevinos. “Serão seis unidades distintas, não serão interligadas, porque se tiver qualquer tipo de doença em um sistema, se algum peixe morrer, será exclusivo daquele. Cada tanque terá seu filtro de materiais mais densos, de materiais mais finos e seu sistema de hidroponia”, afirma Demutti.

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