PODERIA TER SIDO EVITADO

Prefeitura de Capela de Santana notificou 8 vezes concessionárias sobre risco de desmoronamento da RS-240

Prefeito Alfredo Machado garantiu que ingressará com ação judicial contra a CSG para tentar indenização por danos causados na cidade

Publicado em: 21/05/2024 15:48
Última atualização: 21/05/2024 15:48

Se as notificações alertando sobre os riscos do represamento da água existente na altura do quilômetro 20 da RS-240, em Capela de Santana, tivessem sido considerados pelas concessionárias responsáveis pela administração da rodovia, o desastre registrado na noite da última segunda-feira (20) poderia ter sido evitado.


Movimentação de terra fez RS-240 colapsar após pressão de água represada em um dos lados da rodovia Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

Nos últimos sete anos, entre janeiro de 2017 e maio de 2024, a prefeitura de Capela de Santana notificou, pelo menos, oito vezes a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e a concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) sobre o problema. A EGR era responsável pelo trecho até janeiro de 2023. Desde então, a CSG administra a rodovia.

“A primeira vez que a gente [Prefeitura] oficiou a EGR sobre esse assunto foi em janeiro de 2017. A última notificação que fizemos foi dia 6 de maio deste ano, desta vez já para a CSG. A responsabilidade deste transtorno é exclusiva da EGR e da CSG”, dispara o prefeito Alfredo Machado.

“Vamos atrás de uma indenização pelos danos causados no município”

O prefeito avisou que ainda nesta semana, o governo deve ingressar com uma ação contra a CSG para buscar a reparação de danos ocasionados pelo deslizamento de terra, que fez uma enxurrada de lama invadir a área urbana do município. “Uma ponte e a Rua Levinius Bauermann foram destruídas pela avalanche de água. Vamos atrás de uma indenização pelos danos causados no município”, afirma.


Capela de Santana invadida pela água na noite desta segunda-feira Foto: Reprodução

Até o início da tarde desta terça-feira (21), a prefeitura ainda não havia concluído o levantamento dos danos. “O setor de engenharia, a equipe da Assistência Social e a Defesa Civil ainda estão na rua fazendo o levantamento. Não temos como estimar ainda o tamanho do prejuízo”, pontua o gestor.

Machado sugere à população que teve prejuízos com a ocorrência que também ingresse na Justiça contra a concessionária que administra a rodovia. “Estamos orientando a entrar na Justiça contra a CSG. Não é nem fazer denúncia, é acionar na Justiça mesmo”, declara.

CSG confirma ter aberto canais sobre a pista, mas alega que não foi isso que provocou desmoronamento

Moradores ouvidos pela reportagem na manhã desta terça-feira (21) afirmaram que a situação na altura do quilômetro 20 da RS-240 se agravou a partir da abertura de canaletas na pista por onde a CSG passou tubos para tentar drenar a área onde havia água represada.

“Pensa que o solo já estava encharcado e pressionado pela água represada. Depois que abriram o asfalto, a água começou a penetrar ainda mais nessa parte e a terra começou a se movimentar rapidamente”, afirma o aposentado Leonildo Maurina, 65 anos, que reside próximo do local.


Duarante a tarde desta segunda-feira (20), esta era a condição no local, que piorou no início da noite Foto: Prefeitura Municipal de Capela de Santana

Em nota, a CSG confirma a abertura de canais, através de um corte na camada superficial do pavimento, com a profundidade de 50 centímetros, para a instalação de duas linhas de tubos de 6 polegadas para tentar drenar a área. Contudo, a concessionária alega que não foi este o motivo do desmoronamento.

“O trecho onde foi realizada a intervenção é composto por um aterro com altura superior a 12 metros. Portanto, o corte superficial de 50cm para a instalação dos tubos não teve qualquer relação com a ruptura do pavimento e, consequentemente, com a passagem do volume de água.”

A CSG especula, ainda, outros problemas. “Além das fortes chuvas das últimas semanas, também há informação da ruptura de 3 açudes e uma represa de pequeno porte a montante, que podem ter desaguado no local de ruptura. Estas informações ainda estão sendo apuradas pela empresa.”

A concessionária informa que está trabalhando na limpeza do local e que fará a instalação de uma galeria de dois metros de altura por dois metros de largura (2x2). Após a conclusão deste serviço, serão realizadas obras de reconstrução da via. Ainda não há previsão quanto ao prazo de liberação para o tráfego no trecho.

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