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EXEMPLO

PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL: Aposentada cultiva flores e árvores de maneira voluntária em canteiros públicos

"A gente precisa cuidar das plantas, senão não vai sobrar mais nada", diz dona Romilda, que tem 78 anos e mora em Canela

Mônica Pereira
Publicado em: 03/11/2023 às 11h:47
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Energia e vitalidade existem de sobra na vida da dona Romilda Boff Nunes. Sorridente, ela é uma daquelas pessoas que não consegue ficar parada, precisa estar sempre fazendo atividades. Mesmo aos 78 anos, diz que é necessário exercitar o corpo e a mente para se manter saudável. “Ficar em casa só descansando não dá, né?”, brinca.

Tota, como também é conhecida, foi homenageada pela Câmara de Vereadores



Tota, como também é conhecida, foi homenageada pela Câmara de Vereadores

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Natural de Canela, a Tota, como também é conhecida, gosta de plantas, árvores, de ouvir o cantar dos passarinhos, do contato com a natureza. “Eu me criei na colônia, no mato. Colhia pinhão, cuidava da plantação”, conta. “Naquela época, para tomar um café não era só ir no mercado comprar, tinha de plantar, cultivar, colher, moer”, complementa.

Nascida no interior da cidade, na Linha São Paulo, relembra as dificuldades da época, mas descreve tudo o que aprendeu com os pais. “Eu não sei nem ler e nem escrever, mas muitas pessoas vêm aqui na minha casa e me perguntam qual a melhor época para plantar, como cuidar de uma planta, uma muda. Aprendi tudo isso quando era pequena”, comenta orgulhosa.

Beleza e sombra fresca

Romilda Boff Nunes



Romilda Boff Nunes

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Todo o conhecimento adquirido na infância, ela aplica pelas ruas da cidade. Cada semente é germinada no próprio quintal de casa, transforma-se em broto e depois vai para os canteiros, trazendo novas cores para as calçadas e também sombra fresca. Faz décadas que esse trabalho voluntário da dona Romilda é realizado. Ela já perdeu as contas de quanto plantou.

Costureira, ela viveu parte da vida em São Leopoldo, mas retornou a Canela ainda na juventude. Na Serra, ensinou outras mulheres o ofício da produção de luvas de couro. Mãe de quatro filhos, quando as gêmeas nasceram, precisou deixar o emprego. Foi então que começou a cuidar do próprio jardim e também do entorno de onde mora.

E toda essa dedicação até rendeu uma Moção de Aplausos, da Câmara de Vereadores, proposta pela parlamentar Emilia Fulcher, do Republicanos. Aprovada por unanimidade, dona Romilda recebeu a honraria na sessão desta semana.

“É uma felicidade enorme. Fico tão ‘faceira’ quando eu vejo que uma mudinha que eu plantei se transformar em flor, em árvore. Cuidar das plantas é um remédio para mim”, ressalta a aposentada, que afirma não ter nenhuma doença e nem tomar medicamentos.

Horta nos fundos da casa para comer saudável



Cultivado com muito carinho há mais de 5 anos, dona Romilda plantou um pé de ingá, que fica na frente da casa dela. Hoje, está grande e prestes a florescer novamente. “Era uma estaca pequena quando eu plantei. Agora está tão bonito, olha só”, aponta sorrindo.

Dona Romilda mora sozinha. Ela é casada com João Francisco Nunes, o Zé Véio, de 74 anos. Acamado há quase dois anos, desde que sofreu um atropelamento, vive em clínica de repouso.

“Então, eu acordo de manhã e saio para plantar, trabalhar. Quando eu me dou conta já é de tarde e eu nem almocei ainda”, frisa, ao falar da atual rotina. Além de cuidar do próprio quintal, é dela a missão de preservar o jardim da vizinha. “Eu que corto a grama. Tenho a máquina e faço bem rapidinho. Construí uma parreira para ela, plantei umas árvores frutíferas. Daqui uns anos vai ter um pomar ali”, atesta.

Ela também tem uma horta nos fundos de casa. Alface, couve, repolho, ervilha e fava são alguns dos legumes encontrados por lá. “E eu como saudável, sem veneno nenhum, sem conservante. Acho que é por isso que tenho saúde”, pondera.

Preservação do meio ambiente

Romilda Boff Nunes



Romilda Boff Nunes

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

A preservação do meio ambiente é um ponto importante que a aposentada cita sobre o trabalho que desenvolve. “A gente precisa cuidar das plantas, senão não vai sobrar mais nada. Se ninguém fizer isso, vamos parar aonde? As árvores estão se acabando, os bichos morrendo, daqui a pouco não vamos ter mais água”, reforça.

Para evitar que as árvores tenham parte do caule atingido pelos cortadores de grama e enfraqueça a raiz, dona Romilda sempre coloca uma proteção, que é feita com sobras de potes de plástico. “E eu deixo umas grimpas perto também, porque tem gente que vem e arranca na maldade. Fico tão triste quando isso acontece”, salienta.

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